CRÍTICA | INDIANA JONES E A ÚLTIMA CRUZADA

Atualizado: 4 de jul. de 2023

Dirigido por Steven Spielberg e lançado em 1982, Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida é um genuíno e clássico filme de aventura do cinema que combinou perfeitamente o humor com as cenas de ação, e se tornou um enorme sucesso. Anos depois, o diretor lançou O Templo da Perdição, considerada a aventura mais sombria do arqueólogo e a que mais dividiu opinião entre o público e crítica, com uma diferença de lançamento de apenas três anos entre os dois filmes. Ainda antes do lançamento do primeiro filme, Spielberg e George Lucas prometeram produzir uma trilogia, e cinco anos depois, em 1989, eles lançariam Indiana Jones e A Última Cruzada, o melhor filme de toda a franquia.

Apesar da ótima bilheteria de O Templo da Perdição, a produção meio que assustou o público com as suas polêmicas – o tom mais sombrio, os rituais, a sequência do jantar -, e para se redimir a dupla prometeu fazer algo mais leve, e por isso a demora maior para finalizar a trilogia. Trazendo de volta os nazistas como os vilões mais famosos da franquia, A Última Cruzada é envolvente, divertido, com muitas cenas de ação, humor na medida certa, e uma participação superespecial de Sean Connery interpretando o pai de Indiana Jones. Na trama, Indy (Harrison Ford) precisa descobrir onde está o Santo Graal, o cálice que Jesus Cristo usou na Santa Ceia. Além disso, ele descobre o seu pai, o dr. Henry Jones (Sean Connery) foi sequestrado pelos Nazistas, que também estão atrás do cálice. Alison Doody, Julian Glover, John Rhys-Davies e Denholm Elliott também estão no elenco.

A Última Cruzada começa diferente, e somos apresentados a um jovem garoto chamado Indiana Jones roubando o artefato de um caçador alegando que o objeto deveria estar em um museu. Então, uma longa perseguição começa, onde descobrimos a sua paixão pela arqueologia, o seu medo de cobras, e como conseguiu o seu chicote e o famoso chapéu. Mas isso não é um começo qualquer, e sim estamos presenciando a história de origem de Indiana Jones em uma eletrizante sequência inicial. Para interpretar Indy mais novo, foi escolhido o jovem ator em ascensão na época, River Phoenix, irmão do ator Joaquin Phoenix (Sinais, Coringa), indicado pelo próprio Harrison Ford que havia atuado com ele no filme Costa do Mosquito. River conseguiu imitar os trejeitos de Ford perfeitamente, e sua interpretação foi bastante elogiada. Infelizmente, o jovem ator teve um fim trágico, e faleceu em 1993 em uma casa noturna em Hollywood por overdose de drogas.

Logo depois, descobrimos a missão de Indy – procurar o cálice que Jesus Cristo usou na última ceia -, e assim começa mais uma grande aventura de Indiana Jones, trazendo novamente os nazistas como os vilões, visitando vários lugares (mais do que os dois filmes anteriores juntos), como Veneza, Alemanha, um castelo medieval na Áustria, e fugindo de bandidos o tempo todo usando motos, carros, um dirigível, avião, túneis cheios de ratos, e até tanques de guerra, além de confrontos com os nazistas. Indiana Jones e a Última Cruzada é repleto de sequências de ação, uma intensa corrida contra o tempo na busca pelo cálice, e ainda tem as clássicas situações inusitadas em que os personagens se metem. Uma delas é um fatídico encontro cara a cara com Adolf Hitler.

Mas a grande surpresa de A Última Cruzada é a participação superespecial de Sean Connery, que interpreta o pai de Indiana Jones (Harrison Ford). E isso é um fato muito curioso. Para quem não lembra, Steven Spielberg queria dirigir um filme da franquia 007, mas aí veio o seu amigo George Lucas com a ideia de um filme sobre um arqueólogo chamado Indiana Jones, seguindo a mesma lógica dos filmes de James Bond, mas em um tom de aventura matinê, e assim surgiu Os Caçadores da Arca Perdida. Sean Connery foi o primeiro ator a interpretar James Bond nos cinemas, e a dupla de amigos convidou o ator para interpretar Henry Jones, o pai de Indy.

A adição de Sean Connery é o maior acerto de A Última Cruzada, e de toda a franquia. A dinâmica entre Connery e Harrison Ford é perfeita, e eles conseguem ter uma interação que diverte o público a todo instante, seja com os diálogos engraçados ou as implicâncias um com o outro, principalmente durante as perseguições. Esse é o grande diferencial da franquia, e o que deixa a produção ainda mais divertida e gostosa de assistir. Mas a relação entre pai e filho não é tão simples, e o roteiro mostra que existem situações do passado que requerem uma conversa para tudo se resolver, apesar de essa parte não ser bem desenvolvida.

Harrison Ford continua o mesmo de sempre, com suas atrapalhadas, o humor, e as enrascadas que se mete, mas é notável uma certa evolução por causa da adição de Sean Connery como o pai do personagem. Connery está muito bem à vontade no seu papel de Henry Jones, trazendo um carisma incrível e uma simplicidade adorável. John Rhys-Davies, o amigo de Indy que mora no Egito, e Denholm Elliott (o reitor do museu, e amigo de Indy) também retornam, servindo mais como alívios cômicos. E claro, temos a nova namorada de Indiana Jones, a dra. Elsa Schneider. Depois de Karen Allen e Kate Capshaw, é a vez de Alison Doody interpretar o interesse romântico do personagem, que tem intenções duvidosas.

Indiana Jones e A Última Cruzada se tornou um enorme sucesso de bilheteria e crítica, arrecadando mais de U$ 474 milhões no mundo todo – a maior arrecadação da trilogia original -, além de ter vencido o Oscar de Edição Melhor de Som. Steven Spielberg consegue equilibrar ação e comédia perfeitamente, principalmente na interação entre Indiana Jones e seu pai, com sequências de ação intensas, muita perseguição, uma trama envolvente e com muito humor, trazendo de volta o tom mais investigativo que Os Caçadores da Arca Perdida tinha. Incrível como uma sequência final tão simples mostrando Harrison Ford, Sean Connery, Denholm Elliott e John Rhys-Davies correndo a cavalo em direção ao pôr-do-sol, consegue se tornar uma das maiores conclusões de uma franquia da história do cinema. A Última Cruzada é um dos maiores filmes de aventura já feito, e o melhor filme da franquia do arqueólogo, e professor, Henry Jones Jr., conhecido por todos como Indiana Jones.