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CRÍTICA | FLOW

  • Foto do escritor: Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
    Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
  • 20 de fev.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 5 de mar.




Vencedor de 01 Oscar | Melhor Animação

02 Indicações ao Oscar | Incluindo Melhor Filme Internacional



A Disney/Pixar dominou o mundo das animações nas duas últimas décadas, trazendo filmes abordagens mais complexas, resultando até em um “meme” que as animações do estúdio foram feitas mais para os adultos do que para as crianças; e não deixa de ser verdade. Mas existem muitas animações maravilhosas que não foram produzidas pela Disney/Pixar – tem as do “Studio Ghibli”, um estúdio de animação japonês, mas não é o caso aqui - e que quase nunca são apreciadas pelo grande público. Flow é uma dessas produções mais recentes. A animação da Letônia está indicada a dois Oscar – Melhor Animação, e Filme Internacional -, além de ter vencido o Globo de Ouro de Melhor Animação, e acompanha um inusitado grupo de animais (um gato, um cachorro, uma capivara, um lêmure, e uma garça) tentando sobreviver em um mundo (provavelmente) pós-apocalíptico depois que uma inundação assolou a região onde eles moram. Mas o mais inusitado é o fato de o filme não ter nenhum diálogo entre os animais, e a dinâmica se dá somente na interação entre eles, e os sons reais que fazem. A trama é contada pelo ponto de vista do gato, que após a inundação tomar conta da casa onde vive, precisa sobreviver à deriva em uma embarcação junto com outros animais que também estão perdidos e sozinhos, onde todos precisam coexistir para sobreviverem à nova realidade.



Flow não tem personagens humanos, não tem diálogos entre os animais, e também não explica muita coisa sobre tudo o que está acontecendo. Onde estão os seres humanos? Por que o gato e o cachorro estão sozinhos? Qual o motivo da inundação? E se você acha que a animação é entediante por não ter diálogos, se enganou. A interação entre os personagens, e os incríveis cenários, conseguem expressar muito mais do que diálogos que poderiam ser rasos ou chatos, e fazem o espectador entrar de cabeça nessa história simples e despretensiosa, nos fazendo se preocupar com o gatinho a todo instante, principalmente quando ele entra na água. Os planos sequência acompanhando os animais correndo pelas florestas, ou quando o gato mergulha para pescar e acaba ficando fascinado com um mundo totalmente novo, e até os cenários, tudo é incrível e muito bem-produzido, criando um espetáculo visual contagiante. Flow fala sobre conexões, amizades inesperadas, empatia, a importância de se unir e lutar juntos para sobreviver, é um filme muito bonito – tanto visualmente quanto narrativamente -, tem ação, aventura, momentos tensos, tristes, você vai rir, chorar, e é impossível não se emocionar, principalmente se você tem algum animalzinho de estimação.


Os animais de Flow não são “humanizados” como em algumas animações, eles agem naturalmente, por instinto, não falam, e o jeito que caminham, os olhares, e as mudanças de posturas, tudo é muito real, e o fato de a animação não ter diálogos, apenas os sons que eles fazem, deixa a produção ainda mais imersiva. Cada um dos personagens tem sua personalidade, fazendo com que o espectador crie uma conexão e empatia com todos eles: o gato gosta de ficar mais sozinho e é um pouco mal-humorado, a capivara é mais empática e cuidadosa com todos, assim como a garça, que parece ser um “anjo da guarda” para todos – mas principalmente pelo gatinho -. O cachorro é amigo leal e brincalhão, e o lêmure é mais desconfiado, que o leva a ser egoísta em alguns momentos. Além disso, ainda tem uma baleia que fica a espreita do barco durante o filme todo, como se também estivesse protegendo os animais e a embarcação. E a interação entre eles é incrível e o que mais sustenta a narrativa. Eles brincam, brigam, se ajudam quando estão em perigo, interagindo com olhares e gestos que até a gente consegue entender o contexto da situação.



Flow é muito mais do que uma simples animação, é cheia de simbolismos e interpretações que podem variar da opinião de cada um, como a emocionante sequência com a garça e o gato no alto de uma montanha, ou até o desfecho, abrindo um espaço para reflexões. É um filme sobre amizades, empatia e sobrevivência, que mesmo não apresentando nenhum diálogo, apenas a interação entre os animais, consegue trazer profundidade e emoção para a trama de uma forma tão tocante que é impossível não chorar, se encantar, ou se emocionar com as aventuras desse inusitado grupo de sobreviventes, e novos amigos. Dá vontade de ajudar os personagens, e tudo é muito bem desenvolvido que toda vez que eles estão em algum tipo de perigo, a tensão aumenta e ficamos realmente preocupados – principalmente com o gato -, como se fossem realmente nossos pets. E a mensagem é bem simples: precisamos criar forças para seguir adiante, desapegar, e se adaptar as mudanças repentinas, tudo isso em uma surpreendente e comovente animação. E fique atento para uma cena pós-créditos.




FLOW


Ano: 2024

Diretor: Gints Zilbalodis

Distribuidora: Alpha Filmes

Duração: 85 min



NOTA: 10
























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