CRÍTICA | O DIÁRIO DE BRIDGET JONES
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 3 de fev.
- 4 min de leitura

Houve um tempo em que as comédias românticas eram muito inspiradas, com boas histórias e personagens marcantes que são lembrados até hoje, e O Diário de Bridget Jones, lançado em 2001, é uma dessas “joias preciosas”. Para se destacar em um gênero que estava se esgotando, uma comédia romântica precisa trazer algo novo para o seu texto, algo/alguém que consiga cativar o público, e “Bridget Jone’s Diary” tinha todos os elementos para o sucesso: uma história bem desenvolvida, uma personagem extremamente carismática, além de ser bem real, com situações do dia a dia que poderiam acontecer com qualquer um de nós; é um filme real e com situações reais. Bridget Jones poderia ser qualquer um.
Baseado na obra homônima de Hellen Fielding, conhecemos Bridget Jones (Renée Zellweger), uma mulher de trinta anos, solteira, atrapalhada, não sabe falar em público, e que nunca se acerta nos relacionamentos. Em uma festa de final de ano da sua família, sua mãe Pamela (Gemma Jones), a apresenta para o advogado Mark Darcy (Colin Firth), mas os dois acabam se desentendendo. Decidida a mudar de vida, Bridget Jones começa o ano novo escrevendo um diário relatando as suas mudanças e a sua nova rotina, mas ela acaba se envolvendo com o seu chefe, o editor Daniel Cleaver (Hugh Grant). E entre muita confusão e gafes memoráveis, Jones precisa escolher qual entre Mark e Daniel gosta mais. Jim Broadbent, Shirley Henderson, James Callis, e Sally Phillips também estão no elenco.

Diferente das comédias românticas mais famosas dos anos 90, que tinham um tom mais “fantasioso” em seu texto, O Diário de Bridget Jones vai na contramão ao ter uma abordagem mais real, nos dilemas da mulher contemporânea sobre o seu peso, relações amorosas, e os altos e baixos na carreira profissional. O roteiro é muito bem escrito e com diálogos ácidos e inteligentes, equilibra bem a comédia e o romance nos momentos certos, é bobo, divertido, a gente consegue sentir a vergonha que Bridget passa com as suas gafes memoráveis que tiram gargalhadas genuínas do público. E como a maioria dos filmes do gênero, acaba caindo em clichês típicos, mas o charme da produção é tanto que passam despercebidos, todos querem ver as peripécias da protagonista em encontrar o grande amor, e tentar manter as resoluções de ano novo. Outro fator que torna o filme ainda mais divertido, são as referências a cultura pop, desde filmes como Atração Fatal, até canções como Without You e It’s Raining Man, e a clara referência a obra literária – e minissérie – Orgulho e Preconceito, que só enriquecem ainda mais o texto.
Bridget Jones é uma das personagens mais carismáticas do cinema, mérito todo de Renée Zellweger, que foi a escolha ideal para interpretar a personagem. Jones é desajeitada, atrapalhada, insegura, não sabe falar em público, comete gafes vergonhosas, mas está sempre de bom humor e com muito autoconfiança, e a atriz consegue passar toda a espontaneidade da personagem; é como se ela fosse realmente a Bridget Jones. O público se identifica tanto que praticamente sentimos toda a vergonha que ela passa. Renée Zellweger foi muito criticada, principalmente pelos fãs da obra literária, quando foi anunciado que ela interpretar Jones, e o motivo? A personagem é britânica, e a atriz é americana. No fim das contas, todos aprovaram após a estreia do filme, e Zellweger foi indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar de melhor Atriz pelo papel. Ela se dedicou tanto a personagem, que teve que engordar cerca de 12 quilos, e inclusive chegou a trabalhar em uma agência de publicidade para se preparar.

Como na maioria das comédias românticas, a protagonista fica dividida entre dois homens, e em O Diário de Bridget Jones ela precisa decidir se prefere Daniel Cleaver (Hugh Grant) ou Mark Darcy (Colin Firth). Cleaver é o mulherengo e desprezível chefe de Bridget, personagem que caiu super bem para Hugh Grant – não que ele seja assim, mas ele está ótimo e convence muito -, enquanto Darcy é mais doce e tímido, e Colin Firth está cativante no personagem, que inicialmente parecia ser antipático, mas que depois demonstrou ser digno e sincero. E outra curiosidade: Colin Firth estrelou a minissérie Orgulho e Preconceito, interpretando o senhor Darcy, e seis anos depois, interpretaria Mark Darcy em “Bridget Jone’s Dary, que aliás, traz várias semelhanças ao sr. Darcy de Orgulho e Preconceito, inclusive na personalidade, nos trejeitos, e claro, no nome. Gemma Jones e Jim Broadbent os fofíssimos pais de Bridget, e Shirley Henderson, James Callis, e Sally Phillips completam o elenco como os melhores amigos de Bridget.
Apesar de seguir uma fórmula batida no gênero, O Diário de Bridget Jones ainda consegue surpreender, é um filme simples e honesto na sua proposta, uma comédia romântica inspirada com uma personagem carismática e muito fácil de o público se identificar e torcer por ela. E acima de tudo, é uma história real, com personagens reais e uma protagonista real, e que poderia ser qualquer um de nós. É divertido, tem situações absurdas e hilárias, tem uns clichêzinhos básicos, mas nada que estrague o filme, muito romance, trilha sonora maravilhosa, personagens adoráveis – outros nem tanto -, e até algumas reviravoltas na trama. É impossível não se render aso charme e carisma da lenda chamada Bridget Jones. O filme ganhou duas continuações, Bridget Jones: No Limite da Razão, em 2005, e O Bebê de Bridget Jones, em 2017.

O DIÁRIO DE BRIDGET JONES
Ano: 2001
Direção: Sharon Maguire
Distribuidora: Universal Pictures/Miramax
Duração: 97 min
Elenco: Renée Zellweger, Hugh Grant, Colin Firth, Gemma Jones, Jim Broadbent,
NOTA: 10
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