CRÍTICA | DURO DE MATAR
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 10 de dez. de 2024
- 4 min de leitura

É muito curioso o sucesso que Duro de Matar fez na época do seu lançamento, lá em 1988. Dirigido por John McTiernan, o filme de ação estrelado por Bruce Willis tem todos os elementos de filmes do gênero – incluindo os clichês básicos – que geralmente são massacrados pela crítica especializada. Mas porque, então, esse sucesso todo que rendeu uma franquia com quatro filmes no total? E Duro de Matar também é curioso por gerar um debate que surgiu várias décadas depois, e que fez a produção ficar ainda mais famosa: “Die Hard”, no original, é um filme de Natal? A trama se passa na noite da véspera de Natal, onde o policial de Nova York John McClane (Bruce Willis) está indo visitar a sua família – esposa e filhos -, em Los Angeles, na calorosa Califórnia. Sua esposa, Holly (Bonnie Bedelia), está trabalhando para um empresário japonês em um dos prédios comerciais mais altos e famosos da cidade, a Torre Makatomi. John vai até o prédio para encontrar sua esposa, e não demora muito para terroristas alemães, liderado por Hans (Allan Rickman), invadirem a torre e fazerem todos de reféns. Escondido, John McClane precisa encontrar uma forma de salvar todo mundo.
Duro de Matar é um filme de ação impecável, e mesmo com uma trama simples e típica do gênero, consegue deixar o público ligado o tempo todo. E realmente, o enredo e a história são bem simples, sem nenhuma reviravolta mirabolante ou alguma revelação surpreendente para pegar de surpresa o público, apenas ação pura e genuína, sequências eletrizantes, muito “tiro, porrada e bomba” – literalmente -, e o carisma de Bruce Willis no início de sua carreira. As cenas de ação são impressionantes, e acontece tudo o que você possa imaginar – inclusive Willis se atirando do prédio segundos antes de uma explosão – e aqui, a parte técnica é ótima, onde o diretor utiliza os cenários do edifício a favor do filme, assim como as resoluções dos problemas. E, diga-se de passagem, a direção de McTiernan é ótima também. Outro ponto a favor de Duro de Matar é a forma como o filme mistura humor, piadas, com cenas de suspense e ação na medida certa.

O personagem de Bruce Willis, John McClane, provavelmente é o principal fator do sucesso de Duro de Matar. Diferente dos personagens que Arnold Schwarzenegger e Silvester Stalone fizeram no mesmo gênero, McClane é um homem comum como qualquer outro – só que policial -, tem medos, é sensível, inseguro, e um humor que cativa o público, e poderia até dizer que ele é o típico herói dos filmes de ação: aquele que passa por perrengues o filme todo, se livra das maiores enrascadas, mas termina intacto – a diferença é que no final, ele está destruído -. Duro de Matar foi o filme que impulsionou a carreira do astro Bruce Willis. Outro destaque é o sargento Al Powell (Reginald VelJohnson), o policial que fala com John McClane através do rádio, onde acabam criando um vínculo e uma amizade inusitada. E claro, se tem um herói tem um vilão, e dessa vez é Alan Rickman no início de carreira que dá vida ao terrorista alemão Hans, um personagem bem desenvolvido, ameaçador, e calculista, tanto nos seus atos quanto nas expressões faciais.
Mas, e aí: Duro de Matar é ou não um filme de Natal? Essa polêmica foi tão grande e inusitada que chegou até Bruce Willis, que afirmou dizendo que “não é um filme de Natal”. Porém, o site https://stephenfollows.com/p/using-data-to-determine-if-die-hard-is-a-christmas-movie, fez um estudo científico – para você ver o tamanho da polêmica que gerou -, analisando se o filme é ou não um filme de Natal. Os dados mostraram que a palavra “Natal” foi falada pelos personagens mais vezes que outras típicas de produções do gênero, como “matar”, e “tiro”, sem falar das várias referências que o filme faz com a data comemorativa, desde falas, piadinhas, até objetos e cenários que remetem ao Natal. Além disso, a trama e passa na noite de Natal, valores como esperança, amor e família (típicos da época) também estão presentes, e ainda tem a data de lançamento aqui no Brasil: 22 de dezembro de 1988; nos EUA, o filme estreou ainda na metade daquele ano. E se você analisar outros filmes que se passam nessa data, sempre tem alguma história de amor, ou drama familiar, que não tem muito haver com o Natal. E você? Acha que Duro de Matar é um filme de Natal?

Com uma trama simples e ágil, e eletrizantes sequências de ação, Duro de Matar é um dos maiores filmes de ação já lançados, responsável por popularizar um subgênero dos filmes de ação – terroristas invadindo um prédio e um policial salvando todo mundo -. Tem personagens carismáticos, um bom desenvolvimento da história, e ainda consegue dosar humor, suspense, ação, e momentos mais emocionais na dose certa. Um filme de Natal bastante inusitado e diferente para se assistir nessa época do ano.

DURO DE MATAR (DIE HARD)
Ano: 1988
Direção: John McTiernan
Duração: 132 min
Distribuidora: 20th Century Studios
Elenco: Bruce Willis, Allan Rickman, Bonnie Bedelia, Reginald VelJohnson
NOTA: 9,0
Disponível no









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