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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA: GLADIADOR 2



As produções épicas sempre tiveram um cantinho especial no coração dos cinéfilos com megaproduções que nos transportavam para o passado da história humana. Algumas produções seguiam fielmente os fatos históricos, outras faziam algumas alterações para se adaptar à um blockbuster pipoca para atingir o grande público. É o caso de Gladiador (2000), dirigido por Ridley Scott, que teve algumas alterações – fato que não agradou muito os historiadores -, para se adaptar a uma jornada de vingança e redenção do herói Maximus Decimus Meridius (Russell Crowe), que teve sua família assassinada pelo imperador Comodus (Joaquin Phoenix).


Muito se falava sobre uma continuação, mas como Maximus acabou morrendo no final do primeiro filme, ficava difícil fazer, até uns três anos atrás, quando Scott teve uma ideia de contar o que aconteceu com Roma após os o desfecho do original, introduzindo a história de outro gladiador que também busca vingança. A trama de Gladiador II se passa vinte anos depois do original, e acompanha Lucius (Paul Mescal), filho de Lucilla (Connie Nielsen) e sobrinho de Comodus – no primeiro filme, o personagem foi interpretado por Spencer Treat Clark -, que acabou se tornando um general, mas após perder sua esposa em uma guerra liderada por Acacius (Pedro Pascal), foi comprado pelo senhor de guerra Macrinus (Denzel Washington). Lucius quer se vingar dos imperadores de Roma, mas principalmente Acacius, e para isso, ele decide se tornar gladiador. Joseph Quinn, Fred Hechinger, e Derek Jacobi também estão no elenco.



Com Gladiador 2, Ridley Scott segue por caminhos parecidos com o filme de 2000, mas é uma produção com identidade própria e uma trama nova, sem ficar na sombra do seu antecessor. A continuação é tão boa quanto o original, a trama é mais envolvente, dinâmica, e o espectador se conecta com a história de vingança de Lucius, engajada pela ótima atuação de Paul Mescal. As vezes, a trama perde um pouco do seu ritmo, mas o espetáculo visual compensa, e pelo enredo se conectar com o primeiro filme – tem algumas revelações bem interessantes -, demora para o público entender quem é quem, mas tem flashbacks ao longo da produção. Scott traz de volta a trama política, agora com uma conspiração mais elaborada envolvendo os irmãos imperadores Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger), além do clássico “pão e circo” – entreter a população de Roma com batalhas entre gladiadores paras fazê-los esquecerem da corrupção e da decadência do império -.


O destaque maior vai mesmo para os efeitos especiais e as intensas sequências de luta dos gladiadores na arena do Coliseu – incríveis, bem coreografadas, grandiosas, empolgantes, inventivas (não imaginava que era possível inundar o Coliseu), e violentas (com muito sangue, algumas mutilações), mas nada de exagerado. Porém, Scott peca quando insere alguns animais – principalmente os macacos – através de efeitos especiais que, muitas vezes, parece falso, mas são cenas que aumentam a intensidade das batalhas e da um frescor para o filme.



Gladiador 2 recria a história de vingança de Maximus contra o império romano, mas agora com Paul Mescal liderando a nova “jornada de redenção do herói”. Mescal interpreta Lucius já adulto – Spencer Treat Clark interpretou Lucius quando criança no primeiro filme -, que quer trazer paz, honra, e fazer de Roma uma cidade mais justa para a sua população. E claro, se vingar do general Acacius pela morte de sua esposa na batalha contra o império romano, que invadiu a região onde ele morava, Numídia, na sequência inicial. Mescal da força e energia para o personagem em uma atuação convincente ao mostrar toda a raiva enclausurada dentro de Lucius, fazendo com que o público torça por ele e que consiga a sua vingança. É notável que o personagem segue os passos de Russell Crowe – perde a sua família, é comprado como escravo para se tornar gladiador, e busca sua vingança – mas o ator da um frescor novo e brilha no papel do personagem. Pedro Pascal é Acacius, o general do império Romano responsável pela morte da esposa de Lucius, não tem a mesma intensidade de Paul Mescal – mais culpa do roteiro mesmo, já que seu personagem tem uma reviravolta interessante -, ganha destaque na primeira parte, mas acaba perdendo o brilho.


O tão esperado embate entre Lucius e Acacius pode frustrar um pouco o espectador, devido à grande rivalidade criada entre os personagens (parecido com a rivalidade entre Maximus e Comodus), mas acaba tendo um impacto positivo com o público, que no fim, acaba gostando do antagonista. Denzel Washington interpreta o senhor de guerra Macrinus, que compra Lucius como escravo para treiná-lo a se tornar um gladiador. Washington faz um personagem intrigante, ambicioso, e com motivações e intensões duvidosas, onde aos poucos vai criando uma antipatia com o público – no bom sentido -, e domina a cena sempre que aparece, além de ter uma reviravolta no seu arco. Outro destaque vai para os irmãos imperadores, Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger), com interpretações caricatas, mas que representa bem toda a excentricidade, a loucura e a decadência moral na época do império romano. Connie Nielsen retorna para o papel de Lucilla, mãe de Lucius, com um arco dramático pouco relevante, apesar da sua importância para a trama. 



Gladiador II não supera o primeiro filme, e tem problemas no seu ritmo, mas é tão bom quanto, trazendo uma trama mais envolvente e com novas perspectivas para a história iniciada com Maximus no filme de 2000, além de reviravoltas surpreendentes (a maioria já é mostrada nos trailers), muitas intrigas e conspirações mais elaboradas, e personagens fortes que aumentam a intensidade da produção. Ridley Scott entrega batalhas épicas entre os gladiadores na arena, com sangue, violência, muita ação, e efeitos especiais de primeira linha, que também ganham mais intensidade com a adição de macacos, rinocerontes e até tubarões. O diretor não se preocupa em seguir os fatos históricos, e sim entregar um blockbuster de puro entretenimento e diversão, que mesmo não tendo a mesma magnitude que o primeiro Gladiador teve, ainda causará um impacto em quem for assistir.




GLADIADOR 2 (GLADIATOR 2)


Ano: 2024

Direção: Ridley Scott

Distribuidora: Paramount Pictures

Duração: 148 min

Elenco: Paul mescal, Pedro Pascal, Denzel Washington, Connie Nielsen, Joseph Quinn, Fred Hechinger, e Derek Jacobi.



NOTA: 9,0






















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