Iniciado em 2014 com Godzilla, o MonsterVerse era a nova aposta da Warner Bros em um universo compartilhado no estilo da Marvel e DC. Tivemos dois filmes do lagartão Godzilla e um só do gorila King Kong, onde a ideia era fazer esses dois monstros duelarem entre si. Em 2021, finalmente veio a tão esperada batalha entre eles, com Godzilla vs Kong, que trouxe um pouco mais de humor e cor para a franquia, já que os filmes anteriores, principalmente os do Godzilla, eram mais sombrios. Além disso, a produção acabou indo mais para o lado da fantasia, mostrando um novo mundo – a Terra Oca -, e que os dois monstros conseguiriam sustentar um filme sem os humanos. E o novo filme da franquia, Godzilla e Kong: O Novo Império, é a maior prova disso.
Dirigido por Adam Wingard, que comandou o filme anterior, Godzilla e Kong: O Novo Império tem como protagonistas os monstros, deixando o núcleo humano como coadjuvantes. Na trama, Godzilla está atacando estações da Monarca onde estão alguns titãs para “ganhar forças” através da radiação. Enquanto isso, Ilene Andrews (Rebecca Hall), Trapper (Dan Stevens), Bernie (Bryan Tyree Henry) e Jia (Kaylee Hottle) estão na Terra Oca, onde Kong está morando, investigando um sinal misterioso, e acabam descobrindo um mundo totalmente novo e uma nova ameaça para a humanidade.
Godzilla e Kong – O Novo Império abraça o absurdo sem se preocupar com as leis da física, e entrega tudo aquilo que o público quer ver: um clássico filme de monstros com embates espetaculares e psicodélicos. Mas antes de tudo isso acontecer, tem muita historinha para acontecer. A trama foca mais na Terra Oca, novo lar de Kong, onde descobrimos um novo mundo dentro da Terra Oca, e uma nova ameaça para a humanidade, Scar King, que comanda um reino escondido só com primatas. Nessa parte, aliás, o diretor Adam Wingard se inspira muito na franquia Planeta dos Macacos, principalmente na forma como eles se comunicam – através de expressões faciais e olhares -. O destaque aqui vai para o “mini Kong”, um filhote primata tão fofo, apesar da sua dubiedade, que rouba as cenas em que aparece. Um mini divo.
Ainda na Terra Oca, os personagens humanos acabam descobrindo uma nova civilização que faz ligação com outro filme da franquia. Aqui, pontos para a direção de arte e os efeitos especiais desse novo lugar, com cenários deslumbrantes e incríveis. E enquanto isso, na superfície da Terra, Godzilla está atacando pontos turísticos onde estão alguns dos titãs, que estão agindo de forma estranha, além de “carregar as energias” para um futuro embate. Para quem gosta do lagartão, ficará decepcionado com o pouco tempo em tela: Kong pega o protagonismo para si mesmo, deixando Godzilla mais de coadjuvante.
Godzilla e Kong – O Novo Império tem um problema que já vem desde o primeiro filme da franquia, mas mais precisamente nos filmes do Godzilla: os personagens humanos. Os conflitos sempre foram chatos e sem nenhum aprofundamento, e aqui não é diferente. É interessante a ligação que essa nova civilização tem com a franquia, e o personagem de Dan Stevens, o veterinário Trapper, é o mais divertido de todos, soltando piadas e sempre entusiasmado. Mas o retorno do podcaster Bernie Hayes, que adora uma teoria da conspiração, é desnecessário e não soma nada ao enredo, servindo mais como alívio cômico mesmo. Rebecca Hall (dra. Ilene) e a garotinha Jia (Kaylee Hottle) também retornam para o novo filme, e tem suas justificativas para isso. E claro, o que o público quer ver mesmo é o embate de Godzilla, Kong e os outros monstros, e tanto faz o drama dos personagens. Há mais cenas com as criaturas do que com os humanos – o destaque para o arco de Kong interagindo com os outros primatas na Terra Oca – e isso tudo mostra que os monstros conseguem sustentar o filme sozinhos.
De uma forma geral, Godzilla e Kong – O Novo Império vai mais para o lado da fantasia e do humor escrachado, não empolga tanto quanto o esperado, é pouco inspirado, e não tem suspense nenhum. Os personagens humanos não são interessantes, a sequência final no Rio de Janeiro é rápida demais, e fica a sensação que poderia ter sido melhor. Mas a produção se sobressai pelos incríveis efeitos especiais, as megalomaníacas cenas de lutas entre Godzilla e Kong vs. Scar King – e tem outros titãs juntos na batalha -, sempre com muita destruição, e os belos cenários da Terra Oca, o grande diferencial da franquia. Destaque também para o novo visual colorido de Godzilla, e uma pena que o lagartão aparece muito pouco em tela. E ver Godzilla e King Kong lutando juntos é muito foda, realmente. Godzilla e Kong - O Novo Império é divertido, cumpre o papel de entreter, e merece sim ser visto nos cinemas.
GODZILLA E KONG - O NOVO IMPÉRIO (GODZILLA E KING - THE NEW EMPIRE)
Ano: 2024
Direção: Adam Wingard
Duração: 119 min
Distribuidora: Warner Bross. Pictures
Elenco: Rebecca Hall, Dan Stevens, Bryan Tyree Henry e Kaylee Hottle.
NOTA: 8,0
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