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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | NOITE PASSADA EM SOHO



Edgar Wright é um diretor de poucos filmes, mas que sempre deixam a sua marca no cinema: Todo Mundo Quase Morto, Scott Pilgrim Contra o Mundo, e Em Ritmo de Fuga, são alguns de seus filmes mais famosos. Agora, com o seu novo projeto, “o suspense visual” Noite Passada Em Soho, ele se consagra como um dos diretores mais promissores, e que devemos ficar atentos. Inspirados nos thrillers de horror italianos – filmes de Dario Argento, Mario Brava e Stefano Simone -, a produção tem uma trama de mistério envolvente, surpresas, e um visual estético impecável. Estão no elenco Thomasin McKenzie, Anya Taylor-Joy, Matt Smith, Diana Rigg e Michael Ajao.


Eloise (Thomasin McKenzie) é uma jovem que se muda para Londres para cursar design de moda, e que tem um dom especial. Lá, ela acaba tendo sonhos reais com uma outra garota, mas dos anos 60, Sandie (Anya Taylor-Joy), e acaba se envolvendo demais com a sua história, trazendo graves consequências para Eloise.


Noite Passada em Soho tem uma trama linear em duas épocas diferentes: a Londres atual, e a dos anos 60, cada uma com suas devidas características, que funciona através dos sonhos/ visões que Eloise tem. Influenciado pelos filmes de horror italianos dos anos 70, o suspense envolve o espectador, seja pela sua história, ou pelo visual, utilizando luzes de neon, situando o espectador na década de 60, além de ser o maior charme da produção. Edgar Wright consegue dosar cenas tensas e dramáticas, o antigo e o atual, sem confundir quem assiste, e joga pistas na trama de mistério, além de algumas reviravoltas surpreendentes. Last Night In Soho, no original, utiliza a misoginia para movimentar a trama, fato que acontece nas duas épocas, mas é na década de 60, com a personagem Sandie, que ganha mais destaque. Aquela situação de fazer tudo para conquistar um sonho, fazendo um contraponto entre a depravação e a inocência, também são assuntos recorrentes na produção.


Toda a imersão não se dá somente pela história investigativa, mas também pela estética visual: a fotografia, retratando muito bem a década de 60, com a já mencionada cores e luzes de neon, além do figurino estiloso da personagem de Anya Taylor-Joy, principalmente. A direção de arte também é um ponto positivo: os bares e as casas noturnas, e claro, a Londres da época, com seus segredos obscuros, sempre com um apelo sexual, relevante para a trama. Destaque também para a trilha sonora dos anos 60, que é utilizada em alguns momentos importantes da trama.



Anya Taylor-Joy interpreta Sandie, uma jovem sonhadora dos anos 60, e Thomasin McKenzie é Eloise, a garota inocente que acaba se envolvendo com a vida de Sandie. Ambas estão ótimas, representando bem a carga dramática de cada um de seus personagens, e dividem o protagonismo, mas é com Anya que a trama ganha mais destaque, além de ser a mais interessante, e é onde trama de misoginia entra em questão. Destaque para Diana Rigg, que apesar de parecer pouco, tem muita relevância na história. A atriz faleceu logo após o término das filmagens, em 2020.


Assim como nos filmes de horror italianos dos anos 70, Noite Passada Em Soho tem alguns exageros, um tom mais fantástico do que os thrillers que estamos acostumados, principalmente no desfecho, e isso pode gerar um certo desconforto no espectador, mas tem um motivo para terem utilizado esse recurso. No mais, o novo filme de Edgar Wright é um dos grandes destaques do ano, com uma trama envolvente repleta de segredos e mistérios, trazendo várias referências aos anos 60. Diferente de outros filmes do gênero, Noite Passada em Soho pode não agradar muita gente, pela sua estética do cinema horror italiano, mas é um ótimo thriller psicológico, com boas reviravoltas na sua história, e um ato final visualmente intrigante.




NOITE PASSADA EM SOHO (LAST NIGHT IN SOHO)


Ano: 2021

Direção: Edgar Wright

Elenco: Thomasin McKenzie, Anya Taylor-Joy, Matt Smith, Diana Rigg e Michael Ajao.




NOTA: 9,5

















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