top of page
Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | INDIANA JONES E A RELÍQUIA DO DESTINO



Nesses mais de 40 anos de existência, o arqueólogo mais famoso do cinema – Indiana Jones (Harrison Ford) -, já enfrentou nazistas que queriam a arca da aliança dos dez mandamentos, também enfrentou a ira de um feiticeiro, mais nazistas que queriam o cálice que Jesus Cristo usou na última ceia, e foi atrás de uma caveira de cristal alienígena. Indy já foi torturado em um ritual satânico, passou por armadilhas mortais, encontrou um cavaleiro medieval, fugiu de várias tribos indígenas e de animais asquerosos. Também conheceu várias mulheres, encarou Adolf Hitler cara a cara, e se aventurou com sua quase esposa Marion (Karen Allen), seu pai Henry Jones (Sean Connery), e seu filho Mutt (Shia Labeouf). Indiana Jones tem uma bagagem cheia de memórias das suas aventuras, e mesmo que tenha bebido no cálice sagrado que concede a vida eterna, ele não ficou imune ao tempo.


Quarenta e dois anos depois, Harrison Ford chega na sua quinta e última aventura no papel do arqueólogo e professor universitário nas horas vagas, mostrando que grandes heróis e aventureiros também envelhecem, e não tem nada de errado com isso. Em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, Indy está “aposentado de suas aventuras”, mas continua dando aula na universidade, além de morar sozinho em um pequeno apartamento alugado. Indy não tem mais o mesmo espírito de aventura antes, está desmotivado, e não vê a hora de se aposentar realmente. Mas tudo muda com a chegada de Helena (Phoebe Walter-Bridge), que eleva o espírito aventureiro perdido dentro dele ao convencê-lo a encontrar a outra metade da Anticífera, um dispositivo criando pelo matemático Arquimedes que é capaz de viajar no tempo. Mas eles não são os únicos que querem encontrar a relíquia: o nazista Jurgen Voller (Mads Mikkelsen), que também já trabalhou para o governo americano, quer usar a Anticífera para fins pessoais. Antonio Banderas, Toby Jones, John Rhys-Davies e Ethann Isidore também estão no elenco.


A Relíquia do Destino começa com Indiana Jones rejuvenescido digitalmente enfrentando seus inimigos favoritos, os nazistas, em uma longa e intensa sequência que serve para introduzir a Anticífera na trama. Logo após, vemos Indy já mais velho, aposentado de suas aventuras, e também quase se aposentando da carreira de professor universitário. Para quem conhece o personagem desde o início, é estranho vê-lo dessa forma, mas sabemos que o tempo pode ser cruel. No novo filme, Indy corre, pula de paraquedas, dirige carros em alta velocidade, luta com os inimigos, e até mergulha, mas não com a mesma energia de antes, e essa diferença é bem visível. Faltou também mais humor durante as sequências de ação, marca registrada da franquia. Porém, Harrison Ford da conta do recado muito bem, se esforça e prova mais uma vez que ele é o maior herói dos filmes de aventura, e dessa vez o personagem está mais sentimental, como se fosse a sua última aventura.



James Mangold, que também assinou o roteiro, logo nos situa em qual ano a trama se passa – 1969, durante a corrida espacial, mostrando o retorno dos tripulantes da Apollo 11 da lua -. A história de A Relíquia do Destino é bem diferente do que a gente já assistiu, traz bastante referências aos outros filmes da franquia, lembra muito as aventuras antigas de Indy, é bem desenvolvida e tem uma carga emociona grande. A nostalgia é forte aqui. O problema é que a trama não se arrisca, tudo é normal e sem grandes surpresas ou situações exageradas. Sabemos que a sorte sempre ajuda Indiana Jones quando ele se mete em alguma enrascada, mas até isso falta um pouco. Mesmo assim, nada disso interfere na diversão: Mangold cria várias sequências de ação contagiantes, levando o personagem até para o fundo do mar, nos destroços de um navio naufragado. Já o trecho final remete às primeiras aventuras de Indy. Alguém aí estava com saudades dos insetos grandes e nojentos subindo pela roupa dos personagens?


Uma ótima surpresa de A Relíquia do Destino é Phoebe Waller-Bridge, que interpreta Helena Shaw, afilhada de Indy. “Wombat”, apelido carinhoso da personagem, também é apaixonada por arqueologia, mas falta caráter e honestidade, e apesar de um pouco chata e trapaceando nosso arqueólogo preferido toda hora, é uma personagem divertida e cativante que acaba ganhando mais destaque nas sequências de ação. Junto com ela está o garotinho Teddy Kumar (Ethann Isidore), que participa dos roubos ao lado de sua amiga, servindo como um alívio cômico. Também é uma ótima adição à franquia, lembrando o pequeno Short Round de O Templo da Perdição. Já o vilão da vez é Jürgen Voller, muito bem interpretado por Mads Mikkelsen, um ex-nazista que muito ajudou o governo americano – inclusive a levar os astronautas para a Lua -. Voller está à procura da Anticifera, tem motivações bem surreais e o personagem não é bem aprofundado, além de contar com a ajuda de seus capangas atrapalhados, todos agentes americanos.



Indiana Jones já viu fantasmas ao redor da arca da aliança, enfrentou feiticeiros e seus rituais satânicos, se encontrou com um cavaleiro medieval, e ainda ficou cara a cara com um extraterrestre. E o que será que o personagem vai encontrar agora? O terceiro ato de A Relíquia do Destino é um dos mais interessantes da franquia, e seria um final incrível para o personagem que nos encantou ao longo de mais de quarenta anos, se não fosse por...; mas pensando bem, um mundo sem Henry Jones Jr. não seria a mesma coisa. Misturando nostalgia e viagem no tempo, Indiana Jones e a Relíquia do Destino não é o melhor filme da franquia do arqueólogo e professor nas horas vagas, mas é um fechamento digno e emotivo para o personagem, trazendo uma trama bem amarrada com um ritmo ágil, e ótimas sequências de ação que fazem referencias as antigas aventuras do personagem; é pura nostalgia, mas não se prende a isso. Podia ser mais criativo e exagerado – com exceção do final -? Sim. Poderia ser melhor? Sim. James Mangold acerta no tom, mantém toda a magia que Steven Spielberg e George Lucas vinham trazendo ao longo dos anos, mas claro, a falta da dupla na produção fez muita diferença. E felizmente, não para o lado ruim.



INDIANA JONES E A RELÍQUIA DO DESTINO (INDIANA JONES AND THE DIAL OF THE DESTINY)


Ano: 2023

Diretor: James Mangold

Duração: 142 min

Distribuidora: Disney

Elenco: Harrison Ford, Phoebe Walter-Bridge, Mads Mikkelsen, Antonio Banderas, Toby Jones, John Rhys-Davies e Ethann Isidore



NOTA: 9,0
















12 visualizações0 comentário

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page