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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | DRÁCULA: A ÚLTIMA VIAGEM DO DEMETER



Drácula é um dos personagens mais adaptados para o cinema, seja no terror clássico ou até em outros gêneros. Sua primeira aparição foi em 1987, com o lançamento da obra Drácula, escrita por Bram Stoker, e que acabou ganhando uma adaptação cinematográfica com Keanu Reeves e Gary Oldman. Também apareceu nos clássicos Nosferatu (1922) e Drácula (1931), entre outras produções genéricas. A nova adaptação do vampiro mais temido da história é Drácula: A Última Viagem do Demeter, terror baseado em um capítulo da obra de Bram Stoker e ambientado em um navio de carga no ano de 1897. Dirigido por André Øvredal, a trama acompanha o trágico destino do navio Deméter no comando do capitão Elliot (Liam Cunnigham) e de seus tripulantes, que levava algumas caixas de madeira da Bulgária para a Inglaterra. O problema é que em uma das caixas está o temido Drácula, que acorda toda a noite sedento por sangue, matando um a um dos tripulantes. Corey Hawkins, Aisling Franciosi, Chris Walley e Woody Normam estão no elenco.


A Última Viagem do Demeter é um filme bastante curioso de se analisar. É quase que impossível uma produção de duas horas conseguir adaptar fielmente alguma obra literária com centenas de páginas, mas Deméter é baseado em um capítulo apenas, e com isso, o diretor teve que usar a imaginação para expandir a trama e os acontecimentos. Os roteiristas Bragi F. Schut, Stefan Ruzowitzky e Zak Olkewicz, conseguem criar uma premissa diferente e muito interessante – principalmente pela trama se passar toda em um navio -, construindo uma atmosfera claustrofóbica e com vários momentos de tensão. Quando o vampiro ataca suas vítimas, o diretor da um toque mais grotesco, com mutilações e sangue, resultando em cenas bem violentas e fortes – um ponto positivo -. Aliás, a produção usa bastantes os efeitos práticos, principalmente na concepção do antagonista, deixando a criatura ainda mais real e assustadora.



André Øvredal já tem experiências no terror (O Caçador de Trolls – 2010, A Autópsia – 2016, e Histórias Assustadoras – 2019) e ele sabe como aproveitar todo o cenário feio e sujo do navio, a escuridão e as tempestades para assustar o espectador, aliados a primorosa direção de arte remetendo ao século 19 com perfeição. Resumindo: cumpre o papel de criar uma ambientação assustadora. O problema maior é a trama que não empolga, mesmo tendo todos os elementos para se tornar uma produção digna de alguma adaptação do Drácula. E nem são necessariamente os clichês – religião, superstição, e personagens estereotipados -: A Última Viagem do Demeter parece um slasher vampiresco ao invés de usar a mitologia do Drácula para criar uma trama envolvente. Tem mistério, um pouco de suspense, sustos, a ótima ambientação, e a violência já mencionada, mas faltou algo mais do que apenas uma criatura atacando um a um em um intervalo de tempo.


Como já mencionei, os personagens são bem estereotipados, pouco sabemos sobre eles e muito menos se importamos – na real, a maioria são tudo idiotas e preconceituosos -. Aqui, os roteiristas criaram novos personagens para aumentar a história, ou no caso, o número de mortes. Os únicos que se salvam são Corey Hawkins, que interpreta o protagonista Clemmens, um homem que acredita na ciência e não em religião ou superstição, a clandestina do navio Ana (Aisling Franciosi), que de alguma forma está conectada com o vampirão, e o menino Toby (Woody Norman), que está envolvido em uma das cenas mais impactantes do filme.



Drácula – A Última Viagem do Demeter entrega bons momentos de tensão, sustos, e violência, mas nada além disso, e se você espera algo mais do que apenas um slasher – algo mais cult e com uma história mais aprofundada -, provavelmente não gostará do novo filme do Drácula. Mas o filme de André Øvredal cumpre o papel e a sua proposta inicial - ser um bom filme de terror -, se você relevar a trama fraca e os personagens chatos. No mais, vale a pena pela ambientação assustadora do navio, as tempestades e os raios que ajudam a deixar tudo ainda mais tenso, a boa dose de violência, os efeitos especiais e os efeitos práticos do antagonista. E se depender da bilheteria do filme, provavelmente virá uma continuação.



DRÁCULA: A ÚLTIMA VIAGEM DO DEMETER (THE LAST VOYAGE OF THE DEMETER)


Ano: 2023

Direção: André Øvredal

Distribuidora: Universal Pictures

Duração: 118 min

Elenco: Corey Hawkins, Liam Cunnigham, Franciosi, Chris Walley e Woody Normam



NOTA: 7,0













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