CRÍTICA | MISSÃO IMPOSSÍVEL: ACERTO DE CONTAS - PARTE 1

Já são quase trinta anos e seis filmes da franquia Missão Impossível, e o saldo não poderia ser melhor: marcado pelas eloquentes sequencias de ação, já vimos Ethan Hunt (Tom Cruise) enfrentando vilões com tudo que era tipo de pretensões, além de ter escalado um prédio de 180 metros, ficar grudado pelo lado de fora em um avião decolando, escalou uma montanha sem nenhuma segurança, respirou em baixo d’água por mais de três minutos, e muitas outras loucuras. A cada filme, a ação vai aumentando, a trama é mais complexa, e todos ficam ansiosos esperando as novas peripécias que Hunt e sua equipe vão fazer.

E enfim chegamos no sétimo filme da franquia de missões impossíveis, com Acerto de Contas – Parte 1, que será dividido em duas partes e promete ser a missão mais difícil e importante que Ethan Hunt já enfrentou, e de quebra, acaba trazendo um tema que está repercutindo bastante atualmente: a inteligência artificial. Na trama, Hunt e seus colegas precisam encontrar duas partes de uma chave que tem ligação com uma IA chamada “a entidade”, e que pode colocar em risco a vida da humanidade. Hayley Atwell, Rebecca Ferguson, Vanessa Kirby, Pom Klementieff, Esai Morales, Simon Pegg, Ving Rhames e Henry Czerny estão no elenco.

Parece repetitivo falar isso, já que cada vez mais as missões de Ethan Hunt ficam maiores, mas Acerto de Contas – Parte 1 é a maior aventura do agente da FMI - e provavelmente vou dizer a mesma mas na parte 2 -. Pela terceira vez o diretor Christopher McQuarrie retorna para a direção de um filme da saga, e ele pega um pouco de cada filme já lançado: Ethan e sua equipe ainda continuam trabalhando às escuras, o jogo de “gato e rato” com as trairagens, reviravoltas e revelações também estão presentes, mas dessa vez não surpreendem tanto quanto antes. Porém, Cruise e McQuarrie compensam nas cenas de ação e na constante tensão delas, algo que eles sabem fazer muito bem. A maior peripécia de Hunt é a cena que ele pula de moto do penhasco, como aparece em destaque no trailer, mas carece de tensão – a não ser para quem tem medo de altura -.

Sabendo disso, existem três sequências específicas que merecem destaque: a longa perseguição de carros em Roma que mistura ação e comédia na dose certa, e a cena do aeroporto, em uma confusão danada que inclui Benji (Simon Pegg) tentando desativar uma bomba nuclear em menos de cinco minutos. Essas duas sequências são realmente tensas e empolgantes. A terceira é o grandioso ato final no Expresso Oriente, que é mais complexa ainda do que o trailer sugere. E entre outras sequências menores, há pouco espaço para o público recuperar o folego, que variam entre explicações da missão e conversas tensas entre mocinhos e vilões sobre a tal entidade. Tédio é o que você menos vai ter ao assistir ao filme.

Falando nisso, a trama de Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1 é a maior e a mais complexa de toda a franquia, e consequentemente, a mais atual possível. Um dos motivos de estar acontecendo a greve dos roteiristas e atores em Hollywood é por causa do uso da inteligência artificial – principalmente para os atores -, e o principal vilão do filme é justamente uma IA chamada de “Entidade”, que tem um “representante” perigoso, Gabriel (Esai Morales). O nível de ameaça dessa IA é tão grandioso que ela está em todos os lugares possíveis, mas pouco sabemos ou vemos sobre ela, fato que talvez seja mais explorado na parte dois, prevista para junho de 2024. Mas vemos um pouquinho do seu poder. Já Gabriel parece ser mais misterioso do que ameaçador, fato que também poderá mudar na continuação, além de ele ter uma ligação com o passado de Ethan.

Praticamente todos os personagens dos filmes anteriores retornam, Benji (Simon Pegg), Luther (Ving Rhames), Ilsa (Rebecca Fergusson), Alanna (Vanessa Kirby), e até a reaparição de um personagem que estava sumido desde o primeiro longa. Apesar de estarem em momentos importantes na trama, eles acabam ficando mais como coadjuvantes, e com isso, uma nova adição ganha mais destaque: a ladra, e possível futura agente, Grace (Hayley Atwell). A personagem é muito parecida com a Helena de Indiana Jones e o Chamado do Destino, com uma personalidade duvidosa e que não sabemos se ela está do lado de Ethan ou não, e acaba ganhando mais destaque do que parecia. Andam comentando que ela poderia ser a possível substituta de Hunt, mas por enquanto, é um boato. Outra adição é Paris (Pom Klementieff, a Mantis de Guardiões da Galáxia), uma misteriosa assassina profissional que pouco fala, mas luta bastante.

E claro, o astro de toda a franquia e responsável por entreter o espectador com suas loucuras durante quase trinta anos, Tom Cruise. Inegavelmente, o ator é a alma da franquia, e no auge dos seus 60 anos ele mostra que ainda consegue dar conta das missões impossíveis, e fazendo as suas peripécias sem o uso de dublês em várias cenas. E é cada enrascada tenebrosa que Ethan Hunt acaba se metendo dessa vez.

Ao longo das suas 2h40min de projeção, Missão Impossível: Acerto de Contas – Parte 1 é pura ação com um ritmo frenético incrível que quase não dá tempo para o espectador relaxar. Tom Cruise e Christopher McQuarrie conseguem fazer o maior filme da franquia, com uma trama envolvente que faz a gente ficar grudado na tela com os perigos que Ethan e sua equipe passam, além de ser completamente atual e ter uma ameaça real, a Inteligência Artificial. Misturando humor e sequencias de ação insanas, várias reviravoltas e tudo o que a franquia sempre teve de melhor, a primeira parte de Acerto de Contas não é o melhor filme da franquia, mas consegue o feito de não demonstrar sinais de que Ethan Hunt precisa se aposentar. E tão cedo ele não vai. É o blockbuster perfeito. E diferente do que aconteceu em Velozes e Furiosos 10, o filme não acaba de repente, e tem um “final’ adequado. Aguardando ansiosamente para a parte 2, prevista para junho de 2024.