O Iluminado é considerado um dos mais assustadores e famosos livros do escritor Stephen King. Foi adaptado para o cinema em 1980, por Stanley Kubrick, com Jack Nicholson no papel principal, e em um telefilme/série, em 1997, sendo que esse o mais fiel a obra de King. Em 2013, o autor escreveu uma continuação de O Iluminado, intitulado de Doutor Sono, que acompanha Danny, já adulto, e o que aconteceu com ele. Entrando na onda de remakes e adaptações, a Warner decidiu levar Doutor Sono para os cinemas, resultando em um ótimo suspense psicológico, com uma deliciosa nostalgia para os fãs do filme original. O filme é dirigido por Mike Flannagan, e tem no elenco Ewan McGregor, Rebecca Fergusso, Kyliegh Curran, Cliff Cutris e Bruce Greenwood.
Na história, acompanhamos o que aconteceu com o garotinho Danny após o incidente no hotel Overlook. Ewan McGregor interpreta o garotinho na fase adulta, que é alcoólatra e se muda para uma pequena cidade para mudar sua vida. O seu passado volta a assombra-lo quando uma garotinha, Abra (Kyliegh Curran) encontra Danny para pedir ajuda: há um grupo cruel que mata crianças em busca de se alimentar do poder delas, que chamam de “brilho”, para viverem eternamente.
Uma continuação do clássico O Iluminado, seria estranho se não fosse pela já existente obra, mas o diretor Mike Flannagan, que também escreveu o roteiro, consegue adaptar a obra de King magistralmente. O filme começa em um ritmo mais lento, desenvolvendo os personagens e contando histórias paralelas, o que pode se tornar um pouco confuso, mas é importante para a história se desenrolar adequadamente. Aqui, o enredo explica o destino que teve o garotinho Danny, além de introduzir o grupo que caçam as crianças iluminadas, e o principal alvo deles, a garotinha Abra. Doutor Sono foca mais no suspense psicológico que no próprio terror, com cenas pesadas e tensas, sem muitos sustos fáceis, criando uma atmosfera densa e assustadora. A trilha sonora, eficiente, também ajuda no clima mais sombrio da produção, principalmente na parte final, e que conta até com o clássico tema o filme de Stanley Kubrick, só que um pouquinho diferente.
Ewan McGregor da vida a Danny na versão adulta, e se sai bem ao absorver todos os traumas do passado do personagem e a forma como ele lida com tudo, apesar de não ter gostado do rumo que ele levou, mas faz muito sentido. A garotinha Abra é interpretada por Kyliegh Curran, uma atriz mirim que dá um show de atuação, e demonstra uma maturidade incrível, ainda mais em um filme bastante pesado, já que envolve morte de crianças. Quem rouba a cena também é Rebecca Fergusson, a líder do grupo dos caçadores de crianças iluminadas, fazendo uma vilã ameaçadora e complexa. Ainda tem a participação de Cliff Curtis, como um grande novo amigo de Dan, e Carl Lumbly, o famoso Dick, amigo imaginário de Danny desde a sua infância.
O ato final de Doutor Sono é uma enorme nostalgia para os fãs da obra de King, e do filme de Kubrick, principalmente, em uma sequência que dura quase trinta minutos, trazendo um final digno para esse universo, apesar de que poderia ter terminado de outra forma. Com um enredo pesado e cenas fortes, Mike Flannagan cria um suspense de alto nível que prende a atenção do público, com uma atmosfera bem assustadora que, apesar de buscar terreno em O Iluminado, consegue criar sua própria identidade. Cria personagens complexos e interessantes, e vilões assustadores, tanto pela forma que eles são, quanto pelos seus atos. Uma grande surpresa de 2019.
DOUTOR SONO (COCTOR SLEEP)
Ano: 2019
Direção: Mike Flanagan
Elenco: Ewan McGregor, Rebecca Fergusso, Kyliegh Curran, Cliff Cutris e Bruce Greenwood
NOTA: 9,0
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