É indiscutível o quanto a franquia Jogos Mortais se destacou nos cinemas, não somente por ter sete filmes. Lançado em 2004, o primeiro exemplar trouxe uma trama original, onde um serial killer não matava as suas vítimas, e sim, elas mesmas. Presos em armadilhas, uma mais apavorante que a outra, ainda tinha um “plot twist”, simples e eficaz, que não saiu da cabeça das pessoas até hoje, e era envolto de um forte suspense psicológico. A partir do segundo filme, o enredo inovador e o suspense intrigante foram deixados de lado, e o foco acabou sendo as armadilhas inventadas pelo assassino JigSaw, e os baldes de sangue, o que acabou se tornando um marco na franquia. Ainda que os primeiros três filmes foram bons, os outros não tiveram o mesmo sucesso, chegando no seu sétimo filme, lançado em 2010, onde a grandiosa franquia acabou sendo engavetada. Mas eis que, sete anos depois (são sete filmes até então), os diretores Michael Spierig e Peter Spierig, conhecidos como “The Spierig Brothers”, decidiram dar mais uma chance a franquia, e lançaram um oitavo filme, intitulado de JigSaw, nome dado ao assassino John Kramer.
Na trama, um novo jogo mortal tem início, e um corpo é encontrado, indicando que John Kramer (Tobin Bell), pode estar vivo. Ao mesmo tempo que um grupo de cinco pessoas enfrentam as armadilhas de JigSaw, os detetives Halloran (Callum Keith Rennie) e Hunt (Clé Bennett) começam uma investigação com a ajuda de dois médicos legistas, Logan (Matt Passmore) e Eleanor (Hannah Emily Anderson).
Quem assistiu os filmes da franquia, sabe que John Krammer, conhecido como JigSaw, está morto desde o terceiro filme, e que os responsáveis pelos jogos posteriores são os “fãs” do assassino. Mas será que ele está realmente vivo? Esse é um dos mistérios que o novo filme dos irmãos Spierig guarda para os fãs da franquia. Nesse oitavo capitulo, é visível como a produção tenta se assemelhar com os dois primeiros Jogos Mortais: a investigação dos policiais, e as armadilhas em um lugar escondido, que parece ser em um celeiro. Não se compara na forma como o primeiro filme se desenvolveu, mas é interessante como o roteiro faz com que a maioria dos personagens sejam os suspeitos responsáveis pelos novos jogos; claro que ainda há a possibilidade de realmente ser Krammer (vimos a autopsia em Saw IV, mas tudo pode acontecer em Hollywood). Nesse ponto, a investigação é o maior acerto do filme, provando que o foco da franquia deveria ser no suspense e mistério, e não somente nas armadilhas.
Falando nas armadilhas, esse oitavo filme é o menos inspirador em relação a elas. Desde os primeiros filmes, as armadilhas eram mais inventivas, o quebra-cabeças era desvenda-las e descobrir como desativa-las, mas nesse novo tudo é muito simples, sem muita criatividade, onde somente uma consegue realmente causar alguma aflição no espectador.
Como sempre aconteceu na franquia, cada personagem fez alguma coisa errada para alguém, e para ter o “perdão”, ele passa pelas armadilhas de Jigsaw. O problema aqui é em relação aos personagens, que são pouco inspiradores, se tornando personagens estúpidos que tomam decisões mais estupidas ainda, fazendo com que o espectador não tenha nenhuma empatia por eles. Já em relação ao núcleo investigativo, os rumos são diferentes. Como disse antes, a forma como o roteiro faz com que todos sejam suspeitos é bem planejado, nos fazendo duvidar até da personagem que é obcecada pelas armadilhas de John Krammer, além da obviedade do policial ser o suspeito.
Como de costume, o final nos entrega uma grande reviravolta, e não somente na revelação de quem é o novo realizador dos jogos, mas também, nos rumos que a franquia pode levar se por acaso forem lançar mais filmes. Melhor que Jogos Mortais – O Final (que de final não tinha nada), mas não tão bom quantos os outros, JigSaw promete entreter o público e os fãs do assassino, com suas mirabolantes armadilhas, e um plot twist razoável. Não é um filme memorável que ficará marcado na franquia, mas é eficiente para matar as saudades da época que Jogos Mortais tinha um hype enorme.
JOGOS MORTAIS: JIGSAW (JIGSAW)
Ano: 2017
Direção: Michael Spierig e Peter Spierig
Elenco: Callum Keith Rennie, Clé Bennett, Matt Passmore, Hannah Emily Anderson, Laura Vandervoort e Paul Braustein
NOTA: 7,5
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