CRÍTICA | LOBISOMEM
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 9 de fev.
- 3 min de leitura

A Universal Studios não tem muita sorte quando se trata de reboots dos clássicos filmes de monstros – A Múmia, de 2017, com Tom Cruise foi um fiasco de ruim -, mas em 2020 o estúdio deu a volta por cima com O Homem Invisível, dirigido por Leigh Whannell, que trouxe uma abordagem mais diferente, com temas atuais e importantes como abuso, violência contra a mulher, entre outros. Agora, Whannell tenta emplacar mais uma vez com outro filme de monstro, o Lobisomem, também de uma forma um pouco diferente do clássico, tornando a criatura mais “sensível” e melancólica. Mas como assim? Na trama, após a morte de seu pai, Blake (Christopher Abbott) acaba herdando a antiga casa de campo da família, e decide passar alguns dias junto com sua esposa, Charlotte (Julia Garner), e sua filhinha Ginger (Matilda Firth). No caminho, eles são atacados por uma criatura monstruosa, Blake acaba sendo machucado pelo monstro, e a família acaba se refugiando na antiga casa. Porém, o patriarca começa a se transformar na mesma criatura que os persegue, colocando a vida de todos em perigo.
“Lobisomem” é um bom filme de monstro, mas inferior a O Homem Invisível, funcionando melhor quando foca no terror ao invés do drama familiar que serve como base na trama. Leigh Whannell tem experiência no gênero, criando uma produção mais ágil e dinâmica, e que foge dos clichês típicos de filmes de lobisomem. As sequências de perseguição são genuinamente tensas, criativas, seja quando os personagens estão do lado de fora da casa, ou dentro, criando situações que prendem a atenção do público. O filme usa a escuridão a seu favor, o que ajuda no clima de suspense e tensão que antecedem os ataques, além de a câmera mostrar a criatura chegando por outro ângulo, onde os personagens não conseguem vê-lo se aproximando, somente o público. Essa técnica sempre funciona em produções do gênero. Outro ponto positivo é pelo fato de não usar muitos efeitos em CGI, praticamente só usaram maquiagem, e está incrível por sinal, e já que estamos em clima de Oscar, não descarto uma indicação em melhor Maquiagem em 2026. Mas há um porém que pode decepcionar muitos fãs da criatura: a forma do lobisomem não é a clássica, aquela monstruosa e animalesca que todos conhecem, mas é assustador da mesma forma, e está de acordo com a proposta mais dramática do roteiro.

Assim como em O Homem Invisível, Leigh Whannell – que também escreveu o roteiro -, aborda dramas pessoais dos personagens (a relação entre pais e filhos, na proteção e educação dos filhos, problemas no casamento, reconciliação), mas não chega a funcionar tanto quanto o seu filme anterior. A parte dramática é boa, mas não o suficiente para que o público se conecte totalmente com os personagens e seus problemas, e a sintonia entre eles não é tão boa assim, mas conseguem transmitir o drama que estão passando – o pai está se transformando em um lobisomem, e pode atacá-las a qualquer momento -. Christopher Abbott não entrega uma atuação extraordinária, mas consegue passar para o espectador o drama da sua mudança de personalidade, tanto pelo emocional do personagem quanto na sua transformação em um lobisomem, dosando bem o lado humano e o lado animal de Blake. Julia Garner trabalha bem nas nuances da sua personagem, dando mais intensidade para o roteiro, enquanto Matilda Firth (a filha do casal, Ginger), se destaca com seu carisma e fofura, rendendo momentos emocionantes quando atua ao lado de seu pai.
“Lobisomem” é uma boa surpresa do gênero, mas não chega a ser tão marcante quanto prometia ser. É diferente na sua abordagem mais dramática e sentimental – a criatura ainda se parece muito com um humano, e muitas vezes Blake acaba reconhecendo sua família, e ainda tem o enredo dramático da família -, trazendo uma história mais intimista e tornando o monstro mais sensível. Porém, o filme funciona melhor como um terror mesmo, um filme de monstro, com sequências tensas e assustadoras, e um pouco de sangue e violência, mas nada exagerado, o que pode decepcionar quem espera algo mais gore. “Lobisomem” tem uma proposta mais simples, mas é eficiente no terror e nas sequências de perseguição, resultando em um filme tenso e, de fato, um pouco emotivo. Não é o melhor filme do clássico monstro da Universal, mas é melhor do que o tenebroso filme da Múmia com Tom Cruise.

LOBISOMEM (WOLF MAN)
Ano: 2025
Direção: Leigh Whannell
Distribuidora: Universal Pictures
Duração: 103 min
Elenco: Christopher Abbott, Julia Garner), e Matilda Firth
NOTA: 8,0





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