Halloween: A Noite do Terror, lançado em 1978, é um dos primeiros filmes que popularizaram o terror slasher adolescente, que teve como antecessor o assustador O Massacre da Serra Elétrica. Depois de Michael Myers, veio Jason Voorhes, com Sexta Feira 13, e por fim, Freddy Krueger, com A Hora do Pesadelo. Formando a “trindade” dos assassinos mascarados, os três vilões são considerados alguns dos maiores personagens do cinema, com inúmeras continuações que duram até hoje.
Mas o foco aqui é Michael Myers, o assassino que mata as babás na noite de Halloween. Depois de várias continuações, onde até um remake teve, em 2007, o diretor David Gordon Green, e a produtora Blumhouse, decidiram reviver a franquia com o ótimo Halloween, lançado em 2018. Ao invés de uma nova refilmagem, a produção tinha uma ligação direta com o primeiro filme de 1978, esquecendo Halloween 2 e todas as sequências lançadas até então. A ideia era fazer uma nova trilogia, totalizando quatro filmes com o original, criando assim, uma nova linha de tempo na franquia de Michael Myers. Halloween Kills – O Terror Continua, que era para ter estreado em outubro do ano passado, mas foi adiado devido a pandemia, finalmente estreou nos cinemas, continuando instantes depois do fim do longa de 2018, na mesma noite do Halloween. Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichak e Dylan Arnold retornam na sequência.
De início, Halloween Kills pode parecer uma bagunça, causando muita confusão no espectador com cenas que retornam à fatídica noite de Halloween, do primeiro filme. Sem muitos spoilers, mas fica como uma “ajuda” para entender, o enredo cria novas situações que no filme de 78 não tinha, mas que são importantes para essa nova história. Com a trama voltando aos trilhos, a produção começa minutos depois do Halloween de 2018, com Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), junto com sua filha, Karen (Judy Greer) e a neta Allyson (Andi Matichak), indo para o hospital após “matarem” Michael Myers queimado. Mas óbvio que o vilão não morreu, e ele começa uma nova matança em Haddonfield. Porém, a cidade está revoltada, e alguns moradores decidem acabar de vez com Michael, tendo como líderes dessa “revolução”, Tommy (Anthony Michael), Lindsay (Kyle Richards) e Marion (Nancy Stephens), sobreviventes dos assassinatos do filme original.
O filme de 2018 foi um enorme sucesso por manter a tensão e o suspense psicológico o tempo todo, juntamente com mortes violentas, seguindo a mesma linha do clássico de 78. Em Halloween Kills, acontece ao contrário: o suspense diminui bastante (mas ele está lá sim), porém, as mortes são brutais, as mais violentas e sanguinárias de toda a franquia, com sequências de assassinatos longas e divertidas; para os fãs de filmes slashers, é um prato cheio de sangue. Há também muito humor e situações engraçadas envolvendo certos personagens que antecedem as cenas brutais de assassinatos, como o casal gay Big John e Little John, que seguem a linha clichê de personagens burros em filmes de terror (o destino você já deve imaginar). Aliás, o clichê é algo que não aparece muito, há sim alguns, mas são básicos para o gênero, e o absurdo vai para algumas mortes e situações constrangedoras.
Halloween Kills tem um monte de personagens, alguns são novos, mas outros são do filme anterior, e temos o reaparecimento dos sobreviventes do filme de 1978. Jamie Lee Curtis, Judy Greer e Andi Matichak retornam aos seus papéis, e aqui, o maior erro foi deixar Laurie Strode de coadjuvante. Curtis fica o filme todo em um hospital, lembrando muito Halloween 2, de 1981, apesar de ela participar de uma longa sequência no local. A personagem é a alma da franquia, e vê-la nessa posição é um tanto frustrante. Os destaques são os personagens do original, Tommy (Anthony Michael), Lindsay (Kyle Richards) e Marion (Nancy Stephens), que sobreviveram aos ataques. Tommy e Lindsay são as crianças que Laurie Strode ficou de babá, e Marion é a enfermeira que estava com o psiquiatra de Michael Meyers, o dr. Loomis. Aliás, Kyle e Nancy são as mesmas atrizes que interpretaram os personagens a 40 anos atrás. Trazer de volta esses personagens foi muito interessante, e é legal vê-los depois de todo esse tempo, mas deu a sensação que estavam no filme só pela nostalgia, já que o roteiro não dá muito sentido para a volta deles, a não ser se vingar de Michael, e...
Por trás de toda a violência e os assassinatos, Halloween Kills: O Terror Continua aborda a paranoia e a desinformação como crítica social, resultando na famosa “justiça com as próprias mãos” e suas consequências. E é exatamente isso que os moradores de Haddonfield querem fazer. No fim, a produção é tão boa quanto o filme de 2018, tem seus momentos de terror e tensão, e tem como bônus ser mais violento e com muito sangue, elementos básicos do subgênero slasher. A trama tem seus momentos ruins e absurdos, e por trazer monte de personagens e pode confundir um pouco o espectador, mas Halloween Kills tem o seu charme e a história é o que menos importa em franquias como essa. É um dos melhores filmes de terror dos últimos anos. Resta agora saber como será o capítulo final, Halloween Ends, que tem previsão de lançamento para 2022. Michael Myers está brutal e mais temível do que antes, a verdadeira personificação do mal, difícil de ser derrotado.
HALLOWEEN KILLS - O TERROR CONTINUA (HALLOWEEN KILLS)
Ano: 2021
Direção: David Gordon Green
Distribuidora: Universal Pictures
Duração: 105 min
Elenco: Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichak, Dylan Arnold, Anthony Michael, Kyle Richards e Nancy Stephens.
NOTA: 9,0
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