CRÍTICA | MULHER SOLTEIRA PROCURA

Bridget Fonda é filha do renomado ator Peter Fonda, e sobrinha da também atriz Jane Fonda, e que teve o auge da sua carreira nos anos 90. Jennifer Jason Leigh também estava em alta nos anos 90, mas diferente de sua colega, a atriz continuou sua carreira no cinema. Em 1992, as duas atrizes dividiram apartamento no ótimo suspense Mulher Solteira Procura, dirigido por Barbet Schroeder, que mostra os perigos de convidar estranhos para morar em sua casa. Na trama, Alisson (Fonda) termina o relacionamento com Sam (Steven Weber), e decide alugar um quarto de seu apartamento para uma outra mulher. A escolhida foi Hedra (Jason Leigh), bastante reservada quanto ao seu passado, e as duas acabam se tornando grandes amigas, até que ela se revela uma psicopata possessiva, colocando a vida de Alisson, e todos ao seu redor, em risco. Peter Friedman e Stephen Tobolowski completam o elenco.

Mulher Solteira Procura é um suspense psicológico bem no estilo dos anos 90, e o tema abordado continua sendo atual, mesmo depois de 30 anos após o lançamento. A trama começa bem devagar, apresentando as personagens que vão dividir apartamento, e o início de uma bela amizade entre elas. Mas não demora muito para que as coisas comecem a ficar estranhas: Hedra usa as roupas de Alisson, adota o mesmo tipo de cabelo, e as amigas acabam ficando quase que irmãs gêmeas. Esse conflito vai crescendo a medida que Hedra demonstra o seu lado psicótico, se tornando cada vez mais possessiva, e a tensão vai aumentando com as situações. O roteiro consegue trabalhar muito bem no suspense, que ganha força pela história se passar em um prédio antigo, seja no tenso porão do condomínio, ou no apartamento de Alisson, onde acontecem a maioria das cenas (esses cenários são muito bem utilizados a favor do filme). O trecho final muda totalmente o ritmo: o que antes era um jogo psicológico interessante, acaba se tornando quase que um filme slasher, mas não é, com um tenso embate entre as duas personagens, bem no estilo que Hollywood adora. Isso não é ruim, até porque, o filme poderia se tornar maçante.

É legal a forma que o roteiro explora a amizade entre Alisson e Hedra, com aquele clássico companheirismo de duas amigas dos anos 90, época que não tinha celulares e outras tecnologias, onde passavam o tempo vendo TV, comendo besteiras, e falando sobre namorados (sem olhar as fotos no Instagram). Bridget Fonda e Jennifer Jason Leigh brilham nos seus papéis, e acabam tendo uma ótima sintonia juntas, o que ajuda no resultado final da produção. Fonda faz uma personagem independente, profissionalmente, uma freelancer nova-iorquina, mas é frágil emocionalmente, e a atriz consegue demonstrar perfeitamente todas as emoções de sua Alisson. Já Jason Leigh é a psicótica Hedra, que tem um passado traumático, revelado ao longo do filme, mostrando muito bem as várias nuances de sua personagem: ela demonstra ser uma mulher sensível, carente de amizade, e uma ótima amiga, e subitamente, se transforma em uma pessoa agressiva e possessiva de uma forma incrível, e muito bem trabalhada. Steven Weber é o namorado de Alisson, Peter Friedman é o clássico amigo gay, e confidente, que mora em outro apartamento, Graham, e Stephen Tobolowski é o nojento Mitch, que contrata os trabalhos da personagem de Bridget Fonda.

Há bastante cenas de nudez, e algumas de sexo, algo muito recorrente em vários filmes do gênero nos anos 90, como Instinto Selvagem, Invasão de Privacidade entre outros, além de mostrar o machismo (seja nas situações do dia a dia, ou no trabalho), mas nada muito explorado pelo roteiro. No mais, Mulher Solteira Procura é um dos clássicos dos anos 90, com uma trama mais arrastada, mas interessante e cheia de mistérios, ótimas atuações de Bridget Fonda e Jennifer Jason Leigh, e sem apelar muito para os clichês; talvez, os momentos finais sejam um pouquinho. Barbet Schroeder entrega exatamente aquilo que propõe, um thriller psicológico de primeira linha, intrigante, interessante, e que prende a nossa atenção, e um embate tenso entre Alisson e Hedra. Mulher Solteira Procura teve uma continuação em 2005, e uma espécie de remake mais jovem, Colega de Quarto, passando a trama para um alojamentos de quarto de uma faculdade.