Baseada em uma HQ, King's Man – Serviço Secreto estreou em 2014, e fez um grande sucesso ao apresentar uma trama de espionagem com um tom mais paródico, cenas de ação coreografadas e exageradas, e vilões caricatos, servindo um excelente entretenimento para o público. Uma continuação foi lançada em 2017, O Círculo Dourado, trazendo os mesmos elementos que popularizaram a franquia, mas acabou dividindo o público e crítica; mesmo asism, ainda é um ótimo filme, que trazia a vencedora do Oscar Julianne Moore como a vilã. O cineasta Matthew Vaughn, que dirigiu esses dois filmes, além de ter no currículo outras produções parecidas, como Kick-Ass, decidiu seguir com a franquia, mas ao invés de continuar com a saga de Eggs (Taron Edgerton) como o agente da Kingsman, ele decidiu contar a origem da agência, criando uma trama mais “correta” do que a ação espafalhatosa que sempre esteve nos filmes. King's Man: A Origem é estrelado por Ralph Fiennes, Gemma Arteton, Dijimon Hounsou, Harris Dickson e Rhys Ifans, Tom Hollander, eDaniel Brühl.
Misturando fatos históricos com o universo dos filmes, a trama se passa durante a primeira Guerra Mundial, e mostra como a agencia King's Man surgiu, onde o duque Oxford (Ralph Fiennes) planeja uma ação secreta para interferir na guerra. O grande problema está, justamente, em fazer uma trama mais séria, deixando os elementos que tornaram a franquia um sucesso como plano de fundo. As missões loucas estão lá, as sequências de ação exageradas, o clima das investigações, os personagens caricatos, mas tudo isso é mostrado de forma bem simples, muito contido – faltou o tom paródico, e divertido. A trama é interessante, e pega um fato histórico pouco explorado no cinema, a primeira Guerra Mundial, mas o roteiro de Matthew Vaughn não consegue conciliar bem as duas ideias, focando mais no drama histórico do que no universo da King's Man, deixando o filme arrastado demais, infelizmente.
Outro ponto que deixa a desejar são os personagens, principalmente os vilões. O roteiro consegue desenvolve-los, e encaixa-los na trama muito bem; o cavalheirismo da franquia, os valores dos agentes, estão ali, porém, como disse anteriormente, o tom mais sério predominou na produção. Ralph Fiennes está excelente como o protagonista, mas falta audácia durante a trama, como foi com o personagem de Colin Firth nos filmes anteriores. Gemma Arteton e Dijimon Honsou estão bem como os primeiros integrantes da King's Man, se destacando nas cenas de lutas, e Harris Dickisson completa o núcleo, interpretando o filho do duque Oxford (Fiennes), com sua inconstância em querer participar da guerra – é um personagem que poderia ter sido mais explorado na agência, um antecessor de Eggs, talvez, o que traria mais familiaridade com os outros filmes da franquia.
Rhys Ifans é o vilão que mais chega próximo dos de algum elemento da franquia, interpretando o místico russo Rasputin, brincando com o folclore do país, fazendo um personagem extremamente caricato, divertido, e excêntrico, exatamente a proposta de Matthew Vaughn, mas o roteiro o descarta antes da metade da produção. Há outros vilões, quase que inúteis na trama, liderados por um “vilão principal”, que aparece escondido o tempo todo, sendo revelado somente no final; aliás, bastante previsível até.
No fim, King's Man: A Origem, falha em trazer os elementos clássicos da franquia, não sendo o suficiente para divertir o público nas suas mais de duas horas de duração. Há ótimas cenas de luta, os personagens caricatos estão lá, (pouco, mas tem), os exageros também, mas é tudo mais contido, falta inspiração, e se a trama focasse mais no universo da King's Man, e não tanto na primeira Guerra Mundial, acredito que a produção se sairia melhor. No fim, acabou ficando um filme mais sério, e arrastado, o que provavelmente não irá agradar os fãs da franquia. Se tiver um novo filme, que continue a história de Eggs, Gallahad, Merlin, Roxy e o agente Tequila, e tudo de mais bizarro que existe nesse divertido universo.
KING'S MAN: A ORIGEM (THE KINGS MAN)
Ano: 2022
Direção: Matthew Vaughn
Elenco: Ralph Fiennes, Gemma Arteton, Dijimon Hounsou, Harris Dickson e Rhys Ifans, Tom Hollander, eDaniel Brühl
NOTA: 5,0
Comments