CRÍTICA | MISSÃO RESGATE

Liam Neeson começou sua carreira no cinema fazendo dramas, clássicos, romnces, e até terror, como A Casa Amaldiçoada. Eis que, em 2008, o ator deu uma brusca mudança no gênero de seus filmes, com Busca Implacável, se tornando um dos grandes astros do cinema de ação. Desconhecido, Sem Escalas, O Passageiro, além das duas continuações de Busca Implacável, são alguns exemplos. Ano passado, ao ator estrelou Legado Explosivo, produção mais “calma”, sem grandes sequencias de ação, e os embates físicos, dando indício da sua “aposentadoria” no gênero; o próprio ator, de 69 anos, afirmou que irá parar de estrelar filmes assim. Agora, a sua mais nova empreitada é Missão Resgate, inspirado em um filme francês, O Salário do Medo (Le Salaire de la Peur, de 1953), trazendo grandes cenas de ação em um novo ambiente hostil, intrigas e segredos. Jonathan Hensleigh, que também escreveu o roteiro desse, dirige a produção, que tem ainda no elenco Marcus Thomas, Amber Midthunder, Benjamin Walker, e Laurence Fishburne.

Mike (Liam Neeson) é recrutado por Jim (Laurence Fishburne) para resgatar um grupo de trabalhadores que ficam presos em uma mina, após um vazamento. Mike forma uma equipe, incluindo seu irmão Ghurty (Marcus Thomas), e eles precisam levar um equipamento de oxigênio em três caminhões, mas para isso, eles precisam atravessar uma extensa estrada de gelo que pode, qualquer momento, quebrar.

Missão Resgate é um ótimo filme em vários momentos, mas peca por ser previsível e genérico. Assim como todo filme de ação com Liam Neeson, a produção tem boas sequências de lutas e perseguições (de caminhão, no caso), levando toda a ação principal para uma estrada de gelo. Ainda que seja um pouco mais eletrizante do que seu último filme, Legado Explosivo, The Ice Road, no original, está longe dos sucessos como os seus outros filmes, sendo o suficiente para nos divertir. A trama ainda nos reserva segredos, que logo são revelados, definindo os mocinhos do vilão, (a parte previsível), intercalando dois núcleos: os mineradores presos, e Neeson e sua equipe levando oxigênio para eles, juntamente com os perigos da estrada de gelo, criando uma bela fotografia.

Liam Neeson prova, mais uma vez, que foi feito para os filmes de ação, que aceita qualquer empreitada, e faz tudo direitinho, mas ele sofre. A trama o desenvolve bem, mostrando o drama que vive com seu irmão, Ghurty (Marcus Thomas), um veterano do exército que está passando por traumas pós-guerra. Os outros personagens são bem desenvolvidos também, e conhecemos um pouco sobre suas histórias, o que já é suficiente para criar alguma empatia. Entre eles está Tantoo (Amber Midthunder), uma jovem estrangeira (aí entra a questão da xenofobia), que aceita participar da missão porque um dos mineradores é irmão dela. Lawrence Fishburne é o líder da equipe, e Benjamin Walker completa o time, ele é o dono da empresa que patrocina a missão.

Missão Resgate é um prato cheio para quem gosta de filmes de ação, principalmente com o astro Liam Neeson, apesar de ser bem inferior aos outros filmes do ator, mas é tenso, e tem momentos angustiantes de ação e suspense. E no meio disso tudo, o roteiro ainda aborda questões sociais, e mostra a irresponsabilidade das empresas diante de um problema, envolto de segredos e manipulações. O que pode atrapalhar é que a produção prolonga demais o ato final, podendo facilmente ter sido cortado de uns cinco a dez minutos de duração, e a parte dos mineradores poderia ter sido mais explorada, mas nada que atrapalhe o resultado final. Liam Neeson estrela mais um filme genérico, mas o suficiente para entreter o público, seja com as eletrizantes sequencias de ação, ou com os belos cenários da estrada de gelo, e os seus perigos, o que diferencia a produção.