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CRÍTICA | EMILIA PÉREZ

  • Foto do escritor: Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
    Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
  • 6 de fev.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 5 de mar.





Vencedor de 02 Oscar | Atriz Coadjuvante (Zoe Saldaña), e Canção Original

13 Indicações ao Oscar | Melhor FILME, Direção (Jacques Audiard), Atriz (Karla Sofia Gascón), , Roteiro Adaptado, Filme Internacional, Trilha Sonora, (2 indicações), Som, Fotografia, Maquiagem e Penteados e Edição.



Fazia anos que algum filme indicado ao Oscar não causava tanto alvoroço e confusão como Emilia Pérez está fazendo. A produção foi aplaudida de pé e ovacionada no festival de Cannes em 2024, e em outros festivais pelo mundo, se tornou um dos grandes favoritos na temporada de premiação, venceu o Globo de Ouro de melhor Filme Internacional (no lugar de Ainda Estou Aqui), e de melhor Filme de Drama, e inclusive foi o recordista de indicações ao Oscar 2025, com treze, incluindo melhor Filme. Apesar desse reconhecimento entre a crítica especializada, o filme de Jacques Audiard vai ter uma tarefa difícil de encontrar o seu público, e não é somente pelas polêmicas com Fernanda Torres, os tweets antigos da atriz que interpreta a personagem título, ou a polêmica da questão cultural mexicana.


Falar sobre a trama de Emilia Pérez sem dar muitos spoilers é um pouco complicado, e provavelmente vão relacionar ao tráfico e toda a cartilha de produções nesse estilo. Mas o filme é muito mais do que isso, e segue por um caminho diferente, mais humano. Rita Mora Castro (Zoe Saldaña) é uma advogada que um dia acaba sendo chamada pelo chefe do cartel Manitas (Karla Sophia Gascón), que é casado com Jessi (Selena Gomez), e tem dois filhos pequenos. Manitas faz um pedido inusitado para Rita: ele quer ser uma mulher, e acaba forjando a sua própria morte, abandoando todo o seu passado. Anos depois, o ex-chefe de Cartel – agora uma mulher chamada Emilia Pérez (Karla Sophia Gascón) – reaparece na vida de Rita, pedindo ajuda para que sua família retorne para ela, sem eles realmente saberem sobre o seu passado. Edgar Ramirez e Adriana Paz também estão no elenco.



Emília Pérez é um dos filmes mais originais e interessantes de todos os indicados ao Oscar esse ano, uma mistura de gêneros e estilos de forma inusitada, e um dos maiores empecilhos que poderá enfrentar no caminho é por ser um musical. Tem seus altos e baixos no roteiro, os clichês típicos do gênero, também parece um dramalhão mexicano, e toda a polêmica sobre o elenco não ser composto por latinos, além dos erros culturais e personagens estereotipados, são válidos e contestáveis. Mas Emilia Pérez é envolvente e dinâmico, talvez o fato de ser um musical possa afastar o público, mas os números musicais até que são interessantes, e o movimento das câmeras acompanhando o elenco nas performances é muito bem-produzido; não é nem um pouco entediante. E apesar da forma errada que abordaram a ressignificação de gênero, o texto ainda traz reflexões profundas sobre a transexualidade, sobre aceitação, e redenção da personagem título.


O roteiro realmente é muito confuso, faltou um foco central, acontece um monte de coisas (parece vários filmes em um só), e para "ajudar", o diretor Jacques Audiard não desenvolve bem essas questões, na qual muitas delas chegam a lugar nenhum, dando a impressão de que foram jogadas aleatoriamente na trama. Críticas sociais, crítica ao narcotráfico, debates sobre identidade de gênero, violência doméstica, sequestros, tudo isso dentro de um musical onde os personagens começam a cantar por qualquer motivo; mas claro, essa é a essência de um musical, e se vocês não gostaram de Coringa: Delírio À Dois, vão odiar ainda mais esse Emilia Pérez. Os números musicais são extravagantes e se destacam bastante na trama, tentam transmitir o drama dos personagens e as situações que enfrentam, mas não conseguem fazer isso direito, as letras são horríveis e poucas músicas realmente funcionam e são boas, e as mais famosas – e indicadas ao Oscar -, El Mal e Mi Camino, acabam sendo as “melhorzinhas”. Muitas canções não se conectam com a história.



Em relação as atuações, Karla Sofia Gáscon e Zoe Saldaña se entregam totalmente ao seus papeis, cada uma com seu drama pessoal bem desenvolvido no roteiro, valendo as indicações ao Oscar em suas respectivas categorias. Apesar das polêmicas pelas suas declarações, Gáscon, que é de origem espanhola, está incrível no papel de Emilia Pérez, em uma interessante e ousada interpretação, mostrando as nuances da personagem de forma doce, sensível, e alternando para uma mulher forte e revoltada quando precisa proteger seus filhos. A atriz consegue cativar e emocionar o público com as atitudes da personagem, que busca a sua redenção após uma vida de crimes e violências. E o fato de a atriz realmente ser transexual, já vale o reconhecimento. Zoe Saldaña também brilha no papel de Rita Castro, criando uma personagem frustrada com sua vida, além de ter dilemas morais e éticos, conseguindo transmitir todo o seu drama intensamente para o público, que rapidamente se conecta com a personagem. E a amizade entre Emilia e Rita é cativante e cheia de energia, tornando a trama ainda mais interessante.


Emília Pérez é totalmente clichê, um amontoado de ideias e escolhas erradas – a nível social, pelo menos -, até o próprio diretor já assumiu, mas ainda é um bom filme, e se você (tentar) relevar todas as polêmicas que envolvem o filme  – a estereotipação da cultura mexicana, a falta de atores latinos, a forma banalizada como a transexualidade foi abordada, os tweets antigos e as declarações polêmicas de Karla Sofia Gáscon (ela acusou a equipe de Ainda Estou Aqui de sabotá-la na temporada de premiação), e pelo fato de ser um musical -, você vai encontrar um filme bem interessante e marcante, de certa forma. Vale destacar a sequência final, uma mistura de Bonnie e Clyde com um novelão mexicano, e um desfecho que poderá deixar o espectador chocado, ou feliz, quem sabe. Tem mais erros que acertos, mas ainda consegue se destacar e ter um impacto significativo na cultura pop, e por isso todo o apreço que os críticos tiveram com o filme, e as 13 indicações ao Oscar. Merecia tudo isso? Não. Merece ganhar algum prêmio? Talvez, na parte técnica. Mas nas categorias principais, nunca!



EMILIA PÉREZ


Ano: 2024

Direção: Jacques Audiard

Distribuidora: Paris Filmes

Duração: 130 min

Elenco: Karla Sofia Gasón, Zoe Saldanã, Selena Gomez, Edgar Ramirez e Adriana Paz



NOTA: 7,5


























1 comentário

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lugoularte
07 de fev.
Avaliado com 1 de 5 estrelas.

Emilia Perez é, sem dúvida, um filme radioativo no sentido mais literal da palavra. A cada cena, você sente que está sendo exposto a uma dose letal de clichês, diálogos forçados e uma trama que parece ter sido escrita por um algoritmo de IA treinado em novelas mexicanas dos anos 90. Se você está procurando um filme que cause lesões crônicas de tanto absurdo, este é o seu prato cheio.E não vamos nem falar do final. Ah, o final! Uma mistura de deus ex machina com um twist tão forçado que você vai sentir vontade de se jogar de um prédio ao continuar assistindo essa bomba de filme.Nota: 2/10 (e olhe lá).

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