CRÍTICA | HALLOWEEN ENDS

Atualizado: 25 de out.

Michael Myers é um dos maiores vilões do cinema, a verdadeira personificação do mal. A franquia teve início em 1978, e contou com diversas continuações, além de dois remakes, porém, Halloween teve um lançamento inusitado em 2018: a Blumhouse, e o diretor David Gordon Green, decidiram ignorar todas as continuações lançadas, sendo uma sequência direta do filme original, quarenta anos depois. Concebido com o uma nova trilogia, a produção de 2018 teve uma continuação em 2021, Halloween Kills, e outra lançada agora, Halloween Ends, fechando de vez (será?) a saga do assassino de babás mais famosa do cinema. Com uma trama bem diferente dos outros filmes, Halloween Ends encerra a franquia de uma forma interessante, apesar de ter recebido críticas negativas, mantendo todos os elementos clássicos que o tornaram um sucesso. Porém, será que a produção fechou a franquia de forma digna? Jamie Lee Curtis, Andi Matichak e Will Patton retornam, além de ter Rohan Campbell no elenco.

Halloween Ends traz uma abordagem que já foi vista em Halloween Kills, mas que acabou ficando um caos total – quando o mal atinge as pessoas, transformando-as completamente -. O filme de 2018 trouxe bastante referências do original, já “Kills” fez a mesma coisa ao trazer personagens do primeiro filme, além de focar mais nas mortes e na violência, um bônus. Agora, a novo capítulo segue um caminho contrário: David Gordon Green, e os roteiristas, decidiram dar mais prioridade no desenvolvimento dos personagens. A primeira parte é totalmente focada em Corey (Rohan Campbell), e em como o personagem poderá se tornar o “novo mal”, o que pode deixar os fãs mais assíduos entediados esperando as mortes. Mas essa construção é bem interessante, totalmente diferente do que estamos acostumados na franquia, além de dar repaginada. Depois disso, Halloween Ends mostra ao que veio, e temos as mortes sangrentas para entreter a gente, a trilha sonora clássica, e uma ambientação imersiva muito interessante, lembrando muito a época dos aos 70 e 80, que dá um toque mais cult para a produção.

O ponto forte de “Ends” é o roteiro, geralmente onde os filmes de terror pecam, trabalhando bastante no drama dos personagens de Jamie Lee Curtis, Andi Matichak, Rohan Campbell, e de como Haddonfield lidou com o desaparecimento de Michael Meyers. Jamie Lee Curtis é a alma de Halloween, e a atriz brilha novamente, além de ter mais tempo em tela, assim como o assassino Michael Meyers. Porém, pode parecer estranho, mas eles são deixados de lado em grande parte da produção – digo isso em relação ao roteiro. Os fãs podem se decepcionar, mas Corey é muito mais trabalhado na trama, trazendo ares novos para a franquia, um personagem que surgiu do nada, e somente nesse último filme, mas que ganhou um certo protagonismo. Allyson (Andi Matichak), a neta de Laurie Strode, está diferente de Halloween Kills, meio que traumatizada com tudo o que aconteceu, e o seu inesperado romance com Corey reforça isso. Os dois tem uma ótima sintonia, e o relacionamento deles ganha ares de um “amor proibido”, melancólico, com direito a passeios de moto, e um Corey bem no estilo “bad boy”.

Desde a primeira cena, Halloween Ends já deu dicas de que seria uma produção bem diferente das anteriores, com um roteiro mais trabalhado, e como disse, o público terá que ter paciência para esperar as clássicas mortes da franquia. Mas toda essa construção da primeira parte é muito boa. Essa nova trilogia não é apenas um slasher comum, mas sim um slasher sobre pessoas, o medo, e o mal, e como as elas podem ser bastante suscetíveis a isso. Halloween Ends traz o incrível John Carpenter como produtor, além do seu icônico tema musical, tem uma ótima imersão que remete aos anos 70 e 80, época que a franquia estava no auge – mesmo com as produções ruins -, e claro, o tão esperado embate final entre Laurie Strode e o icônico assassino Michael Meyers. Halloween sempre foi uma franquia acima da média, em comparação as outras do gênero, pois há uma história, e um drama por trás de tudo, não apenas um assassino que sai matando sem muitos motivos. E essa nova trilogia, é a prova real disso.