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CRÍTICA | DIVERGENTE

Atualizado: 7 de out. de 2021



A nova mania em Hollywood é adaptar obras literárias para o cinema; sempre teve, claro, mas a quantidade é bem maior do que antes. A mais nova adaptação é Divergente, escrito por Veronica Roth, que tem apenas 26 anos e seus únicos livros são justamente esses, sendo o primeiro lançado em 2011. Não é culpa do filme, talvez do livro, mas todos têm sempre a mesma temática: um personagem que se destaca de todos e é a salvação das pessoas. Divergente tem uma das histórias mais interessantes dessas obras, apesar de inúmeras referências a outras, e envolve o espectador em uma trama bem engenhosa. O elenco é um destaque a parte, e bem interessante: Shailene Woodley, Ashley Judd, Kate Winslet, Ansel Elgort, Theo James e Miles Teller.


O mundo foi devastado por uma guerra, e décadas depois, foi criado um sistema democrático dividido em cinco facções, onde cada uma tem uma função: Abnegação (Altruístas), Amizade (bondosos), Audácia (Corajosos), Franqueza (honestos) e Erudição (inteligentes). Ao completarem dezesseis anos, os jovens têm que escolher uma dessas facções, e aqueles que não quiserem, serão abandonados em um mundo devastado e sem direito a nada. Beatrice Prior/Tris (Shailene) e seu irmão, Caleb (Ansel) chegaram nessa etapa, e cada um escolhe uma facção diferente. Mas Tris acaba descobrindo que ela é divergente, aquele que tem aptidão para mais de uma fracção, se tornando uma ameaça para o sistema que sempre esteve controlado. Agora, Tris terá que esconder essa verdade ameaçadora de todos seus amigos, e ao mesmo tempo, terá que se dedicar aos testes para se tornar membro do grupo que escolheu para manter a ordem no planeta, de acordo com a função de cada facção.


Como disse antes, Divergente tem uma história interessante, e o roteiro segue uma linha que prende a atenção do público desde o início: somos introduzidos ao mundo apocalíptico de Chicago, a explicação das facções, a escolha da personagem principal, o treinamento, os problemas que enfrentam, e o ato final, tudo em um ritmo excelente. Por mais obvio que ela seja "a escolhida", no inicio de seu treinamento, ela não se sai bem, e isso é um diferencial, já que geralmente os esses se dão bem desde o início. Além disso, os personagens do grupo da facção dela tem um ótimo entrosamento e conseguem passar toda uma emoção que deixa o público preso na história, o que ajudará bastante quando algo acontece com eles. As semelhanças com Jogos Vorazes são bem visíveis, mesmo seguindo uma história bem diferente, e até com Harry Potter: as cenas de luta no treinamento, e a mocinha lutando contra o sistema são marcas de Jogos Vorazes. Quanto a Harry Potter, isso mesmo Harry Potter, os personagens tem que escolher uma das facções, grupos, para servir o regime. Só que ao invés de usarem chapéus de bruxos, aqui eles derramam sangue. Essas comparações são inevitáveis, ainda mais que surgem inúmeras adaptações literárias juvenis.



O elenco é um destaque a parte, e todos tem um ótimo entrosamento e cumprem bem seus devidos papéis. Claro que o destaque aqui é a talentosa Shailene Woodley, que teve a oportunidade de mostrar que pode muito mais do que atuar em filmes dramáticos. Seu carisma passa totalmente para a personagem, o que ajuda na identificação com o público, além de captar toda a complexidade da personagem, principalmente nas cenas de tensão. A vilã da vez é Kate Winslet, que parece mais uma executiva com seu vestidinho do que uma vilã. Não achei ela tão maldosa e ameaçadora, talvez por parecer uma executiva, mas convence como uma versão feminina de Hitler (a atriz se definiu assim) que acha que está fazendo o correto.


Como toda obra literária juvenil, a mocinha vai ter uma relação amorosa com um cara bonito e com corpo definido. Em Divergente, é o misterioso Tobias/Quatro, interpretado por Theo James (de Anjos da Noite: O Despertar), que terá um romance com Tris. Quatro é um dos líderes do grupo dela, um rapaz calado que também esconde um segredo, e que vê em Tris um potencial diferenciado de todos. Claro que os dois vão acabar se envolvendo, mas, surpreendentemente, não é um romance dramático e cheio de cenas de amor, e sim uma relação sem muito aprofundamento. Ashley Judd, que interpreta a mãe de Tris, aparece poucas vezes, mas já é o suficiente para criarmos um vínculo com ela, o que dá mais emoção nas cenas de tensão. E ainda tem Miles Teller (de Whiplash - Em Busca da Perfeição), que é o colega irritante Peter, um vilãozinho que poderia ser mais explorado. Miles é um dos atores revelação do momento, e tem muito potencial para se tornar um astro. Ansel Elgort não ganha muito destaque no filme (ele interpreta o irmão de Tris), mas é interessante vê-lo atuando ao lado do seu par romântico em A Culpa é das Estrelas.



O cenário de Divergente é um grande feito do filme, que mostra belas imagens e bem produzidas, mostrando a cidade de Chicago bem apocalíptica; destaque para os cercados em volta da cidade, com os campos do outro lado; realmente belíssimo. E assim como Jogos Vorazes, a história tem uma forte crítica social de ditadura, onde um líder que acha que está fazendo o certo para trazer a paz, ou seja, nada de tão original, mas ainda tem algumas reviravoltas e surpresas. Aqui, os líderes mantêm a população centradas dentro das cinco facções, onde os jovens escolhem qual seguir, com a ajuda de um teste de aptidão, e cada uma tem uma função social e todos fazem sua parte. Mas não demora muito para perceber que esse "governo" é corrupto e tem outras finalidades em mente, e cabe a mocinha descobrir e ir contra esse sistema, restaurando não só a paz, mas também a liberdade. Temas assim são sempre interessantes, mesmo estando um pouco batido, mas funcionam sempre.


Divergente é um filme ótimo, tem vários pontos positivos, e mesmo não tendo todo o glamour de Jogos Vorazes, se destaca entre as inúmeras adaptações. Com uma história muito interessante que chama a atenção do espectador, ótimo visual e cenas de ação, e personagens que cativam o público, a série Divergente conseguiu não se tornar um fracasso, como os recentes Os Instrumentos Mortais, A Hospedeira e Dezesseis Luas, ganhando destaque no concorrido mundo das adaptações infanto-juvenis, mesmo dividindo o público e a crítica. A série tem três livros, sendo que a próxima adaptação será a de Insurgente, e a seguinte de Convergente; esse último será, olha só, dividido em duas partes. Alguns defendem que os produtores resolvem dividir a última parte em dois filmes para mostrar mais detalhes do livro. Ainda acho que é para ganharem mais dinheiro.




CONHEÇA O SIGNIFICADO DE CADA FACÇÃO, E A SUA FUNÇÃO:


- ABNEGAÇÃO: É a facção que se dedica aos outros e ajuda sem se importar com eles mesmos. Também alimentam os sem facções. São os servidores públicos, no qual o governo confia neles.


- FRANQUEZA: É a facção que luta pela verdade, ordem e honestidade.


- AMIZADE: É a facção que cultiva a terra (plantações), dedicada a paz, bondade e neutralidade, com a função de manter uma sociedade pacífica e livre de guerras.


- ERUDIÇÃO: É a facão que aprecia a lógica e o conhecimento, responsável pelo avanço tecnológico e pelo ensino, já que o grupo é composto somente dos mais inteligentes da sociedade.


- AUDÁCIA: É a facção responsável pela segurança, e treina os participantes com coragem para enfrentarem os perigos que poderão surgir. São os soldados, os protetores.






DIVERGENTE (DIVERGENT)


Ano: 2014

Direção: Neil Burguer

Elenco: Shailene Woodley, Ashley Judd, Kate Winslet, Ansel Elgort, Theo James e Miles Teller.



NOTA: 9,0













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