CRÍTICA | NÃO OLHE PARA CIMA

Atualizado: 18 de fev. de 2022

04 Indicações ao Oscar: MELHOR FILME, ROTEIRO ORIGINAL, TRILHA SONORA E MONTAGEM.

Não Olhe Para Cima, filme que estreou na Netflix nesse natal, é um filme que aborda o fim do mundo, mas de uma forma diferente. Filmes como Impacto Profundo, 2012, O Dia Depois de Amanhã, e o mais recente Destruição Final - O Último Refúgio, tem uma abordagem mais séria e dramática, bem diferente da nova produção da plataforma de streaming. Utilizando humor, ironias e sarcasmos, Não Olhe Para Cima é uma analogia aos tempos atuais, repleto de críticas sociais em relação ao aquecimento global, e ao ex-governo de Donald Trump, mas que acaba acertando com o atual governo brasileiro, em relação a Covod-19. O elenco astronômico conta com Jennifer Lawrence, Leonardo DiCaprio, Meryl Streep, Cate Blanchet, Jonah Hill, Timothee Chalamet, Tyler Perry e Ariana Grande.

Randal (DiCaprio) e Kate (Lawrence) descobrem um cometa com quase 10km de diâmetro, e que está em rota de colisão com a Terra. Eles decidem contar as autoridades, para a presidenta Orlean (Meryl Streep), e a imprensa, para a jornalista Brie (Cate Blanchet), mas ninguém acredita neles.

Dirigido por Adam McKay, que já fez outras produções do gênero, Não Olhe Para Cima é uma sátira que fala sobre o negacionismo, político e social, já que, praticamente, ninguém acredita que um cometa está para atingir a Terra, mesmo com provas científicas. Faz também uma analogia a pandemia da Covid-19, e a negação por grande parte da população, e do governo (americano principalmente), mas que podemos associar com o atual cenário brasileiro, juntamente com a vacina. Mas verdade, a sátira se refere ao aquecimento global, onde grande parte do governo, e da população americana, ignoram esse fato, e o resultado dessa negação, pode ser visto no filme.

A trama segue a linha de filmes catástrofes, como Impacto Profundo e Armageddon: astrônomos descobrem a ameaça, contam para o governo, que logo tentam encontrar uma forma de salvar a Terra. Mas em Não Olhe Para Cima, é diferente: o governo ignora, a população não acredita, a mídia faz piada, tudo com humor sarcástico, irônico, e várias alfinetadas. A produção ainda da ênfase nas redes sociais, curtidas e disseminação de fake news na internet, além dos famosos “memes” que alguns personagens acabam virando.

O elenco é um destaque do filme, contando com grandes nomes do cinema, e todos entregam ótimas atuações, onde cada um deles representa uma característica social. Os maiores destaques são Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence e Meryl Streep, que talvez não sejam atuações dignas de Oscar, mas representam muito bem seus personagens. DiCaprio e Lawrence são os cientistas que alertam para todos a ameaça, e fazem de tudo para que acreditem, sem muito sucesso. Há vários empecilhos para que eles possam faze-lo. A começar pela presidenta dos EUA, interpretada por Streep, com pensamentos e ideais retrógrados, nepotista, pensando somente na sua reeleição, e nada mais, referência a Donald Trump, mas que aqui no Brasil, ficou clara a ligação com o presidente Jair Bolsonaro. E isso fica mais evidente com o personagem de Jonah Hill, o filho da presidenta, outra referência os filhos de Bolsonaro. Cate Blanchet e Tyler Perry são os jornalistas, que representam a mídia sensacionalista, e pouco se importam com o cometa que está em rota de colisão com a Terra. Ainda no núcleo midiático, tem a participação da cantora Ariana Grande, onde sua vida pessoal é o foco das notícias, e acaba se aproveitando da situação para se promover, ignorando a situação do cometa. E não menos importante, Mark Rylance dá vida ao bilionário ganancioso Peter Irsherwell, criador de uma empresa multibilionária, que se aproveita da situação para extrair recursos do cometa, por interesse próprio, obviamente.

Não Olhe Para Cima tem ótimos efeitos especiais, dentro do orçamento de U$75 milhões, mostrando missões espaciais, cenas no espaço e destruições bem convincentes, deixando a sua curiosa trama ainda mais interessante. Com bastante humor, ironias, e diálogos ácidos, a produção cutuca diversos pontos importantes, como a política, a divisão de ideais da população, o aquecimento global, e até a pandemia da Covid-19, que acredito não ter sido o foco, mas que acabou entrando no meio disso tudo, e foi bem certeiro também. Troca a situação do cometa pelo aquecimento global: o problema tá ali, tem as provas científicas disso, mas ninguém acredita. Mas quando chega a hora, e os desastres começam a acontecer (as provas que todos queriam), bate o desespero, e aí, é tarde demais. Não Olhe Para Cima aborda o fim do mundo de uma forma bem diferente, e provavelmente, da forma mais certa de acontecer.

E de qual lado você ficou? do "Olhe Para Cima", ou do "Não Olhe Para Cima"? A produção tem duas cenas pós-créditos.