CRÍTICA | JOGADOR N° 1

Atualizado: 4 de nov. de 2021

Steven Spielberg é um dos maiores nomes do cinema, criando filmes clássicos que marcaram uma geração inteira, principalmente entre os anos 80 e 90, não somente como diretor, mas também como produtor. O cineasta é conhecido por criar mundos capaz de emergir o espectador dentro do filme, e causar grandes emoções: Indiana Jones, Jurassic Park, Tubarão, De Volta Para o Futuro, Gigante de Ferro, todos dirigidos ou produzidos por ele. Então, surge o livro Jogador n° 1, escrito por Ernest Cline, que cria um mundo imaginário incrível, se baseando na cultura pop dos anos 80 e 90, com referências, inclusive, aos próprios filmes do diretor. E quem seria melhor adaptar a obra para o cinema, se não a própria inspiração do livro?

A história se passa no ano de 2045, onde um mundo virtual, chamado OASIS, onde tudo é possível, está no seu auge, criado pelo multibilionário James Halligan (Mark Rylance). Após a sua morte, ele criou um desafio de encontrar três chaves, onde encontrando a última, o jogador ganhará toda a fortuna dele. Junto com milhares de jogadores na busca pelo “easter egg”, está Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn), dono da empresa Innovative Online Industries, que contrata jogadores para descobrir os segredos escondidos, e ganhar a fortuna de Halligan. Mas é o jogador Parzival/ Wade (Tye Sheridan) que se sai melhor, fazendo com que Sorrento vá atrás dele para impedi-lo de conseguir encontrar o easter egg.

Em Jogador n° 1, Spielberg faz uma incrível interligação do mundo real com o virtual, e porque não, uma leve critica a forma como estamos sempre conectados ao mundo virtual, e pouco se importamos com o real. Com muitas, mas digo muitas, referências a cultura popular dos aos 80 e 90, o diretor volta em sua melhor forma, sem os filmes sérios que tem feito ultimamente, trazendo um excelente filme ação e aventura, repleto de efeitos especiais. E as referências não só com filmes, tem também famosas músicas da época, avatares dos jogadores se referindo a games e personagens de filmes, videogames antigos (sim, Atari), e várias outras, pura nostalgia para quem conhece essa cultura, ou viveu nessa época.

Seguindo a linha investigativa, Jogador n° 1 leva o espectador para dentro do OASIS, com um visual futurista belíssimo, daqueles que dá realmente vontade de passar horas lá. E é exatamente isso que a população faz, para se desligar da realidade sofrida que muitos vivem, e se divertir. O enredo prende a atenção do público, onde queremos explorar mais desse mundo virtual junto com os personagens, e cada referencia a cultura pop é espetacular. Talvez, o que muita gente pode não gostar, é porque as vezes, o mundo virtual parece muito um jogo de videogame, principalmente em uma enorme batalha, parecendo um pouco artificial.

Spielberg traz de volta a “aventura em grupo”, algo como Os Goonies, onde os personagens se juntam para derrotar um inimigo comum. Os avatares do OASIS não são as pessoas do mundo real, e fica no ar aquela surpresa de quem é quem. Parzival é o nome no jogo, mas na vida real é Wade, interpretado por Tye Sheridan), e completam o seu grupo, Samantha/ Art3mis (Olivia Cooke), Lena Waithe Helen Harris/Aech (Lena Waithe), Toshiro/Daito (Win Morisaki) e Zhou / Sho (Philip Zhao), todos em perfeita sintonia. O vilão é Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn), onde sua motivação é encontrar as chaves e controlar a OASIS, que se vê ameaçado por Wade. Mark Rylance da vida ao milionário Halligan, carismático e apaixonado pela cultura pop dos anos 80 e 90, é o responsável pela criação do jogo disputado por milhares de usuários.

Jogador N° 1 é puro entretenimento, diversão garantida, com um espetáculo visual e muitas cenas de ação vibrantes, além das inúmeras referencias a cultura da década de 80 e 90. É o pai Steven Spielberg em sua melhor forma, aquela do inicio de sua carreira, onde nos levava para mundos grandiosos que nos fazia esquecer da realidade por duas horas. O filme termina de uma forma bastante emotiva e sincera, onde tudo pelo que os personagens passaram, valeu a pena, o mesmo sentimento que o público tem quando termina. Além, claro, da pura nostalgia.