CRÍTICA | LICORICE PIZZA

03 Indicações ao Oscar: Melhor FILME, Melhor ROTEIRO ORIGINAL, e Melhor DIRETOR (Paul Thomas Anderson).

Para entender melhor a proposta de Licorice Pizza, vamos a uma breve introdução sobre o diretor desse filme, Paul Thomas Anderson. Figurinha recorrente nas premiações há décadas – Magnólia, Boogie Nights: Prazer Sem Limites, Trama Fantasma, e Sangue Negro, são alguns de seus filmes premiados, o cineasta prefere focar nos personagens e nas suas histórias de vida, não se importando se a trama seja direta, ou fácil de o público entender. Não que Paul não se importe com os seus roteiros, pelo contrário, a maioria são indicados em premiações, como esse Licorice Pizza, mas sua proposta é menos comercial, não atinge um público maior, e por isso o estranhamento, muitas vezes, com os seus filmes.

Seu mais novo filme é a comédia romântica juvenil Licorice Pizza, trama que se passa nos anos 70, e que acompanha as aventuras de Gary (Cooper Hoffman), um jovem de quinze anos que se apaixona por Alana (Alana Hian), uma jovem de vinte e cinco anos, no meio das crises políticas, bastidores de Hollywood, e os grandes problemas da adolescência na época. Sean Penn, Bradley Cooper, e Maya Rudolph fazem participações especiais.

Licorice Pizza é uma visão do diretor da juventude dos anos 70, os acontecimentos da época, sobre crescer em um mundo de mudanças, relacionamentos, e sobre ter metas para a vida. Paul Thomas Anderson faz um filme mais cult, não tão fácil de se digerir, ou tentar achar algum sentindo para a história, como disse anteriormente. Muitas situações parecem ser aleatórias, mas são situações que podem acontecer com qualquer um de nós, não necessariamente essas, mas me refiro as coisas inusitadas. Os personagens jovens aproveitam a vida a todo instante, parece que os problemas da época não os atingem, como acontece com Gary, são livres e desprevenidos, e esse é o foco do diretor. Os problemas estão a todo instante, surgem para nós e para os personagens, mas cabe a eles decidirem o que fazer: ignorando isso tudo, eles seriam imaturos, ou apenas querem viver a vida?

O ponto central de Licorice Pizza é Gary e Alana, as idas e vindas do seu romance, onde apresentam uma química incrível que vai crescendo e se desenvolvendo ao longo do roteiro. Cooper Hoffman, filho do falecido ator Phillip Seymour Hoffman, da vida a um Gary que sonha alto, tem uma criatividade gigante para os negócios, e mesmo que tudo de errado, lá vai ele e se reinventa, do zero, mesmo que seja só para impressionar sua paixão. Alana Haim interpreta a jovem adulta Alana, de família judia que vive uma vida mais pacata, sem grandes sonhos ou pretensões, mas com uma forte personalidade que transcende na tela. É uma história sobre o primeiro amor de um casal que parecem não se combinar, mas são as situações que acabam os unindo. Os coadjuvantes também se destacam, como o irmão de Gary, e seus amigos adolescentes de quinze anos, e ainda tem participações especiais de Sean Penn e Bradley Cooper, que acabam ajudando o casal se “entenderem” melhor.

Paul Thomas Anderson consegue nos imergir para a década de 70, seja com a fotografia e os cenários da época, as trilhas sonoras, e até os cinemas, cena em que descobrimos exatamente o ano em que a trama se situa, se caso você já não tenha descoberto. Há pontos polêmicos no roteiro, como a paixão de um menino menor de idade por uma mulher dez anos mais velha, além de piadas xenofóbicas contra japoneses. Mas aí, cabe ao espectador entender a situação, e o seu contexto, e criar a sua própria opinião. Licorice Pizza não é um filme fácil para o público entender, não quem conhece os filmes do diretor, e é interessante a gente sair um pouco dessa bolha de Hollywood, com seus filmes mais comerciais, e prestigiar obras que a gente pode não entender muito bem. Tem situações divertidas, inusitadas, algumas surpresas, e é um belo retrato sobre como seria crescer entre os problemas da década de 70. E no meio de tudo isso, ainda tem espaço para uma história de amor bem diferente das que estamos acostumados. Vai ser uma experiência um pouco chata, ainda mais com as suas 2h15 de duração, mas é uma produção bastante leve para assistir, basta ter paciência de como essa história é contada.