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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | DRIVE MY CAR

Atualizado: 1 de abr. de 2022




04 Indicações ao Oscar 2022

Vencedor do Oscar de MELHOR FILME INTERNACIONAL



Na edição do Oscar de 2020, a produção sul-coreana Parasita conseguiu um feito inédito na história da academia: foi o primeiro filme não falado em língua inglesa a ganhar o Oscar de Melhor Filme, além de ter ganhado, também, na categoria Melhor Filme Internacional. Esse ano, uma produção japonesa está seguindo os mesmos passos, Drive My Car, aclamado em vários festivais pelo mundo, e que é baseado em um conto homônimo de Haruki Murakami, um dos escritores mais importantes do Japão da atualidade. A produção, que basicamente é uma jornada de autoconhecimento, é dirigida por Ryusuke Hamaguchi, e tem no elenco Hidetoshi Nishijima, Toko Miura, Reika Kirishima, e Masaki Okada.


Na trama, Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima) é um ator, e diretor, de teatro, que é contratado para dirigir uma peça, mas seus problemas do passado podem atrapalha-lo, de alguma forma. Por causa de um problema de visão, ele precisa de um motorista particular, e é aí que entra Misaki (Toko Miura), onde ambos acabam compartilhando suas histórias.


Drive My Car tem um ritmo bastante lento, e suas três horas de duração não vão ajudar nem um pouco, mas a produção é feita de detalhes, tudo é desenvolvido cuidadosamente, com diálogos fortes e ricos em informações. Um fato curioso se dá pelos créditos iniciais serem mostrados somente depois dos quarenta minutos de projeção, que seria o prólogo da produção, e isso tem um motivo: tudo que é mostrado antes, é relevante para a trama, servindo para criar uma base, focado inteiramente em Yusuki, para entender melhor as suas complexidades, e dores. O diretor Murakami não tem pressa em contar seu filme, usa diálogos longos e sem cortes, criando situações inusitadas, envolvendo também o elenco da peça teatral de Yusuki, abordando temas como solidão, luto, e traumas do passado, e apostando muito na relação entre os personagens.



Hidetoshi Nishijima e Toko Miura são os fios condutores da trama de Drive My Car, e os grandes destaques do elenco. Seus personagens, Yusuke e Misaki, respectivamente, acabam criando uma forte relação, onde ambos têm problemas com o seu passado, que aos poucos são revelados. Misaki é órfã, e tem um trauma envolvendo sua mãe, e acaba se tornando a motorista particular de Yusuke, que também tem um passado conturbado, mas com sua ex-esposa, envolvendo traições, morte, e um segredo não revelado. A dupla compartilha arrependimentos, dores, ainda que a jovem demore para se abrir, e os dois acabam embarcando em uma viagem de conhecimento mutuo, fortalecendo a amizade entre eles. É o clássico “road movie”, ou filme de estrada, traduzindo.


Drive My Car é um filme que chama a atenção pelo seu roteiro, cuidadosamente trabalhado, rico em detalhes, onde tudo é relevante, e está relacionado, e as suas três horas de duração servem para desenvolver a trama, e, merecidamente, recebeu a indicação ao Oscar de Roteiro Adaptado. É um filme sobre relação interpessoal, onde vamos aprendendo com problemas dos outros, entendendo as dores e sofrimentos de cada um, e uma reflexão sobre recomeços, e seguir adiante com a vida. Não é um filme muito emotivo, mas é carregado com uma sensibilidade incrível, apoiado em um roteiro bem construído, e personagens complexos, e interessantes, mas não é um filme que vai agradar o grande público.



DRIVE MY CAR (DORAIBU MAI KÃ)


Ano: 2021

Direção: Ryusuke Hamaguchi

Elenco: Hidetoshi Nishijima, Toko Miura, Reika Kirishima, e Masaki Okada



NOTA: 8,0




Disponível no serviço de streaming MUBI a partir de 1° ABRIL.














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