O diretor Robert Eggers tem uma curta carreira no cinema, com apenas dois filmes em seu currículo, o polêmico A Bruxa, e o terror místico O Farol, com Robert Pattinson, mas são dois filmes que já o consagrou como um dos mais interessantes cineastas da atualidade. Ambos fugiam dos filmes de terror mais convencionais, com sustos fáceis e mais do mesmo, e faziam o espectador pensar, refletir, um suspense psicológico, além de serem produções de um estúdio independente, a A24. Agora, temos o terceiro filme de Eggers, o épico com toques de terror O Homem do Norte, produção mais “hollywoodiana” sobre vingança, baseado na lenda do Viking “Amleth”, que inspirou William Shakespeare a escrever uma de suas maiores obras, Hamlet. Inspirado em lendas nórdicas, e com muita violência, O Homem do Norte é uma das produções mais diferentes dos últimos anos, e tem no elenco Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Anya Taylor-Joy, Claes Bang, Ethan Hawke, e Willem Dafoe.
Amleth (Alexander Skarsgård) teve o seu pai, o rei Aurvandill (Ethan Hwake), morto quando era criança, e acabou fugindo de sua vila, jurando vingança contra o seu tio, Feng (Claes Bang), o responsável pelo assassinato. Já adulto, Amleth se junta com a feiticeira Olga (Anya Taylor-Joy) para vingar a morte de seu pai.
Robert Eggers nos traz uma superprodução épica, no melhor estilo da série Vikings, com lendas nórdicas, mitologias, mas sempre mantendo os elementos de terror de seus filmes. O roteiro é bem amarrado, e envolve o espectador desde o início com a extraordinária história de vingança, apesar de não ser nada de diferente do que já vimos sobre o tema, mas aqui, Eggers flerta com o horror, com uma violência gráfica extrema, pesada, e cenas que podem causar um estranhamento no espectador; não aquele que já conhece o trabalho do diretor, ou que já está acostumado com filmes nesse estilo. A jornada de vingança de Amlet é muito bem construída, com reviravoltas e uma forte carga dramática, misturando realidade e fantasia de uma forma bastante original. Entre lutas brutais, sangue, violência, rituais de vários tipos, e maldições, temos muitas referências as lendas nórdicas, e misticismo, como Odin, Valquiria, a busca por Valhalla, e o Deus católico (que obviamente faz parte da cultura cristã), com cenas fantasiosas que representam muito bem essa isso, ao mesmo tempo que mistura fatos históricos reais – o povo escandinavo sofrendo ataques, a escravidão, e a cultura local.
Com um orçamento de U$ 90 milhões, Robert Eggers pode fazer um trabalho cuidadoso com o seu “O Homem do Norte”, com ótimos efeitos em CGI, elaboradas sequências de ação, os belos cenários verdes e gélidos na Islândia, resultado de um excelente trabalho de fotografia, com tons mais frios, melancólicos, o tempo sempre nublado, que dá um toque especial ao filme, se encaixando perfeitamente bem no aspecto mais do horror. Complementando para prender a atenção espectador, tem a poderosa trilha sonora, seja nas sequencias de ação, ou nos rituais, aliados a uma ótima edição de som, que ajudam a causar um grande impacto nas cenas
Outro ponto forte de O Homem do Norte são os personagens, bem desenvolvidos na trama, convencendo o espectador do drama e a perda de cada um deles. Alexander Skarsgård, e o seu vingativo Amlet, é o grande destaque da produção, o herói clássico, em uma atuação poderosa e assustadora, cheio de ódio no coração, e sangue nos olhos, sedento pela vingança do seu pai morto. O roteiro acerta em focar na história do personagem, e sua jornada, fazendo com que o público compre a sua causa, e torça por ele. Claes Bang interpreta o antagonista Fjölnir, o assassino do pai de Amlet, também em uma ótima atuação, principalmente no ato final, e Nicole Kidman é a rainha Grudún, mãe de Amlet, que apesar de aparecer poucas vezes em cena, sempre marca presença na sua incrível interpretação de uma mulher totalmente instável, responsável por uma reviravolta. E não menos importante, Anya Taylor-Joy é a feiticeira Olga, que acaba entrando na vida de Amlet, tendo um papel fundamental para a sua formação pessoal, e na sua vingança. A atriz já trabalhou com o diretor Robert Eggers em A Bruxa. As participações especiais contam com Ethan Hawke, o rei Aurvandill, pai do protagonista, Willem Daffoe, o conselheiro, e responsável pelos rituais de iniciação, e a cantora Bjork, que interpreta uma bruxa que lê o futuro de Amlet.
O Homem do Norte é uma das grandes surpresas do ano, trazendo uma trama épica envolvente de vingança, apoiado em lendas nórdicas, os mitos, com toques de terror – rituais, demônios, bruxas, feitiçarias, tudo com muito sangue, violência, mortes gráficas, e lutas brutais, justificando a alta classificação de 18 anos nos cinemas. Robert Eggers acerta em sua primeira produção dentro dos padrões hollywoodianos, saindo um pouco do seu estilo mais indie, mas ainda mantendo todos os elementos que o tornou um renomado diretor, mesmo com apenas dois filmes em seu currículo. O Homem do Norte é uma produção marcante, brutal e violenta. Um épico de terror.
O HOMEM DO NORTE (THE NORTHMAN)
Ano: 2022
Direção: Robert Eggers
Distribuidora: Universal Pictures
Duração: 137 min
Elenco: Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Anya Taylor-Joy, Claes Bang, Ethan Hawke, e Willem Dafoe
NOTA: 9,5
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