CRÍTICA | GUARDIÕES DA GALÁXIA - VOL. 3

Há muito tempo, ainda no primeiro filme, o guaxinim mais adorável do universo, Rocket (voz de Bradley Cooper), disse para seus amigos guardiões da galáxia que “não pediu para ser feito”, durante uma briga com Drax (Dave Bautista). Guardiões da Galáxia – Vol. 3, é o último filme dos heróis mais doidos da Marvel, encerrando o seu ciclo no MCU. E por ser uma despedida é claro que algum personagem teria seu passado trazido à tona, e ainda que Peter Quill (Chris Pratt) seja o líder da equipe e claramente seria a dele, o foco principal de tudo é Rocket.

Lançado em 2014 por James Gunn, Guardiões da Galáxia agradou todo mundo por misturar comédia, muita ação, e uma trilha sonora incrível dos maiores sucessos dos anos 80 e 90, em um filme divertido sobre um grupo de heróis que, acima de tudo, são uma família. E isso fica evidente nesse terceiro filme. Marcando a despedida de Gunn na Marvel (agora ele virou CEO da concorrente, DC), Guardiões da Galáxia – Vol. 3 pouco se soma ao universo cinematográfico da Marvel, é praticamente uma história à parte, mas é uma aventura emocionante, envolvente e triste, que nos guiará para o futuro do universo do estúdio. Na trama, os heróis estão refugiados em “LugaNenhum” quando Adam Warlock (Will Poulter) chega até eles causando o caos. No meio dessa confusão, Rocket acaba gravemente ferido, colocando o querido guaxinim falante em risco de morte, e para salvar seu melhor amigo – segundo melhor amigo, de acordo com Drax -, Peter Quill e sua equipe precisam ir até o local de origem de Rocket, que é comandado por Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji). Ainda estão no elenco Zoë Saldanã, Karen Gillan, Sean Gunn, e Pom Klementieff.

A trama de Guardiões da Galáxia – Vol. 3 acontece após os eventos de Vingadores: Ultimato, de 2019, e é a aventura mais emocionante da franquia, e provavelmente do MCU todo. O filme já começa de forma melancólica tocando a clássica “Creep”, da banda Radiohead, mostrando todos os personagens abatidos com tudo o que aconteceu – diferente dos outros dois filmes que começaram com músicas mais animadas, e mais ação -. Sem nenhum compromisso de fazer ligações com outros filmes da Marvel, ou fazer um gancho para uma continuação, James Gunn, que dirigiu e roteirizou todos os três filmes, teve mais liberdade criativa e conseguiu finalizar a história de todos os guardiões perfeitamente: tudo é muito bem desenvolvido, todos os arcos são finalizados de forma correta, e todo mundo tem o seu momento de destaque; afinal, é o “volume final” desses heróis.

Mas Guardiões da Galáxia – Vol. 3 é o filme de Rocket, o único que ainda faltava um desenvolvimento melhor da sua história, e James Gunn não poupa o espectador. O bichinho passou por momentos terríveis nas mãos do cientista Alto Evolucionário, mas também teve momentos de alegria quando conheceu seus colegas de prisão, Lylla (voz de Linda Cardeline), Dentes (voz de Asim Chaudhry) e Chão (voz de Mikaela Hoover), tudo através de flashbacks emocionantes, praticamente impossível não chorar. Outro personagem que se destaca é o vilão, Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji), um cientista cruel que faz experimentos com animais para criar uma nova população e colonizar algum planeta. O ator faz um personagem que convence, e assusta, todo mundo pela sua crueldade, seus momentos de fúria, ambição, e o ódio que ele tem por Rocket, tornando “Alto” um vilão poderoso.

A expectativa era grande para a introdução de Adam Warlock, interpretado por Will Poulter, no universo cinematográfico da Marvel, e esse talvez seja o único problema do filme. O ator da o carisma necessário para o personagem, mas a participação do vilão ficou muito abaixo do esperado, ainda mais em comparação com a sua importância nas HQ’s. O personagem some do nada e aparece algumas vezes aleatoriamente, e poderia ser trocado por outro personagem qualquer que não faria tanta diferença, mas Poulter se esforça e se sai muito bem, dentro das limitações. Outro problema é a aparição de Gamora (Zoë Saldanã): a personagem havia morrido em Vingadores: Guerra Infinita, e voltou sem nenhuma explicação coerente, além de que sua personagem fica de escanteio praticamente a trama toda.

Mas Guardiões da Galáxia – Vol. 3 não tem só momentos tristes e emocionantes. A trama ainda tem muito humor, situações inusitadas, momentos divertidos protagonizados, principalmente, por Mantis (Pom Klementieff) e Drax (Dave Bautista), onde os dois conseguem ter uma boa dinâmica juntos com as confusões que acabam se metendo. Essa dinâmica funciona com todo o grupo dos heróis, que conseguem ter uma incrível sintonia juntos; realmente são uma família, e dá muito certo. Além disso, os efeitos especiais estão incríveis, seja nas cenas no espaço ou quando os heróis chegam ao reino de Alto Evolucionário, assim como a trilha sonora que combina perfeitamente com cada momento, como Creep, do Radiohead, na abertura, e pela primeira na franquia, James Gunn introduz músicas dos anos 2000, como “Dog Days Are Over”, da Florence And The Machine.

Quando foi anunciado o primeiro filme da franquia, todo mundo achou estranho um grupo de heróis que tinha entre os integrantes uma arvore e um guaxinim falante, e muita gente nem sabia da existência deles, mas hoje são adorados por todos e ganharam, merecidamente, destaque entre os vingadores. James Gunn acerta em escrever um roteiro à parte do MCU, encerrando a franquia dos Guardiões da Galáxia da melhor forma, com muita ação, momentos emocionantes e tristes, mas também divertidos e com uma ótima interação entre os heróis, com as atrapalhadas e o humor típicas deles. Eles são uma família, e o filme é sobre eles. Guardiões da Galáxia – Vol. 3 é envolvente, divertido e emocionante na medida certa, e é impossível não ficar comovido com a triste história da vida de Rocket. O clima de despedida é real, e estejam preparados, afinal, é o último volume dos maiores heróis da galáxia. Será que os Guardiões da Galáxia voltam? Não se sabe, mas provavelmente, não com a formação original. E fiquem atentos para duas cenas pós-créditos.