CRÍTICA | FAMÍLIA DO BAGULHO

Atualizado: 3 de nov. de 2021

Uma das grandes surpresas de 2013, Família do Bagulho, é uma comédia politicamente incorreta sobre viagem em família: afinal, juntar um traficante, uma stripper, uma garota delinquente problemática e um nerd virgem, não tem nada de “familiar”, muito menos serve para assistir junto com a sua família; ou sim, depende. Estrelado por Jason Sudeikis, Jennifer Aniston, Emma Roberts e Will Poulter, esse “road movie” de comédia sobre uma falsa família bem diversificada que faz uma viagem inusitada, é extremamente clichê, mas diverte muito.

David (Sudeikis) é um fracassado traficante de drogas que perdeu todos os produtos de seu chefe, Brad (Ed Helms). Para se redimir, ele recebe uma proposta: ir até o México e trazer um “pouquinho” de maconha para os EUA. Mas o problema é que David tem todo o jeito de traficante, e seria difícil ele passar pela fronteira sem a policia suspeitar. Até que ele tem a ideia de chamar a sua vizinha e stripper Rose (Aniston), o nerd bobão, e também seu vizinho, Kenny (Will), e a problemática indigente Casey (Roberts), para fingirem ser uma família tradicional, e assim passarem despercebidos pela fronteira. Durante a viagem, a família passará por vários problemas, envolvendo traficantes, outras famílias e seus problemas pessoais.

Família do Bagulho é um filme inusitado e divertido, e apesar de se destacar entre outros filmes do gênero, não tem nada de novo na comédia. História de superação e motivação, personagens se reconciliando, problemas de relação, e aquele final inspirador; nada de novo. Porém, a grande sacada é o roteiro usar o politicamente incorreto: abusa do uso de palavrões, linguajar sexual, referência a drogas, cenas sensuais, e situações inapropriadas, se eles fossem realmente uma família; tudo com muito humor e piadas bem boladas e clichês. Apesar do fato da família Miller atravessar o país para buscar drogas e se tornarem traficantes internacionais, o filme vai muito além disso, e aposta na relação entre eles, e nos problemas que enfrentam, como serem perseguidos por traficantes mexicanos e fazerem amizade com uma outra família, cuja situações são extremamente engraçadas e impagáveis.

Um dos maiores acertos foi a escolha do elenco, especialmente e unicamente, da família Miller. Jeniffer Aniston e Jason Sudeikis já trabalharam juntos em Quero Matar Meu Chefe, e aqui, repetem a ótima sintonia, se alfinetando e soltando piadas bem sacadas. Rose e David são personagens bem diferentes, mas que acabam se acertando inesperadamente. Emma Roberts se sai bem como a problemática Casey, nos mostrando que, mesmo revoltada, ela está adorando ter uma família. Will Poulter, e o seu personagem Kenny, é o mais engraçado e fofo de todos. Típico garoto americano virgem, sensível e inocente, que passa por situações complicadas e hilárias, Poulter é a cara do personagem, e nenhum outro jovem ator seria perfeito para o papel.

Destaque também para a outra família, que acaba entrando loucura dos Miller’s: Don (Nick Offerman), o pai que é... e sua esposa Edie (Kathryn Han), que passam por problemas sexuais; além da filha deles, Melissa (Molly Quinn), uma, não tão, inocente adolescente quanto Kenny, onde acabam se apaixonando. Rose e David são bagaceiros, já Don e Edie são extremamente ao contrário, mais tradicionais e recatados, e, colocando-os juntos, com o apelo sexual, é diversão garantida.

Com uma história bem dinâmica e extremamente engraçada, Família do Bagulho é uma comédia bagaceira, adulta e repleta de palavrões, referências sexuais e situações hilárias, que faz várias referências a cultura pop: a clássica música Chasing Watterfals, e filmes como Batman, Free Willy, 8 Mile – Rua das Ilusões, entre outros, além da lembrança de uma série queridinha pelo público. Diverte, tem situações absurdas, e termina de forma previsível, sem deixar o humor adulto de lado, óbvio. Após o término do filme, tem os erros de produção, um mais hilário que o outro, mostrando que a sintonia dos personagens era real. Apesar do título, Família do Bagulho não é um filme para se assistir com seus familiares, ou sim, dependendo de como são.