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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | HALLOWEEN H20 - VINTE ANOS DEPOIS

Atualizado: 25 de out.



O slasher é um subgênero do terror onde um assassino mascarado começa a matar um monte de personagens, na maioria jovens, e que tem uma “final girl” (a última sobrevivente, a mocinha). O percursor desse subgênero é o clássico “O Massacre da Serra Elétrica”, de 1974, e posteriormente “Halloween – A Noite do Terror”, em 1978, para depois Sexta-Feira 13 popularizar o slasher de vez; ainda tem o “A Hora do Pesadelo”, com uma estrei tardia em 1984. Após intermináveis continuações dessas promissoras produções, o slasher decaiu bastante, tendo o seu “final” na primeira metade dos anos 90. Mas foi em 1996 com o já falecido diretor Wes Craven que esse subgênero voltou para ficar de vez com o lançamento de Pânico, o filme do famoso ghostface, que rendeu 3 continuações ainda nos anos 90 e que já se encontra no sexto filme atualmente.


O “efeito Pânico” foi tão forte, que rendeu um monte de produções parecidas, sendo Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado, Lenda Urbana, e as continuações de Pânico, os mais famosos da época. Entre esses, Halloween H20 – Vinte Anos Depois fazia sua estreia, e acabou se tornando uma pérola da franquia de Michael Myers, tendo em vista as cinco continuações de Halloween que fracassavam a cada lançamento. Ignorando os eventos a partir do segundo filme, H20 surfou muito na onda de Pânico, e isso foi um dos motivos que o tornou um dos melhores da franquia. Dirigido por Steve Miner, que já havia dirigido Sexta-Feira 13 – Parte 2 e 3, a trama traz o retorno de Jamie Lee Curtis no papel de Laurie Strode, mas que agora se chama Keri Tate, que se tornou uma professora em uma escola privada na California, e já tem um filho de 17 anos, John (Josh Hartnett). No halloween do ano de 1998, 20 anos depois dos eventos do primeiro filme, Michael Myers a reencontra e dá início a sua vingança.



Halloween H20 é uma continuação direta dos dois primeiros filmes, Halloween – A Noite do Terror (1978) e Halloween 2 – O Pesadelo Continua (1981), e funciona como uma repaginada para a franquia. Lançado em 1998, o filme de Steve Miner acabou pegando muitos elementos dos filmes slashers da segunda metade dos anos 90, que foi revitalizado pelo clássico instantâneo Pânico, em 1996; aliás, H20 pegou várias referências aos dois primeiros Pânico: o uso da metalinguagem, a trilha sonora, as cenas de perseguição - tem até uma cena de Pânico 2 que aparece na TV -, e isso tudo foi o grande diferencial para a produção se destacar. O roteiro de Robert Zappia e Matt Greenberg explora o drama de Laurie Strode em relação ao seu irmão, Michael Myers, e todos os eventos mostrados no filme de 78 que a deixaram traumatizada, além da sua relação conturbada – e protetora – com o seu filho, Josh, que completou 17 anos (a mesma idade que Laurie tinha no primeiro filme).


O único problema de Halloween H20 é a demora para Michael Myers começar a matança, ainda mais com a sua curta duração de 1h26 minutos. Com exceção da sequência inicial, o assassino leva mais da metade do tempo para encontrar Laurie Strode e causar o terror. Pelo menos a história é bem desenvolvida, o suspense que vai se criando é ótimo, e temos personagens carismáticos, e até os clichês típicos do gênero não atrapalham tanto – talvez os sustos sejam exagerados, mas na época do filme era mais aceitável -. O ponto forte de H20 é o ritmo frenético das perseguições, que começam mesmo lá pelos 45/ 50 minutos de duração, e se estendem até o desfecho. Bebendo da fonte de Pânico, Steve Miner dirige muito bem as cenas, com sequências similares as de Pânico, favorecidos pelo cenário da escola privada que mais parece uma prisão, principalmente os de dentro da escola – e especial a sequência da cozinha -, tudo com bastante sangue e violência; até a trilha sonora de Marco Beltrami é parecida com as de Pânico 1 e 2. Além disso, a música tema da franquia ganha uma versão um pouco diferente, mas os fãs não precisam ficar tão indignados, já que o clássico tema toca nos créditos finais. Destaque também para a música “What This Life For”, do Creed, banda bastante famosa da nova safra dos slashers, assim como outras.



É interessante você assistir ao filme e reparar nos atores que estão no elenco, onde a maioria estavam no início de suas carreiras. Jamie Lee Curtis, que protagonizou Halloween 1 e 2, retorna pela terceira vez ao papel de Laurie Strode, uma das primeiras “final girls” do cinema. Agora se chamando Keri Tate, ela forjou a sua própria morte para poder viver em paz – pelo menos é o que ela achava -, devido aos assassinatos cometidos pelo seu irmão onde todo ano ela entra em pânico próximo ao dia 31 de outubro. Claro que Laurie se rende aos típicos clichês de personagens traumatizadas, incluindo o vício do álcool e a paranoia. Em Halloween 4 – O Retorno de Michael Myers, descobrimos que Laurie Strode tinha uma filha, Jamie Loyd (e consequentemente sobrinha de Michael), que também esteve no quinto e sexto filme. Pelo fato de H20 ignorar os eventos depois do segundo filme, os roteiristas colocaram um filho, John, interpretado por Josh Hartnett em um de seus primeiros papeis em Hollywood. Quem retorna também é a atriz Nancy Stephens, que interpreta a enfermeira do dr. Loomis, Marion Chambers, morta na sequência inicial.


O elenco coadjuvante também é um destaque a parte, com alguns rostos já conhecidos, mas a maioria eram novatos e são mais renomados nos dias de hoje. Começando pela sequência inicial, temos Joseph Gordon-Lewitt com apenas 17 anos, que ajuda Marion a descobrir quem invadiu sua casa. Michelle Williams, indicada ao Oscar e Globo de Ouro também estava no elenco, interpretando a namorada de John, Molly, e LL Cool J como o porteiro Rony, um alívio cômico que desempenha um papel muito importante. Dos atores mais conhecidos, tinha Adam Hann-Byrd (melhor amigo de John), que participou de Jumanji em 1995 e Tempestade de Gelo em 1997, e Adam Arkin (filho do falecido ator Alan Arkin, de Pequena Miss Sunshine), que pegava papeis mais coadjuvantes. E tem a participação muito especial e curiosa de Janeth Leigh. Para quem não sabe, a atriz interpretou Marion Crane em Psicose (1960), clássico de Alfred Hitchoock, a personagem que morreu assassinada no chuveiro, e que também é mãe de Jamie Lee Curtis na vida real.



Junto com a trilogia Pânico, Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, Prova Final, e Lenda Urbana, Halloween H20 – Vinte Anos Depois entra para a lista dos melhores filmes da retomada do slasher nos anos 90, além de ter revitalizado a franquia de Michael Myers após sequências medianas. A trama é bem conduzida, tem bastante referências aos outros filmes, personagens carismáticos, e as poucas perseguições e cenas de mortes são eletrizantes e com muito sangue. H20 é um dos melhores filmes de toda a franquia, e a sua clara inspiração em Pânico e nos slashers da metade dos anos 90, o tornaram uma pérola do gênero, amado pelos fãs. Uma questão fica em aberto: onde Michael Myers estava durante esses 20 anos? E como ele sobreviveu ao incêndio no hospital em Halloween II? Mas será que precisava mesmo de uma resposta? Jamie Lee Curtis relutou bastante em retornar para o papel de Laurie Strode, e apesar de algumas discordâncias imaginativas – ela queria que com Halloween H20, a franquia acabasse de vez, mas os produtores não -, tudo deu certo, aparentemente. Mas contrariando a nossa “final girl”, tivemos o terrível Halloween – Ressurreição, uma refilmagem até que interessante em 2007 e 2009, e um outro reboot, em 2018, nas mãos de David Gordon Green, que rendeu uma trilogia.



HALLOWEEN H20 - VINTE ANOS DEPOIS


Ano: 1998

Direção: Steve Miner

Distribuidora: Miramax/ Dimension Filmes

Duração: 86 min

Elenco: Jamie Lee Curtis, Josh Hartnett, Michelle Williams, Adam Arkin, L.L. Cool J., e Joseph Gordon-Lewitt



NOTA: 9,5


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