CRÍTICA | LOBOS

Duas pessoas com personalidades diferentes precisam trabalhar juntas em alguma missão e superar as suas diferenças. Esse é o roteiro básico de um “buddy movie”, um gênero que sempre caiu no gosto do público, trazendo parcerias incríveis como Sandra Bullock e Melissa McCarty, Martin Lawrence e Will Smith, Channing Tatum e Jonah Hill, Mel Gibson e Danny Glover, entre outros. Agora, temos os astros George Clooney e Brad Pitt em Lobos, sexta colaboração da dupla, que são amigos na vida real, em uma divertida comédia de ação que está fazendo o maior sucesso na plataforma de streaming Apple TV+. Dirigido por Jon Watts, diretor da trilogia do Homem-Aranha com Tom Holland, a produção teria uma estreia grandiosa nos cinemas, porém, os produtores decidiram por um lançamento limitado durante uma semana apenas, para depois estrear no serviço de streaming da maçã.

Com roteiro do próprio Jon Watts, Clooney e Pitt interpretam dois “solucionadores profissionais” especializados em “limpar” as cenas dos crimes. Em uma específica, o personagem de George Clooney é chamado por uma promotora (Amy Ryan) que estava passando a noite com o jovem chamado apenas de “Kid” (Austin Abrams) que, aparentemente, acabou morrendo. Porém, eles são surpreendidos pelo personagem de Brad Pitt, que também foi chamado para limpar a cena do crime. Agora, os dois precisam resolver esse problema juntos, mas a missão acaba saindo do controle, e a dupla começa a se envolver com criminosos croatas, pessoas do alto escalão, e contrabando de drogas.

Lobos não reinventa o gênero, e acaba caindo nos clichês básicos dos “buddy movies”, mas conquista com sua trama despretensiosa, muito humor, diálogos ácidos, um roteiro que desenvolve bem os seus personagens, e claro, a incrível sintonia entre Brad Pitt e George Clooney. A primeira parte é um pouco mais lenta, mais focada nos diálogos e em como a dupla vai chegar a um acordo para resolver o problema, para depois começar as intensas sequências de ação, regadas a muitas piadas, implicâncias, tiroteios e confusão generalizada. A trama de Lobos é simples, previsível, não tem grandes reviravoltas – tem uma só no finalzinho - e as cenas de ação não são tão inovadoras, mas é envolvente e prende a atenção do espectador desde os primeiros minutos, tanto pela situação que estão passando quanto pelo carisma dos protagonistas, e interação entre eles.

Os personagens de George Clooney e Brad Pitt, que nunca tem seus nomes revelados, são conhecidos como Lobos, o que significa que eles trabalham sozinhos – a famosa expressão “lobos solitários” -. O personagem de Clooney é mais sério, emotivo e correto, o de Pitt é mais impulsivo e imaturo, e o encontro dessas duas personalidades diferentes é o que torna Lobos divertido. Entre piadas com a idade de ambos, implicâncias, muitas discordâncias, deboches, e humor ácido – algumas são um pouco forçadas -, a dinâmica entre a dupla é ótima e tira boas risadas do público, confirmando a sintonia entre os dois astros. Um contraponto entre eles é o personagem de Austin Abrams, chamado apenas de “Kid”, um garoto que se meteu no meio dessa confusão toda, e agora, Clooney e Pitt precisam lidar com ele junto. A dinâmica entre os três também é ótima, resultando em conversas inspiradas, muita confusão, e tiroteios para tudo que é lado.

No geral, Lobos é mais calmo, e é bem visível que o roteiro de John Watts deu preferência para os diálogos, o desenvolvimento do roteiro e dos personagens, e na interação entre George Clooney e Brad Pitt, extremamente carismáticos e em perfeita sintonia. É um filme que não sai da zona de conforto, tem clichês, mas isso não o torna ruim, pelo contrário, é divertido, envolvente, equilibra bem a ação e a comédia, traz todo o espírito despretensioso e nostálgico dos “buddy movies”, e ainda deixa o final em aberto para uma continuação. Foi um ótimo acerto os produtores não terem lançado o filme nos cinemas, tendo em vista que não tem muita ação, e até pela proposta mais simples, mesmo tendo dois dos maiores astros do cinema. Além disso, em menos de uma semana, Lobos se tornou o filme mais assistido da história no streaming Apple TV+, o que provavelmente garantirá uma continuação, que na verdade já estava previsto nos planos da Apple Studios. Resta saber se será lançado oficialmente nos cinemas.