CRÍTICA | MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA

Atualizado: 19 de abr.

Insano, brutal e furioso. Essas são as melhores palavras para definir o novo filme da trilogia Mad Max. Iniciada em 1979, com Mel Gibson no papel de Max, a franquia se encerrou com Mad Max - Além da Cúpula do Trovão, em 1985, o clássico com a música da Tina Turner, e desde então, nunca mais havia se falado em um novo filme. No início dos anos 2000, parecia que finalmente tudo ia dar certo, mas George Miller, criador da trilogia original, adiou a produção novamente, e Mel Gibson desistiu de retornar ao papel de Max. Dez anos depois, as filmagens do novo filme começaram, dessa vez com (Tom Hardy, o Bane de O Cavaleiro das Trevas Ressurge) no papel de Max, e Charlize Theron (de Prometheus), como Furiosa. A espera compensou os fãs, e "Mad Max - Estrada da Fúria" é o melhor filme de ação do ano, e uma bela homenagem a trilogia original, aclamado pela crítica especializada. Completam ainda o elenco Nicholas Hoult, Zoe Kravits e Hugh Keays-Byrne.

A história se passa num futuro apocalíptico, onde a escassez de água e gasolina é constante e todos brigam por essas riquezas. Um homem chamado Max (Thom Hardy) é capturado por uma comunidade para servir como "bolsa de sangue" para os guerreiros denominados "war boys". Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne) é o líder dessa comunidade, em uma área protegida do deserto, que usa sua reserva de água para explorar as pessoas que vivem por lá. Furiosa (Charlize Theron), uma das pessoas de confiança de Joe, foge com as esposas dele, e não demora para o líder chamar todos os seus guerreiros e ir atrás delas. Entre esses guerreiros está Nux (Nicholas Hoult), que sonha em ser parte dos melhores e mais valentes guerreiros, e vê nessa caçada a chance de se tornar um deles. Durante a perseguição, Max, que servia de bolsa de sangue para Nux, escapa e se une a Furiosa e as esposas para leva-las até uma área protegida com bastante água e plantações.

Mad Max - Estrada da Fúria é o filme mais louco e insano dos últimos anos, e tem ação o tempo todo, com perseguições de carros, tiros, explosões, lutas, mortes, sangue, violência, personagens voando para tudo que é lado, cenas absurdas, e totalmente insanas que duram praticamente a fita toda. As perseguições são brilhantemente coreografadas e bem realísticas, sem os horríveis cortes rápidos, assim como as constantes destruições de veículos, onde se nota perfeitamente que são atores dirigindo os carros. E detalhe que, a maior parte do filme, não foi filmado com computação gráfica, e as cenas de perseguições foram feitas realmente no deserto, tornando tudo mais real ainda.

Ainda na parte técnica, o destaque são os incríveis efeitos especiais, com sequências de ação se passam ao ar livre, no deserto escaldante da Terra; além do uso do 3D, que foi bastante elogiado também. O visual é belíssimo, tanto do deserto quanto o da comunidade de Joe, um excelente trabalho de direção de arte e fotografia, se tornando um deleite para os olhos dos espectadores. Outro grande destaque são os figurinos e as maquiagens, principalmente a de Immortan Joe e a sua assustadora máscara, deixando os personagens mais bizarros e interessantes do que já são. Ainda tem a brilhante trilha sonora criada por Junkie XL, uma mistura de música eletrônica, orquestra e distorções de guitarra; e tem até um personagem preso em um dos carros tocando guitarra que solta fogo, embalando as cenas de ação.

Um dos vários pontos positivos do filme de George Miller, são os personagens muito bem desenvolvidos. Com a desistência de Mel Gibson, coube ao britânico Tom Hardy viver o personagem do título, Max Rockatansky, onde muitos fãs da trilogia original ficaram cautelosos com essa escolha. Mas para sorte de todos, o ator se saiu muito bem, e nos mostrou um Max com medo de seu passado, um herói fragilizado com tudo que passou, mas que aos poucos cria motivações para lutar pelos seus direitos e volta com tudo, mostrando isso nas cenas de ação. Assim como o Max de Mel Gibson, o de Estrada da Fúria fala menos do que vinte e poucas frases, usando mais suas expressões faciais e sons com a boca, que reforçam a sua fragilidade com tudo o que aconteceu.

Apesar do filme se chamar Mad Max, o maior destaque é Charlize Theron e sua Furiosa, e acredito que o título deveria se chamar "Mad Furiosa" (sim, o nome dela é Furiosa, em inglês, português e em qualquer outra língua). Furiosa não é a típica mulher frágil dos filmes de ação, aqui ela é durona, destemida, lutadora, a única esperança do grupo, e é capaz de tudo para proteger as esposas contra Joe. A atriz cativa o público, principalmente com o seu olhar preocupante e frágil mas sem demonstrar seu medo, e sua personagem é páreo duro com Max. Nas cenas de ação, Furiosa não poupa esforços e faz tudo o que qualquer homem é capaz de fazer, e faz em grande estilo. A força feminina no filme é forte, e até as noivas fugitivas demonstram garra e vontade de luta.

Se o maior destaque é Furiosa, a maior revelação de A Estrada da Fúria é Nicholas Hoult e seu insano Nux. O ator britânico, conhecido pela série Skins e por integrar na equipe dos X-Men, se entrega totalmente no seu personagem e consegue cativar o público. Nux é um dos "War Boys", que sonha em estar entre os melhores guerreiros de Joe, e nos mostra um personagem louco e fanático, mas com uma sensibilidade e carisma, criando uma forte empatia com o público que faz a gente torcer por ele.

A história é bem simples, mas muito bem desenvolvida, e os detalhes deixam o filme muito mais rico do que parece, e tudo é explicado de forma fácil para o público entender a motivação dos personagens. Mad Max - Estrada da Fúria é, em todos os sentidos, um filme perfeito, repleto de cenas de ação interruptas e com um visual incrível, que pega elementos da trilogia original e faz uma roupagem nova, além de que muitos consideraram ser o melhor da franquia, mostrando que a série pode se inovar cada vez mais. É insano, tenso, furioso, que vai deixar você preso na poltrona durante as suas duas horas de duração.