CRÍTICA | MERGULHO NOTURNO

A Blumhouse, produtora de James Wan e Jason Blum, é famosa por alguns dos melhores filmes de terror da atualidade, sempre inovando na sua abordagem. A mais nova aposta do estúdio no gênero é Mergulho Noturno, dirigido e roteirizado por Bryce McGuire, uma típica história de assombração, mas ao invés de ser em uma casa, envolve uma piscina. Na trama, o ex-jogador de baseball Ray (Wyatt Russell) se muda com a sua esposa e seus dois filhos para uma casa em um bairro nobre. Ray está em tratamento de uma doença, e acaba preferindo escolher uma casa com piscina para ajudar na sua fisioterapia. Porém, a piscina não é o que aparenta ser, e acabam descobrindo um mistério assustador que pode colocar a vida de todo mundo em risco.

Curiosamente, Mergulho Noturno é inspirado em um curta de mesmo nome, e de mesma história, lançado em 2014 pelo próprio diretor, Bryce McGuire, contando a história de um jovem que está tomando banho na piscina e é atormentado por um espírito maligno que vive na água. Seguindo basicamente a mesma premissa, o terror tem seus altos e baixos, e no fim, deixa a desejar, e provavelmente é a primeira decepção do ano. A ideia de uma piscina mal-assombrada ao invés de uma casa é diferente e inovadora, rende bons sustos, tem algumas cenas tensas – principalmente embaixo d’agua -, utiliza bem o cenário da piscina e usa a seu favor para criar os sustos. Mas alguns detalhes, como grande parte das cenas se passarem durante o dia, algumas sequências escuras, ou até o CGI ser um pouco capenga, acabam com o clima sombrio e assustador que o filme tinha a propor.

A trama fica mais interessante quando a personagem de Kerry Condon começa a investigar o mistério que envolve a piscina, acrescentando mais detalhes sobre a lenda urbana e criando novos rumos na trama. O problema aqui é construir uma trama sobre uma piscina amaldiçoada baseada em um curta de três minutos, para um filme de 1h40: Mergulho Noturno são se sustenta todo esse tempo, e acaba caindo nos clichês do gênero. Mas os sustos funcionam, os planos das câmeras, o enquadramento, e todos os detalhes da piscina criam um visual sinistro, principalmente nas sequências a noite. E os fãs do terror vão adorar as referências a outros filmes do gênero. Outro ponto positivo é o elenco, todos tem ótimas atuações para um filme de terror, mas o roteiro não as desenvolve bem, e alguns caem nos clichês de personagens de filmes de terror: as crianças irritantes, os vizinhos em situação de perigo, um dos pais possuído e o outro que tenta descobrir uma forma de se livrar da maldição.

Mergulho Noturno é um típico filme sobre um lugar amaldiçoado – aqui, no caso, uma piscina -, com possessão, sustos fáceis, um ritmo lento e um desfecho previsível. Tem seus momentos bons, é interessante por mudar o clichê de “casa mal-assombrada”, é divertido e cheio de suspense, mas fica a sensação que poderia ter sido bem melhor. Transpor um curta de cinco minutos para um longa metragem é uma tarefa difícil, e Bryce McGuire não conseguiu se sair muito bem não.