Um dos filmes mais assustadores é Hellraiser, de 1987, e as suas nove sequências ao longo dos anos. É assustador porque se imaginar no lugar dos personagens sofrendo mutilações e torturas, chega até doer na gente; quem já assistiu, deve entender. A franquia Hellraiser foi criada por Clive Baker, e impactou na época que foi lançada, apresentando os Cenobitas, criaturas monstruosas do inferno que são liberadas através de um cubo mágico. O líder dos Cenobitas era o assustador Pinhead, com pregos grudados no rosto, e além dele, havia outras criaturas tenebrosas tão marcantes quanto. O filme original resultou em uma penca de continuações, um pior do que o outro – até o terceiro foi bom -, enterrando de vez a franquia dos Cenobitas mais amados do cinema. Até que temos esse Hellraiser, de 2022, décimo filme da franquia, que não é uma sequência e sim um remake, uma releitura do clássico de 1987, mantendo todo o universo criado por Clive Baker. Na trama, Riley (Odessa A’zion), e o seu namorado, Trevor (Drew Starkey), encontram o cubo mágico e acabam liberando os Cenobitas. Agora, a cada movimentação do cubo, Riley precisa sacrificar alguém para se livrar da maldição. Brandon Flynn, Goran Višnjić, e Jamie Clayton estão no elenco.
Dirigido por David Bruckner, de VHS e O Ritual (2017), o novo Hellraiser não tem a intenção de copiar o original, e sim, ser uma nova versão mais atualizada, não precisando assistir o original para entender a história, além de ter várias referências da franquia que os fãs vão perceber facilmente. O novo roteiro é eficiente em apresentar a mitologia dos Cenobitas, e todo o universo da franquia, as torturas, e tudo mais, criando uma atmosfera bem interessante e imersiva. Porém, a trama não colabora muito, tem alguns furos e vários clichês que acabam cansando o espectador, ainda mais com as suas duas horas de duração. O ponto forte são as criaturas do submundo, criados com efeitos práticos e um CGI bom, dando uma repaginada nesses clássicos personagens que assustaram uma geração; antes eles usavam roupa de couro. Além disso, as torturas no estilo sadomasoquista, clássico da franquia, marcam presença na produção, com bastante violência e algumas cenas fortes.
Sem a presença de Doug Bradley, que interpretou Pinhead, o líder dos Cenobitas, nos filmes antigos, agora o personagem ficou à cargo de Jamie Clayton, da série Sense 8, dar vida ao icônico vilão, trazendo uma versão feminina tão assustadora quanto a de Bradley. A atriz faz um ótimo trabalho, seja nos trejeitos, nos gestos, nas expressões, em tudo, convencendo o público de que aquilo pode ser real e assustador. Odessa A’zion também se destaca como a protagonista Riley, que liberta as criaturas, além de rostos mais conhecidos, como Goran Višnjić (da série E.R.), e Brandon Flynn, de 13 Reasons Why, que aparecem bem menos na trama, mas tem papéis importantes no roteiro.
Se você não assistiu a franquia original, assista para poder fazer uma comparação com o reboot, e entender as referências, mas somente até o terceiro filme, porque os outros são só ladeira a baixo. Com esse novo filme de Hellraiser, David Bruckner consegue trazer um novo frescor à franquia, em um filme bem diferente, esteticamente assustador, com vilões repaginados, muito sangue e violência. Apesar dos deslizes no roteiro, e da longa duração desnecessária, Hellraiser é um filme que vai agradar os fãs, trazendo todos os elementos desse aterrorizante e doloroso universo das criaturas, com inúmeras referências à franquia original. Não supera o filme de 1987, e o segundo (que acho pouco mais interessante), que são mais marcantes e pesados do que esse remake, porém, é um filme à altura, e um ótimo recomeço para a franquia dos Cenobitas.
HELLRAISER: RENASCIDO DO INFERNO (HELLRAISER)
Ano: 2022
Direção: David Bruckner
Elenco: Odessa A’zion, Drew Starkey Brandon Flynn, Goran Višnjić, e Jamie Clayton.
NOTA: 8,0
Comments