Lançado em 1999, Matrix revolucionou o cinema da ficção e nos apresentou uma das tramas mais interessantes já criadas. O filme resultou em uma trilogia que fez um enorme sucesso de público e crítica, além de ser considerada uma obra de arte cinematográfica. Com todo esse sucesso, os irmãos Wachowski (Andy e Lana) se tornaram astros do cinema e todos estavam atentos aos seus novos filmes. Em 2008, lançaram Speed Racer, adaptação de um famoso anime e mangá japonês, que recebeu críticas negativas sobre o excesso de efeitos visuais e foi um fracasso de bilheteria.
Em 2012, os irmãos adaptaram um livro chamado "Cloud Atlas", chamado de A Viagem, um filme de quase três horas de duração com histórias paralelas em tempos diferentes, ficando um pouco confuso. Agora, a dupla de diretores lança O Destino de Júpiter, ficção com toques de Final Fantasy e Star Wars, que deveria ter sido lançado na primeira metade de 2014, e acabou se tornando um fracasso de bilheteria. No elenco estão Mila Kunis, Channing Tatum, Eddie Redmayne, Sean Bean e Douglas Booth.
O filme conta a história de Júpiter Jones (Mila Kunis), uma terráquea que trabalha limpando casas com sua família em Chicago e acaba descobrindo que é a reencarnação de uma rainha de um poderoso povo. Ela é perseguida por estranhas criaturas mandadas por Balem (Eddie Redmayne), herdeiro de um planeta e um dos filhos dessa rainha que, junto com seus outros irmãos, quer matá-la após se oficializar com o título se sua mãe. Caine (Channing Tatum), um soldado fabricado geneticamente (metade lobo e metade humano), é enviado para salvar Júpiter e ajudá-la a se tornar a rainha com segurança.
O Destino de Júpiter tem uma história muito boa que poderia ser mais explorada, mas se limita nos efeitos especiais e nas cenas de ação. O enredo é interessante, mas seu desenvolvimento é mal executado, mesmo mostrando pontos de vistas interessantes e reflexivos, além de ser lento e sem muito nexo, não definindo se é mais sério ou mais despretensioso. Os personagens também são um problema, já que são muito poucos explorados nas suas histórias. Mila Kunis tem carisma, e tenta ser cômica e dramática, mas não consegue e nem convence, talvez se ficasse mais preocupada ao descobrir que era rainha do universo, o que seria algo normal de acontecer, além de tentar algo com o personagem de Channing Tatum, mas não tem sorte também. Sua história é bem explicada e é bem interessante, mas a atriz e o roteiro não ajudam.
O drama de Caine, metade humano e metade lobo, interpretado por Channing Tatum, é mal explorado e não conseguimos entender suas motivações, além de não ser nem um pouco carismático, graças a sua cara de sério, servindo mais como colírio para os nossos olhos. O vencedor do Oscar por A Teoria de Tudo, Eddie Redmayne interpreta um vilão estiloso e bipolar, mas que não assusta e nem convence com um.
Mas o que não se pode colocar defeito é o visual estético do filme. Todos os filmes dos irmãos Wachowski contam com belos cenários e efeitos especiais incríveis, que no caso de O Destino de Júpiter, tem um monte. E isso vale também para a concepção dos personagens, totalmente estilosos, e os variados seres alienígenas, um mais interessante do que outro. Os cenários são belos e bem fantasiosos, lembrando um pouco Final Fantasy, de 2001, assim como a concepção das armas e os uniformes dos soldados; destaque para o planeta Júpiter, no final; um belo trabalho de direção de arte. O filme conta com muitas cenas de ação, muito bem dirigidas e repletas de lutas, mas o problema é que algumas dessas cenas são bem tediosas e não tem nada de empolgante; experimenta contar quantas vezes vemos Júpiter caindo e Caine "surfando" no ar para salvá-la. As cenas de ação, principalmente nas cenas no espaço lembram bastante os filmes do Star Wars.
Outros pontos interessantes da produção, são os temas abordados, e detalhes sobre o universo do filme. A história toca em assuntos como imortalidade, rejuvenescimento, reencarnação, questões morais, corrupção, burocracia e até suborno, totalmente inspirados na nossa realidade, mas não foram muito bem explorados. Na realidade do filme, os humanos da Terra não sabem da existência dos seres alienígenas e o mundo dos três irmãos, achando que são os únicos seres do universo, e nos chamam de egocêntricos por isso. Ainda, essa população alienígena vive em estações espaciais, e não nos planetas do sistema solar, sendo a Terra a única com seres vivos, além de que, os humanos são a fonte da juventude para os seres, onde alguns tem mais de 10 mil anos de idade. E por fim, ainda falam sobre os signos, fato importante para a reencarnação da rainha em Júpiter.
O Destino de Júpiter é interessante esteticamente, nas cenas de ação e nos efeitos especiais, e mesmo tendo uma história boa em mãos, falha ao apresentar um roteiro sem muita inspiração. Não é totalmente ruim, mas em comparação aos seus outros trabalhos, é bem fraquinho. Inicialmente, O Destino de Júpiter seria uma trilogia, mas após o fracasso de público e crítica, ainda é incerto o destino que terá.
O DESTINO DE JUPITER (JUPITER ASCENDING)
Ano: 2015
Direção: Lana Wachowski, Lilly Wachowski
Elenco: Mila Kunis, Channing Tatum, Eddie Redmayne, Sean Bean e Douglas Booth
NOTA: 7,5
Disponível na HBO MAX.
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