CRÍTICA | DO FUNDO DO MAR

Desde o sucesso de Tubarão, do diretor Steven Spielberg, inúmeras produções com animais assassinos surgiram nos cinemas, principalmente com tubarões, e muitas fizeram referências ao clássico dos anos 70. Lançado em 1999, Do Fundo do Mar é uma dessas produções que se aproveitaram do medo das pessoas com tubarões, e está entre os melhores filmes de "monstros" já produzidos. Reprisado várias vezes no Tela de Sucessos, do SBT, Do Fundo do Mar é uma produção B com efeitos em CGI – muito ruim, por sinal, mas é o charme do filme -, com tudo o que o subgênero tem a oferecer: sangue, corpos destroçados, tensão e muitas sequências de ação. Na trama, a dra. Susan (Saffron Burrows) lidera uma equipe de cientistas na estação de pesquisa “Aquatica” onde eles fazem alterações genéticas em tubarões para aumentar o seu cérebro e conseguir uma enzima capaz de curar o Alzheimer. O problema é que, com o efeito colateral, os tubarões ficaram mais inteligentes, e após um incidente, os tubarões tomam conta do centro de pesquisa. Thomas Jane, Stellan Skarsgård, Michael Rapaport, Samuel L. Jackson, L.L. Cool J., e Jacqueline Mackenzie também estão no elenco.

Do Fundo do Mar foi lançado a mais de 20 anos atrás, e continua atual até hoje – principalmente pela trama envolvendo manipulação genética -. A produção é um clássico filme B, tem um cientista doido e criaturas geneticamente modificadas, além das mortes insanas e efeitos em CGI duvidosos se comparados atualmente, só que com um orçamento maior. O diretor Renny Harlin consegue criar momentos tensos e várias cenas de ação, quase que interruptas, além de não poupar nas mortes e ter um ritmo ágil e que prende a atenção do espectador, principalmente quando os personagens estão na água (que é praticamente o tempo todo), com os tubarões à espreita. E diferente de como aconteceu com Tubarão de Steven Spielberg, Pânico no Lago, ou outro filme de animal assassino, Deep Blue Sea, no original, mostra o bicho desde o início, não fazendo nenhum mistério para revelar porque já sabemos que se trata de um filme com tubarão.

A trama também não tem nada de especial, e é bem simples, apesar de usar manipulação genética como base, e pouco importa os clichês básicos, as frases de feito, lições de moral, as situações forçadas, e todo o resto, porque a ideia como um todo é interessante, chama a atenção e diverte a gente. Tem até o bichinho que passa por sufoco, outro clássico no gênero – geralmente é um cachorro, mas agora é um papagaio falante de boca suja -.

Todos os personagens conseguem ter um carisma enorme, até mesmo a cientista louca, e fica bem claro a amizade que o núcleo principal tem, a sintonia e o entrosamento entre eles. E isso não facilita quando alguns deles começam a morrer. E é interessante ver Stellan Skarsgård, Samuel L. Jackson e L.L. Cool J., antes de ficarem ainda mais conhecidos pelo grande público. Tem a cientista louca e durona que só pensa na sua pesquisa, Susan (Saffron Burrows), o carinha que busca esquecer o seu passado criminoso, Carter (Thomas Jane), o empresário rico sobrevivente que dá lições de moral (Samuel L. Jackson), o engraçado Preacher (L.L. Cool J.), com suas falas espirituosas – o clássico alívio cômico dos filmes -, entre outros. E ainda tem duas mortes inesperadas e chocantes, onde uma delas é de um certo personagem que a gente não consegue ter raiva, mesmo tendo motivos, e quando o pior acontece, ficamos realmente impressionados.

Outros pontos positivos ficam por conta dos animatrônicos utilizados, que parecem ser bem reais, a trilha sonora envolvente, e os cenários do interior da "Aquatica", que muitas vezes acabam se tornando claustrofóbicos, aumentando ainda mais a tensão. No mais, Do Fundo do Mar é um dos mais interessantes filmes com animais assassinos, prende a sua atenção até o final, é divertido, tem um apelo científico sobre manipulação genética indevida - e as suas consequências -, personagens carismáticos, muita ação, mortes, sangue e corpos despedaçados. Vale a pena assistir, ou assistir novamente, e ainda está disponível na HBO Max.