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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | O DOM DA PREMONIÇÃO



O Dom da Premonição é uma pérola do suspense com toques dramáticos e sobrenaturais do início dos anos 2000, e foi dirigido por ninguém mais que Sam Raimi, o diretor da trilogia A Morte do Demônio (1981 – 1992), e que dois anos depois iria dirigir Homem-Aranha, com Tobey Maguire. A ideia para fazer “The Gift”, no original, surgiu por causa de Billy Bob Thorton - o ator havia trabalhado com Raimi em Um Plano Simples (1998) -, que se baseou no dom que sua mãe tinha, de vidência, ainda durante as filmagens desse filme; e agora, ao invés de estrelar o filme, Thorton acabou ficando responsável pelo roteiro, junto com Tom Epperson. Na trama, Annie (Cate Blanchet) é uma vidente que atende as pessoas de uma cidadezinha no interior dos EUA, e acaba se envolvendo em um crime, o desaparecimento de Jessica King (Katie Holmes). Durante as investigações, as visões de Annie começam a ficar mais fortes, e isso acaba colocando a sua vida, e a de seus três filhos, em risco. Keanu Reeves, Hilary Swank, Govani Ribisi, Greg Kinnear e J. K. Simons completam o elenco.


O Dom da Premonição é um suspense sobrenatural muito bem construído, por isso ele tem um ritmo mais lento, vai desenvolvendo o mistério, os momentos de tensão, e o drama dos personagens de uma forma eficiente para prender a atenção do espectador. O roteiro de Billy Bob Thorton e Tom Epperson vai apresentando o drama e os temperamentos de cada personagem até chegar ao mistério da trama, o desaparecimento de Jessica king. É interessante a representação que Sam Raimi faz de uma cidade pequena nos anos 2000, sem celulares e internet, além de todo mundo saber da vida de cada um, típico de uma cidade no interior. A produção não consegue fugir dos clichês básicos do gênero, principalmente os sustos fáceis, mas isso é o que menos importa, já que toda a história é muito bem desenvolvida. Não sabemos quem é o responsável pelo desaparecimento de Jessica até o terceiro ato, mas a partir daí tudo fica previsível, perdendo um pouco o ritmo que havia sendo construído, apesar de o roteiro ainda manter o mistério até os dez minutos finais.



Os personagens, e o drama de cada um, é a base para que O Dom da Premonição funcione, e Sam Raimi e Billy Bob Thorton fazem isso com maestria. Cate Blanchet, antes de ganhar o Oscar e ser a vilã de Thor Ragnarok, é Annie, uma cartomante viúva que precisa sustentar os seus três filhos. É incrível como a atriz se sai bem em praticamente todos os filmes que atua, e aqui não poderia ser diferente: ela cria uma empatia com o público logo de início com o seu drama familiar, as ameaças de Donnie Barksdale (Keanu Reeves), e o seu amigo problemático Buddy (Giovani Ribisi). Reeves, que talvez tenha sido o ator mais famoso do elenco na época, consegue transmitir com eficiência o tom agressivo do seu personagem, e está presente em alguns dos momentos mais tensos do filme, incluindo a sua esposa, Valerie (Hilary Swank), que apanha dele.


Giovani Ribisi também está excelente no papel de Buddy, melhor amigo de Annie, e faz parte do momento mais tenso e pesado da trama, que não tem nada relacionado com o mistério do filme, mas é importante para o desfecho. Ainda tem no elenco Katie Holmes, que na época estava estrelando a série juvenil Dawson’s Creek, interpretando Jessica King, uma moça de família que trai o marido loucamente, interpretado por Greg Kinnear, extremamente apático e sem carisma. Todos os personagens são bem construídos na trama, e tem sua importância para o mistério do desaparecimento da personagem. Será que as visões de Annie serão suficientes para resolver esse mistério?



Provavelmente inspirado em dois filmes sobrenaturais que foram lançados na mesma época, O Sexto Sentido (1999) e Revelação (2000), o desfecho de O Dom da Premonição tem duas reviravoltas, um pouco previsíveis, mas ainda surpreendem de certa forma. The Gift é um dos filmes mais interessantes do gênero, que conta com um ótimo desenvolvimento de todos os personagens, com situações pesadas capazes de mexer com os sentimentos do espectador, tem momentos de tensão, os sustos fáceis, e uma trama envolvente, apesar do ritmo mais lento que muita gente pode não gostar. Sam Raimi consegue fazer um filme em que praticamente tudo funciona, é redondinho, não deixa pontas soltas, é bem explicado, e acerta na combinação do suspense e do drama. Com certeza um filme que merecia mais destaque, uma pérola do suspense sobrenatural.




O DOM DA PREMONIÇÃO (THE GIFT)


Ano: 2000

Direção: Sam Raimi

Duração: 112 min

Elenco: Cate Blanchett, Keanu Reeves, Katie Holmes, Hilary Swank, Govani Ribisi, Greg Kinnear e J. K. Simons



NOTA: 9,5


















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