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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | INFERNO

Atualizado: 23 de mar. de 2022



Lançado em 2006, O Código da Vinci foi um enorme sucesso de bilheteria e critica, impulsionado pelos fãs do livro no qual o filme adaptou para o cinema, escrito por Dan Brown. O diretor Ron Howard foi o responsável pelo filme, e Tom Hanks interpreou o personagem principal, o professor Robert Langdon, no qual ambos retornaram para a adaptação de outro livro do autor, Anjos e Demônios. Além desses dois livros, Dan Brown escreveu outros quatro: Fortaleza Digital, Ponto de Impacto, O Símbolo Perdido e Inferno, e, obviamente, mais um desses seria adaptado para o cinema. Após um hiato de sete anos, foi decido que Inferno seria a próxima adaptação para o cinema.


Os livros de Dan Brown são bons porque seguem a linha narrativa de investigação, assim como os filmes, com pistas e segredos: em O Código da Vinci, Robert Langdon investigava a linhagem de Jesus Cristo através de obras do pintor Leonardo Da Vinci, e em Anjos e Demônios, ele enfrentou Illuminattis para encontrar uma substância perigosa. Agora, em Inferno, o professor terá que lutar contra o tempo e procurar nas obras de O Inferno de Dante Alighieri e Sandro Botticelli, pistas sobre o paradeiro de um vírus que poderá matar mais da metade da população mundial. Sem o glamour dos filmes anteriores, e sem muitos elementos novos, Inferno consegue entreter o espectador, e acabou sendo subestimado demais. Rpm Howard retorna na direção, e no elenco estão Tom Hanks, Felicity Jones, Omar Sy, Irrfan Khan e Sidse Babette Knudsen.


O professor Robert Langdon (Tom Hanks), acorda em um hospital com perda de memória. Com a ajuda da médica Sienna Brooks (Felicity Jones), ele descobre estar com um cilindro, e percebe que estava numa missão importante. A polícia internacional está atrás desse cilindro, e Langdon e Sienna tem que correr contra o tempo para descobrir a localização de um vírus poderoso, antes que fanáticos consigam espalha-lo.


Inferno segue a mesma linha narrativa das outras adaptações, sem muitas novidades, mas o roteiro prende a atenção, tem um ritmo frenético, deixando o espectador curioso para saber o que vai acontecer; talvez não da mesma forma como os outros filmes. Correria, perseguição, e mais correrias, o início de Inferno empolga, mas como nada muda muito durante a trama, o filme cansa, até quando chega mais para o final, que dá uma acelerada no ritmo, com muita confusão, causando uma certa tensão no espectador para que tudo termine bem. O roteiro explica, detalhadamente, tudo o que acontece no filme, as pistas e o significado de cada obra. Isso não é ruim, pelo contrário, mas fica tudo muito mastigado para o espectador, e muitas vezes, não temos a chance de tentar decifrar os enigmas. A história é interessante, tem muitos mistérios, e até uma reviravolta inesperada que não tinha nos dois outros filmes, e como de costume, existe grupo religioso, mas sem grande destaque como em Anjos e Demônios e O Código da Vinci, e isso era um grande charme para a produção, e deixava tudo ainda mais interessante.



Se, por um lado, o enredo pode não empolgar a maioria, por outro, os belos cenários são um deslumbre para os olhos, e nesse quesito, se assemelha muito com O Código da Vinci. O professor Langdon, e sua companheira Sienna, passam por Florença, Veneza, Istambul, entram em belos museus e pontos turísticos das cidades, investigando obras, onde são perseguidos pela polícia internacional. Vale destacar também, a forma como o Ron Howard mostrou as visões de Langdon, com cenários pegando fogo, ondas de sangue, pessoas deformadas, tudo de acordo com a obra O Inferno de Dante. Ótimos efeitos especiais, um grande destaque que não tinha nos outros filmes.


Comum nas obras de Dan Brown, o professor Langdon sempre está acompanhado de uma personagem feminina. Em O Código da Vinci, Sophie Neveau, interpretada pela atriz francesa Audrey Tatou, era a companheira de Langdon em sua jornada. Já em Anjos de Demônios, era Vittoria Vetra, interpretada pela atriz israelense Ayele Zurer. Agora, em Inferno, é a vez da atriz britânica Felicity Jones embarcar nas aventuras de Langdon. A sintonia entre Tom Hanks e Audrey Tatou, no primeiro filme, era ótima e convencia, diferente da com Felicity Jones. Ela tem uma atuação no automático, sem muita emoção, não cativa o espectador, e seus motivos não convencem ninguém, e a cara fechada dela não ajuda em nada. Hanks também não está tão à vontade como nos outros filmes, mas nada que prejudica a produção, afinal, ele é o professor Langdon. Os coadjuvantes também não ajudam muito, e nenhum tem carisma, ou algo parecido, para que o espectador se identifique. Uma pena, e mesmo não tendo um grande elenco, como nos outros, tem rostos bastantes conhecidos, como Ben Foster, Omar Sy (Jurassic World) e Irrfan Kahn (As Aventuras de Pi, Jurassic World).


A longa espera de sete anos pode ser um dos motivos do fracasso de Inferno, já que Dan Brown, e seus livros, não são mais tão famosos nos dias de hoje. E mesmo com vários defeitos, o filme não é ruim, tem mistério, investigação, assassinatos, perseguição, belos cenários, mas sem o glamour, a magia e a emoção que tinha em O Código da Vinci e Anjos e Demônios. É um filme que diverte, empolga, lança ótimas questões sobre a vida, mas não consegue desenvolve-las o suficiente para marcar o espectador. É apenas razoável. Originalmente, era para ter sido O Símbolo Perdido a próxima adaptação, mas o estúdio optou por Inferno. Será que foi um erro? Na literatura, as histórias de Dan Brown podem dar sempre certo, mas no cinema, talvez não tanto mais quanto antes. E qual será a próxima adaptação? Só existe mais um livro que o professor Robert Langdon aparece.





INFERNO


Ano: 2016

Direção: Ron Howard

Elenco: Tom Hanks, Felicity Jones, Omar Sy, Irrfan Khan e Sidse Babette Knudsen



NOTA: 7,0













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