Vencedor de 01 Oscar: Melhor Efeitos Visuais
Godzilla (Gojira, ou ゴジラ) é um dos personagens mais icônicos do cinema, além de ter uma das franquias mais longínquas do cinema. Criado por Tomoyuki Tanaka, Ishirō Honda, e Eiji Tsuburaya, em 1954, com o lançamento do primeiro filme japonês, Gojira já conta com mais de 40 produções – incluindo filmes, séries e desenhos animados -, e nesses 70 anos de existência já foi apresentado de várias formas: um monstro simplesmente atacando as cidades, ou lutando ao lado dos humanos contra outras criaturas, entre outras várias aparições. A sua origem vem dos testes nucleares no pacífico, e principalmente das bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki, personificando o medo das armas nucleares que a população japonesa tinha.
Recentemente, Gojira está integrando o “monsterverse” – que inclui o gorilão King Kong -, em quatro produções americanas, sendo a última lançada esse ano, Godzilla vs Kong: O Novo Império (2024). Indo na contramão dessas megaproduções hollywoodianas, temos Godzilla: Minus One, produção japonesa lançada no finalzinho de 2023 e que conquistou a simpatia do publico e dos críticos do mundo todo, sendo considerado o melhor filme de Gojira desde o primeiro lançamento, de 1954, além de ter ganhado o Oscar de melhor Efeitos Visuais. A trama se passa logo após o fim da 2ª Guerra Mundial, mostrando a cidade de Tóquio devastada pelo conflito, onde a população está se reerguendo aos poucos. Acompanhamos o drama pessoal de Koichi Shikishima (Ryunosuke Kamiki), um ex-piloto kamikaze da marinha japonesa que, além de enfrentar os traumas da guerra, acaba conhecendo Noriko Oishi (Minami Hamabe) e sua “filha adotiva” Akiko. Mas quando toda a população estava começando a se reerguer, um Kaiju chamado Gojira aparece em Tóquio, devastando a cidade, e Koichi se junta a outros ex-combatentes da Segunda Guerra, agora civis, que planejam derrotar o monstro.
Escrito e dirigido por Takashi Yamazaki, Godzilla: Minus One conta uma história totalmente independente dos outros filmes de Gojira. Abordando temas como culpa, honra, e o impacto que a Segunda Guerra Mundial teve no país, o roteiro tem um ritmo mais lento, mas nem um pouco entediante, focando bastante no drama pessoal dos personagens e com menos aparições do monstro como muita gente não espera. Os filmes americanos Godzilla (2014) e O Rei dos Monstros (2019) também tinham o foco no drama dos personagens, porém era um caos de tão ruins, diferente de Minus One: o trauma da guerra que Koichi tem, o fato de ele “formar uma família” com Noriko, e toda a questão dos efeitos devastadores que a guerra causou na população, são tratados de forma extremamente sentimental, com todo um cuidado no desenvolvimento dos personagens onde tudo funciona, fazendo o espectador se emocionar e até chorar. É um filme com alma. Todo o elenco está incrível, criando personagens carismáticos, engraçados, fazendo com que a gente se conecte com eles - seja o “casal” principal ou os ex-combatentes da guerra -, principalmente quando algo acontece; são dramas reais de pessoas reais, nada de exageros.
Mas sim caro leitor, Gojira aparece e promete causar o maior caos na cidade de Tóquio, recém recuperada dos efeitos da 2ª Guerra Mundial. O Rei dos Monstros aparece quando ele realmente tem que aparecer, causando uma destruição sem precedentes na cidade, e aqui, a equipe de efeitos especiais (Takashi Yamazaki, Kiyoko Shibuya, Masaki Takahashi e Tatsuji Nojima) está de parabéns, fazendo jus ao Oscar que ganharam na categoria, criando cenas de ação incríveis e efeitos (tanto práticos quanto de computador) de deixar várias produções americanas no chinelo, seja no mar ou em terra. Quando Gojira está na água, aparece como se fosse um tubarão, podendo surgir em qualquer lugar; já na cidade, ele mostra todo o seu tamanho e sua fúria com um visual muito mais ameaçador, além das luzes azuis que vão surgindo nas costas antes de ele soltar o famoso “raio de energia”. E praticamente todos os ataques acontecem durante o dia, indo na contramão dos filmes americanos que insistem em utilizar cenários noturnos. Há também um lado político na trama de Godzilla: Minus One, onde o próprio povo luta contra Gojira, sem a ajuda do governo, enfatizando a união da população – principalmente pós-guerra -, além de fazer uma autocrítica ao Japão após a guerra e os efeitos que essa catástrofe histórica causou em todos.
Godzilla: Minus One é um filme incrível, emocionante e sensível, com uma trama muito bem trabalhada, personagens de verdade, empáticos, e carismáticos, com seus dramas bem desenvolvidos e reais – ninguém mais aguentava os problemas familiares dos filmes americanos – que enriquecem a trama e o devastador legado histórico dos eventos da 2ª Guerra Mundial. Gojira aparece bem menos do que a maioria espera, e a trama é um pouco mais lenta em determinados momentos, mas não é chata ou entediante, nos fazendo ficar ligados nos acontecimentos, além de causar um impacto maior quando Godzilla aparece e nas escolhas que alguns personagens fazem. Um dos melhores filmes do Kaiju Gojira já produzido, desde 1954. Para nível de curiosidade, sabe qual o significado título “Minus One”? O filme se passa meses após o fim da Segunda Guerra Mundial, mostrando o Japão destruído e a população desolada com os efeitos pós-guerra, como se eles tivessem chegado ao limite, “zero”. “Minus One” significa “-1”, e isso porque Gojira aparece para destruir ainda mais a capital do país, como se já não bastasse a população ter chegado ao limite da destruição, ainda terão que lidar com a destruição causado pelo monstro, reduzindo a expectativa para “menos um”. Godzilla: Minus One está disponível na Netflix.
GODZILLA: MINUS ONE
(ゴジラ-1.0)
Ano: 2023
Direção: Takashi Yamazaki
Distribuidora: Toho/ Netflix
Duração: 125 min
Elenco: Ryunosuke Kamiki, Minami Hamabe, Hidetaka Yoshioka, Yuki Yamada, e Munetaka Aoki
NOTA: 10
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