A Pixar sempre nos leva a incríveis mundos com suas inimagináveis histórias: Toy Story, Vida de Inseto, Procurando Nemo, Os Incríveis, Wall-E, Up - Altas Aventuras, são os meus preferidos do estúdio. Depois de um ano sem lançar nada de novo, e de sequências que nem precisavam ter, a Pixar voltou com tudo com Divertida Mente, uma das melhores animações do estúdio. Aplaudido de pé no Festival de Cannes, e elogiado pela crítica, a animação é uma das mais reflexivas e complexas, mas explicadas de uma forma fácil de entender. Nas vozes originais estão Amy Poehler, Mindy Kalling, Lewis Black, Phillys Smith, Bill Hader, Diane Lane, Richard Kind e Kyle MacLachlan.
A animação gira em torno da mente de Riley, uma garotinha que se mudou com seus pais para São Francisco e que não ficou feliz por isso. As suas emoções são controladas por cinco sentimentos que vivem dentro da mente da menina: a Alegria, a Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho, que cuidam de tudo dentro da sala de controle. Após um incidente, a Alegria e a Tristeza, os principais sentimentos, acabam saindo da sala de controle e ficam perdidas dentro da mente de Riley, e com tantos acontecimentos na vida da garota, e sem ter como controlar direito, elas terão que retornar antes que a mente de Riley desmorone.
Divertida Mente é um filme que agradará mais adultos do que as crianças, já que tem uma história complexa e reflexiva. A ideia é uma das melhores, mais inteligentes, e originais já criadas pela Pixar, e tudo é muito bem trabalhado e detalhado. Todos os cantos da mente são visitados: temos os sentimentos que controlam as nossas emoções (situados em uma torre central), as nossas personalidades (ilhas ligadas a torre central, que mudam de acordo com a idade), a parte do esquecimento da nossa memória (um grande abismo no fundo da nossa mente), o setor das memórias guardadas (um enorme labirinto), o lado da imaginação, dos pensamentos abstratos, o inconsciente, o medo (representado numa caverna) e os sonhos, mostrando os mínimos detalhes com muita informação, criatividade e emoção; simplesmente demais.
O roteiro é muito bem trabalhado, e mostra os acontecimentos da vida de Riley juntos com os problemas que os cinco sentimentos enfrentam dentro da mente dela, tudo bem fácil de se entender. E a direção de arte é ótima também: além dos incríveis cenários de cada parte da mente, o mundo é repleto de cores vivas, representando a emoção e a aventura, e do lado de fora, no mundo real de Riley, são cores mortas, com tons de cinza, mostrando os acontecimentos tristes na vida da menina.
A animação não tem tantos personagens carismáticos, com destaque para Tristeza, com seus comentários depressivos e dramáticos e que é sempre mantida afastada por todos, e do amigo imaginário Bing Bong, um carismático elefante que acabou esquecido e ficou perdido em alguma parte da mente de Riley. Todos os sentimentos responsáveis pelo controle das emoções são explorados, mas são a Alegria e a Tristeza que ganham destaque: são sentimentos opostos, mas que precisam um do outro para trazer o equilíbrio na mente da menina; e quem disse que a tristeza não é importante na vida da pessoa, está enganado. Quando esses dois sentimentos se perdem na mente, cabe aos outros sentimentos, raiva, medo e nojinho, controlarem a mente de Riley, resultando nos problemas sentimentais dela. A quantidade de personagens é enorme, e todos são mostrados em cada parte da mente com sua função e detalhes incríveis; esse mundo é realmente brilhante. Do lado de fora da mente temos a representação de uma família que passa por conflitos, e as situações são mostradas com um realismo impressionante.
Pelo fato de se a história se passar dentro de uma mente, o lado psicológico, e seus problemas, é mostrado, e as famosas "lições de vida" do estúdio estão presentes, e nesse caso são várias: a forma como lidamos com nossos sentimentos e as decisões precipitadas, o fato de que a gente ter que esquecer de recordações antigas para seguir adiante, aceitar as mudanças, e questões sobre depressão, mostrando que a tristeza é importante para crescermos e que chorar faz bem. É uma animação bastante reflexiva, que nos faz pensar sobre a vida e a forma que lidamos com nossos sentimentos e escolhas da vida.
A Pixar conseguiu fazer uma animação capaz de entendermos direito como a nossa mente funciona, ainda que seja ficção, e tudo é mostrado com muitos detalhes e informações. Divertida Mente é mais um filme para adolescentes e adultos do que para as crianças, por causa da complexidade, mas elas também vão se divertir. Com um roteiro brilhante e detalhes da nossa mente perfeitamente explorada e representados, a nova parceria da Disney e a Pixar é emocionante e fará você chorar e rir bastante. E aposto que Divertida Mente vai ser o grande vencedor do Oscar de melhor animação no próximo ano.
DIVERTIDA MENTE (INSIDE OUT)
Ano: 2015
Direção: Pete Docter
Elenco: Amy Poehler, Mindy Kalling, Lewis Black, Phillys Smith, Bill Hader, Diane Lane, Richard Kind e Kyle MacLachlan
NOTA: 10
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