top of page
Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | GODZILLA (1998)



O impacto que Godzilla tem na cultura oriental – no Japão, principalmente -, é incrível, principalmente nas séries e filmes que existem a mais de 50 anos A ideia original é que Godzilla não é um monstro assassino, e sim um herói incompreendido que muitas vezes luta ao lado dos humanos. Os filmes de 2014 e 2019 mostraram exatamente isso. Mas aí vem o renomado diretor Roland Emmerich com seu Godzilla, de 1998, ignorando praticamente todos os elementos que compõe a cultura do animal, principalmente a sua concepção, e deixando a criatura com ares de um dinossauro assassino.


Antes de chegar até Roland Emmerich, o roteiro de Godzilla já esteve nas mãos de alguns diretores, e isso só aconteceu isso após o sucesso de Independence Day, quando a TrisStar se mostrou interessada em deixar a direção nas mãos de Emmerich. E para o estúdio conseguir os direitos de “Gojira”, a Toho fez uma lista de exigências com as características originais da criatura, sem alteração nenhuma. E o resultado? A produção foi grande sucesso de bilheteria, arrecadando U$ 379 milhões ao redor do mundo, mas recebeu muitas críticas negativas vindas principalmente dos fãs de Godzilla. E o motivo? O design da criatura, que o deixou parecido com os dinossauros de Steven Spielberg. Mas o filme não é tão ruim assim como falam, é divertido, com sequências de ação incríveis, muitos efeitos especiais, e até o dramalhão é interessante.


Na trama, "Gojira" deixa rastros de destruição em alguns lugares do planeta, até ele chegar em Nova York, causando o maior caos que a cidade já enfrentou. E para tentar salvar a “cidade que nunca dorme”, as forças armadas americanas – pelo comando do Coronel Hicks (Kevin Dunn) -, convoca o dr. Nick Tatopoulos (Matthew Broderick) para descobrir o que é a criatura e uma forma de conte-la. Jean Reno, Maria Pitillo, Hank Azaria e Harry Shearer completam o elenco.



Godzilla começa com um prólogo explicando a origem da criatura, que é fiel a das histórias japonesas, embalada com uma trilha sonora misteriosa composta por David Arnold e Michael Lloyd. Após alguns ataques, e a apresentação dos personagens, o animal chega até Nova York e já começa causando caos pela cidade. Roland Emmerich tem um fetiche em destruir grandes metrópoles que servem com palco de seus filmes, e em Godzilla não é diferente. Por mais que seus filmes tenham um péssimo roteiro, o diretor tem seu mérito nas cenas de ação, e seguem prédios destruídos, perseguições pela cidade com Godzilla, explosões e muita destruição – causadas tanto pela criatura quanto pelo exército americano -. É um típico filme de Roland, com vários erros e sequências megalomaníacas regadas a ótimos efeitos em CGI, principalmente para a época. Olhando agora, percebe-se que Gojira, e principalmente seus filhotes, parecem bem superficiais, e por isso a escolha de filmar a maioria das cenas de ação durante a noite, e com muita chuva, para disfarçar alguns erros.


De uma forma geral, a trama não é ruim, é interessante e divertida em vários momentos. Tem o típico dramalhão envolvendo os personagens de Matthew Broderick e Maria Pitillo sobre relacionamentos e fazer de tudo para se dar bem na carreira, inclusive machucar os outros, e é o que move vários acontecimentos no filme. Tem também muito humor e piadas, algumas desnecessárias, como os ataques histéricos do prefeito Ebert (Michael Lerner), todos os dados científicos são bem explicados, e o roteiro só peca em alguns diálogos ridículos e “muita conversa fora”. Outro problema é que Emmerich parece que deu mais importância ao drama humano do que o Godzilla, desfocando a história do animal radioativo em vários momentos – o filme é de quem? -.



Mas esses são os menores problemas do filme, e as sequências de ação nos fazem esquecer isso tudo. O maior problema se dá na concepção de Godzilla, que foge totalmente dos padrões orientais, sem os raios que a versão japonesa lançava pela boca, - no máximo, a versão americana solta um misero foguinho -, além de que, Roland Emmerich praticamente ignorou a maioria das exigências da Toho, e os fãs criticaram bastante. O problema foi tanto que o filme chegou a ser banido no Japão. Na época, Steven Spielberg tinha lançado Jurassic Park, e um ano antes do filme de Roland, tinha estreado O Mundo Perdido: Jurassic Park, e com certeza ele se inspirou nos dinossauros de Spielberg, porque Godzilla parece mais um dinossauro. Mas o monstro não ficou ruim, pelo contrário, ficou bem mais dinâmico por causa dos movimentos rápidos do lagarto radioativo.


De uma forma geral, o elenco é divertido e simpático, rendendo bons momentos de descontração entre as perseguições de Godzilla pela cidade. Mathew Broderick tem carisma e o ator acabou criando um personagem real, o biólogo Nick Tatopoulos, que sempre erram o seu nome – aliás, Tatopoulos é o sobrenome do responsável pelo design de Godzilla, Patrick Tatopoulos -. Já não podemos dizer o mesmo de seu par romântico, a jornalista Audrey (Maria Pitillo), sem carisma nenhum, e que só sabe reclamar dos erros do passado, chorar, e cometer outros erros. Se o roteiro desenvolvesse mais o papel da mulher em uma profissão, como o roteiro sugere (a relação profissional de Audrey com o seu chefe, Charles Cayman - Harry Shearer -), seria mais interessante.



Hank Azaria, famosos por dublar personagens, é o engraçado câmera Victor “Animal”, o alívio cômico da vez, que é casado com Lucy (Arabella Field), que protagoniza alguns momentos engraçados, mas poderia ser tirada da trama sem maiores problemas. E Jean Reno é Philippe Roaché, um agente francês que se sente culpado pelos testes atômicos de seu país na região da Polinésia Francesa, seu personagem rende bons momentos, como quando reclama do café americano, e parece que o ator é o que mais está se divertindo, além de ter um carisma incrível também.


Godzilla foi um fiasco total em 1998, apesar do resultado satisfatório nas bilheterias, o que impediu do filme de ter uma continuação – a cena final deixa isso em aberto -, mas a versão de Roland Emmerich não é ruim. Rende momentos divertidos com seu humor pastelão, tem ótimos efeitos em CGI, as perseguições pela cidade de Nova York são empolgantes, muita destruição, e até os filhotes de Godzilla sem dente (que aparecem no final) rendem bons momentos de ação, e se relevar a confusão que deu na concepção da criatura, com certeza irá se divertir. Godzilla é um filme bobo, divertido e exagerado, e é exatamente essa a proposta de Roland Emmerich: puro entretenimento nas suas mais de 2h de projeção.




GODZILLA


Ano: 1998

Diretor: Roland Emmerich

Distribuidora: TriStar

Duração: 139 min

Elenco: Matthew Broderick, Jean Reno, Maria Pitillo, Hank Azaria, Kevin Dunn e Harry Shearer



NOTA: 8,5


Disponível na Netflix, HBO Max e STAR +














211 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page