CRÍTICA | FIVE NIGHTS AT FREDDY'S: O PESADELO SEM FIM

Lançado em 2014, o jogo de computador Five Nights At Freddy’s se tornou um dos maiores sucessos da década passada, resultando em uma franquia de jogos que se expandiu para HQ’S, desenhos, e finalmente um longa-metragem. A premissa do jogo é bem simples: você é um guarda noturno do restaurante “Freddy Fazbear’s Pizza” e precisa vigiar o local através das câmeras de segurança por cinco noites. O problema é que durante a madrugada, animatrônicos assustadores ganham vida e tentam chegar até onde você está – e tudo é visto pelas câmeras -. Parece bobo, mas realmente é tenso, assustador, e você leva vários sustos.

Após vários problemas durante a produção, finalmente um filme baseado na franquia chega aos cinemas, intitulado de “Five Nights At Freddy’s: O Pesadelo Sem Fim”, que foi massacrado pela crítica, mas se tornou um inesperado fenômeno de bilheteria, arrecadando U$ 137 milhões somente nos EUA. Dirigido por Emma Tammi, “FNAF” foge um pouco da proposta do game, focando mais no drama dos personagens, e deixa de lado os elementos mais gore – o que ajudou a classificação etária ser mais baixa -. Na trama, Mike (Josh Hutcherson) não consegue um emprego fixo, precisa cuidar de sua irmã, Abby (Piper Rubio), além de ter um trauma do passado com o sequestro de seu outro irmão. Para não perder a guarda da garotinha, Mike acaba aceitando o trabalho de guarda noturno em uma pizzaria famosa nos anos 80, mas que está desativada, o Freedy Fazbear’s Pizza. Matthew Lillard e Elizabeth Lail completam o elenco.

“Five Nights At Freddy’s: O Pesadelo Sem Fim” pode acabar decepcionando quem espera algo mais fiel ao videogame, apesar de ter vários “easter-eggs” espalhados ao longo do filme. A produção não tem aquele suspense e a tensão dos jogos, e são poucas as cenas que remetem ao game – o personagem observando pelas câmeras as criaturas se aproximando aparecem poucas vezes -. E talvez, FNAF funcionaria melhor se passasse todo no Freedy Fazbear’s Pizza. O problema é que a franquia do videogame não tem muita história para adaptar, assim como Slender Man, e coube a Emma Tammi, que também escreveu o roteiro, a criar uma trama que sustentasse o longa. A saída foi crianças desaparecidas e que tem ligação com os animatrônicos da pizzaria. Além disso, o personagem principal tem um trauma de infância, ou seja: o filme de FNAF é sobre traumas do passado, um thriller psicológico com sustos e robôs macabros. A produção ainda tem traços de um filme de slasher, mas não aproveita os elementos desse gênero – sangue, e mortes violentas -, muito provavelmente para não ganhar uma classificação etária alta.

Josh Hutcherson, da franquia Jogos Vorazes, foi escalado para interpretar o guarda noturno Mike, e seu personagem é o que mais tem destaque, já que o foco do roteiro é sobre o trauma ao presenciar o seu irmão sendo sequestrado. Mike perdeu toda a sua família, restando apenas a sua irmã Abby, além de passar por vários empregos até chegar no Freedy Fazbear’s Pizza. FNAF tem um mistério para desvendar, e não foi só por acaso que o personagem de Hutcherson acabou ficando nesse emprego. Elizabeth Lail interpreta a policial Vanessa, que aparece em todos os turnos de Mike e que também tem um mistério envolvendo a pizzaria, e por fim Matthew Lillard, o Salsicha de Scooby-Doo e assassino Stuart do primeiro Pânico, que interpreta o misterioso Steve, um “conselheiro” de carreira de Mike.

FNAF foge bastante da dinâmica dos videogames, a trama é bem desenvolvida, mas foca muito no drama psicológico, além de ser menos assustador do que esperávamos, o que mais pode frustrar o público. Mas pelo menos a produção acertou na concepção dos bonecos animatrônicos: Freddy Fazbear, Bonnie, Chica e Foxy estão perfeitos e idênticos aos do videogame. E acertaram também em não os fazer em CGI - os bonecos são robôs reais, e ficaram realmente assustadores -. As cenas em que eles aparecem dão medo, e com a ajuda da fotografia escura e o cenário macabro da pizzaria, tudo fica ainda mais tenso. Uma pena que não souberam aproveitar muito isso.

Five Nights At Freddy’s: O Pesadelo Sem Fim acaba se tornando um “terror infantil”, e isso também pode decepcionar aqueles que esperavam algo mais violento. Rende bons sustos, tem uma reviravolta no desfecho, alguns momentos tensos com os animatrônicos, a trama e os personagens são bem desenvolvidos – mesmo com os excessos -, a ambientação é assustadora e se manteve fiel aos jogos, mas falta alguma coisa. Apesar de grande parte do público que joga FNAF sejam crianças e adolescentes, acredito que o filme funcionaria melhor se fosse um terror mais trash, com sangue, violência e cenas gore; tem uma sequência que ficaria incrível se fosse por esse caminho. No fim, a adaptação acaba sendo apenas um terror psicológico com robôs macabros matando pessoas, censurado, para que adolescentes possam ir aos cinemas. Tomara que mudem isso na continuação. Sim, provavelmente terá um outro filme, já que a produção se tornou um sucesso comercial: custou U$ 20 milhões e arrecadou quase U$ 300 milhões mundialmente.