As adaptações cinematográficas de videogames são uma inconstante em Hollywood: dificilmente alguma se sai bem, e sempre diverge entre os fãs, o público em geral, e os críticos. Um grande exemplo é a franquia bilionária Resident Evil, a mais bem-sucedida adaptação até hoje, rendendo seis filmes, mas que não agradou a maioria dos fãs. Agora, temos Mortal Kombat, adaptação homônima do famoso jogo de luta, que já teve dois filmes produzidos: uma em 1995, dirigida por Paul W. S. Anderson, e outra desastrosa em 1997. A produção, dirigida por Simon McQuoid, acerta em manter vários elementos dos jogos, que deixarão os fãs animados, mas peca na sua história fraca e sem nenhuma emoção. Lewis Tann, Jessica McNamee, Joe Taslin, Hiroyuki Sanada estão no elenco.
Na história, Cole Young (Lewis Tann) descobre que é um dos escolhidos para participar de um torneio chamado Mortal Kombat, e junto com Sonya Blade (Jessica McNamee), se juntará a outros combatentes para destruir Shang Tsung (Chin Han), e seu principal assassino, Sub-Zero (Joe Taslim).
Falta um pouco de emoção na trama desse novo Mortal Kombat, resultando em um filme clichê, previsível, interessante em alguns momentos, mas fraco em desenvolver um enredo bom, e os seus personagens. A produção foca muito em preparar os personagens para o torneio principal, mas nem chega lá, onde muitas vezes parece um filme dos Power Rangers. Há também um drama familiar envolvendo Cole, e Scorpion, interpretado por Hiroyuki Sanada, a parte mais interessante e desenvolvida de Mortal Kombat. O ponto forte é em manter vários elementos dos jogos, como os personagens, os figurinos, as lutas, e os famosos “fatalytes”. A maioria das lutas são bem produzidas, com bastante violência e sangue, exatamente como é nos jogos, alguns efeitos especiais são estranhos, mas eficientes, e moderadamente empolgantes.
Mortal Kombat entrega bastante nostalgia para os faz dos jogos eletrônicos, trazendo, além os já mencionados “fatalities”, os personagens mais conhecidos por todos: Scorpion, Sonya Blade, Sub-Zero, Kano, Reptile, Lui Kang, Kung Lao, Goro, Raiden, Mileena, Jax Briggs, e Kabal. O problema é que quase todos não tem suas histórias desenvolvidas, ou explicadas, culpa do roteiro, e muitos deles não tem nenhum carisma e são uns completos idiotas. Mas a caracterização é perfeita, assim como seus poderes e as lutas que participam. Aliás, muitas delas ficam desconexas com a mitologia do videogame, talvez por não introduzir o tão esperado torneio, além de desperdiçarem personagens nesses embates.
Um dos maiores erros dos filmes da franquia Resident Evil, que também dividiu muito a opinião dos fãs, foi colocarem a personagem Alice, interpretada pela maravilhosa Milla Jovovich, como a protagonista, sendo que ela não existe no universo dos games. Em Mortal Kombat, isso também acontece, agora, com o personagem de Lewis Tann, Cole Young. Ironicamente, ele é o personagem que mais se desenvolve na trama, mas o carisma do ator não convence, apesar de conseguir conduzir bem as suas lutas. Josh Lawson faz um Kano irritante e idiota, apesar de ser o alívio cômico e passar vergonha em vários momentos, e Jessica McNamee faz uma desinteressante Sonya Blade, mas importante para a trama, junto com Kano.
Sub-Zero, e Scorpion, são alguns dos personagens mais famosos dos games, interpretados por Joe Taslin e Hiroyuki Sanada, respectivamente, e protagonizam a melhor batalha da produção, apesar do cenário não ajudar muito, mas é uma luta empolgante e nostálgica. Kung Lao, com suas chamas, também marca presença, e é um dos personagens mais interessantes da trama, mas que se limita a apenas orientar os novos lutadores. Outros personagens, como Reptile e Goro, são bastante desperdiçados na trama, mas são fielmente caracterizados. Em relação a eles, os efeitos em CGI são ótimos.
Esse novo Mortal Kombat empolga mais por manter o universo dos jogos, principalmente quando os personagens aparecem, mas falha no seu roteiro pouco inspirador, muitas vezes sem nexo, e por não mostrar o famoso torneio, que, provavelmente, acontecerá no segundo. Ah, sim! A produção termina com um gancho para uma continuação, e já aparece um outro personagem confirmadíssimo, famosinho no mundo dos games. Há bastante humor, piadas, sequências de lutas com muito sangue e violência, e muita nostalgia para os fãs, mas ainda é um filme que poderia ter funcionado melhor. Agora, resta esperar pela continuação, se acontecer, e que corrijam os erros desse primeiro.
MORTAL KOMBAT
Ano: 2021
Direção: Simon McQuoid
Elenco: Lewis Tann, Jessica McNamee, Joe Taslin, Hiroyuki Sanada
NOTA: 6,0
Disponível na HBO MAX
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