CRÍTICA | HALLOWEEN 4: O RETORNO DE MICHAEL MYERS

Atualizado: 24 de out.

Até hoje não entendo o terceiro filme da franquia Halloween, “A Noite das Bruxas”, que leva apenas o nome série e usa a data comemorativa – sim, Michael Myers, Laurie Strode, dr. Loomis, não estão no filme -. Halloween 3 acabou se tornando um fracasso de crítica e de bilheteria, e a franquia acabou sendo esquecida por quase dez anos. Nesse meio tempo, já haviam sido lançados seis filmes da franquia Sexta-Feira 13 e vários filmes de outra franquia que surgiu tempos depois, A Hora do Pesadelo. O terceiro Halloween casou um prejuízo significativo para a Universal, que havia perdido o interesse em produzir mais filmes. Mas o produtor da franquia, Moustapha Akkad, estava decidido em continuar com a saga de Michael Meyer, até fechar contrato com uma produtora afiliada da FOX.

Apesar das discordâncias criativas entre os produtores, foi lançado Halloween 4 – O Retorno de Michael Myers, em 1988, prometendo trazer de volta todo o espírito da franquia que ditou o subgênero do slasher. A trama é continuação direta de Halloween 2, e se passa dez anos após os eventos do segundo filme: Michael Myers havia sido queimado no hospital, mas acabou sobrevivendo. Durante a sua transferência para uma instituição psiquiátrica – igual ao primeiro filme -, o fatídico vilão consegue escapar da ambulância, não antes de descobrir que ele tem uma sobrinha, Jamie (Danielle Harris), filha de Laurie Strode. Decidido a continuar sua vingança, Myers decide ir atrás da garotinha que está morando em Haddonfield, na casa de seus pais adotivos. Ellie Cornell, Donald Pleasence, e Beau Starr também estão no elenco.

Crianças pedindo doces nas casas, o clima de interior da cidade de Haddonfield, os dramas adolescentes, Michael Myers matando insaciavelmente, finalmente o espírito do Halloween, e da franquia, está de volta. Halloween 4 – O Retorno de Michael Myers é um bom filme, é mais dinâmico, as mortes são moderadamente violentas, as cenas de perseguições são bem tensas, tem um apelo dramático eficiente – o da menininha Jamie e a sua irmã adotiva, Rachel (Ellie Cornell) -, e tem bastante suspense. O novo filme dá uma repaginada na franquia, tem várias semelhanças com o original, mas tem suas próprias ideias criativas, mostrando os efeitos que os assassinatos de Halloween 1 e 2 causaram na população de Haddonfield (isso foi explorado no recente Halloween Kills, de 2021). Mas nem tudo funciona em Halloween 4: algumas decisões criativas ficaram exageradas – a sequência do posto de gasolina, que ficou bem conveniente para a fuga de Michael Myers, dando tempo para ele chegar a Haddonfield, entre outras -, o “triangulo amoroso” chatinho de Rachel com Brady (Sasha Jenson) e Kelly (Kathleen Kinmont), além de alguns clichês do gênero.

Jamie Lee Curtis não quis retornar para a franquia, e a saída foi colocar sua filha, Jamie Loyd, que está órfã – sim, os produtores mataram Laurie Strode, e por isso Halloween H20 ignora as sequências -. Danielle Harris dá vida a garotinha Jamie, que sofre bullying no colégio por ser órfã, e o seu jeito amoroso cativa o espectador logo de início. Seus altos e baixos com a sua irmã adotiva também ajudam no apelo da narrativa, mas nada de tão emocionante como era esperado, já que as duas estão praticamente sozinhas. Donald Pleasence retorna ao papel do dr. Loomis, mas com menos impacto que em Halloween 1 e 2, e os coadjuvantes pouco se importamos, principalmente os adolescentes Brady e Kelly, que foram sacanas com Rachel.

O ato final é ok, mas irrita pela burrice dos personagens de se trancarem dentro de casa com Michael Myers, que estava escondido. Além disso, o final revelador pode mudar os rumos da franquia, e faz sentido com toda a mitologia do assassino e seu traços psicológicos. Halloween 4 – O Retorno de Michael Myers não é um filme memorável, e apesar dos seus problemas, é uma ótima continuação, traz de volta todo o clima de Halloween que havia sido perdido no terceiro filme, as cenas de perseguição continuam interessantes, os sustos fáceis, e muitas vezes parece ser uma refilmagem do primeiro filme, um típico filme slasher.