Desde o início do cinema, os filmes épicos nos levam à mundos incríveis, onde conhecemos os costumes de uma geração. Os Dez Mandamentos, Cleópatra, Ben-Hur, Tróia, e até filmes mais fantásticos, como Fúria de Titãs, se tornaram clássicos do cinema e são referências até hoje, Deuses do Egito é a nova aposta do gênero, que ao invés de mostrar uma história envolvendo lendas gregas, agora nos leva aos grandes deuses do Egito e suas lendas da vida após a morte. Envolto de muita polêmica, e até com pedidos de desculpas do diretor, pelo fato de ter atores brancos em um filme que se passa no norte da África, o novo filme de Alex Proyas deixa a desejar em um épico chato repleto de clichês. No elenco estão Gerard Butler, Nikolaj Coster Waldau, Courteney Eaton, Brenton Thwaites, Chadwick Boseman, Élodie Yung, Geoffrey Rush e Rufus Sewell.
Horus (Nikolaj Coster Waldau) está sendo coroado como o novo Deus do Egito, quando seu tio, Seth (Gerard Buttler), aparece e rouba os seus olhos, matando o pai dele, e assim, tomando o lugar para comandar o Egito. Exilado, Horus recebe ajuda de um mortal ladrão com boas intenções, Bek (Brenton Thwaites), em troca dele ajudá-lo a recuperar o trono para ressuscitar a sua amada Zaya (Courteney Eaton), já que somente um Deus pode fazer isso.
O maior problema de Deuses do Egito é o roteiro, que também foi escrito por Alex Proyas. A ideia é interessante ao mostrar as lendas do Egito, e é até mais do que as lendas gregas, mas não consegue prender muito a atenção do espectador, seja pelo desenrolar da história, os clichês básicos, e o excesso de efeitos especiais mal feitos. A primeira parte, a posse do novo Deus e a primeira batalha, é bastante promissora, mas depois, o enredo é praticamente uma jornada dos personagens em busca de uma solução, e no caminho eles enfrentarão vários perigos, muito fáceis de serem resolvidos e sem nenhuma carga dramática. Outro problema é o humor, demais para um longa épico, grande parte envolvendo o romance entre o Deus Horus e sua amada Neftis, perdendo todo o clima de um filme sério; por mais que seja uma fantasia épica, humor em excesso estraga tudo. Outro problema são os efeitos especiais, exagerados e fantasiosos demais, parecendo um jogo de RPG, e as cenas de ação que são rápidas demais.
Mas o filme tem vários pontos positivos também. Começando pelos belos cenários do Egito, uma ótima direção de arte e fotografia de encantar os olhos, como o lugar onde mora o Deus do sol Rá, o mundo dos mortos, onde as almas são julgadas, o reino de Seth; esse talvez seja o grande mérito da produção. Ainda, os roteiristas seguiram fielmente as lendas egípcias, os Deuses com suas devidas funções, além de mostra-los em tamanho maior que os mortais, e que sangravam ouro, detalhes que deixaram o filme melhor. E apesar dos efeitos especiais serem exagerados, as cenas de ação são boas e grandiosas, principalmente a longa cena final.
Outro problema são os personagens mal desenvolvidos com suas motivações que se limitam a vingança, poder e claro, o amor. O melhor em cena é Gerard Buttler e seu vilão Seth, cheio de maldades, onde o ator as desenvolve bem, algo parecido com seu personagem no filme 300. Nicolaj Waldau (de Game Of Thrones), e seu personagem, passa a impressão de ser antipático e não se importar com nada, apenas nele mesmo e na sua vingança. Quem se destaca também é Brenton Thwaites, o mortal Bek, um ladrãozinho/ herói apaixonado com boas intensões, que entra nessa aventura para salvar a sua namorada Zaya. Seu personagem esbanja carisma e suas motivações são as melhores possíveis. O mais fraco de todos é Chadwick Bonseman e seu estranho deus da sabedoria Toth, personagem que era pra ser engraçado, mas se torna bizarro demais para um Deus Egípcio. O elenco feminino não se destaca o suficiente para ter personagens marcantes, se limitando a sacrifícios; poderia ter uma mulher, ou uma deusa, que mostrasse força e determinação, como a Furiosa, em Mad Max, e Alice, em Resident Evil.
Mesmo com uma ótima direção de arte, Deuses do Egito é fraco, não prende muito a atenção com seu enredo básico e sem emoção nenhuma. A ideia de mostrar as lendas dos Deuses egípcios é muito interessante, mas o filme não soube fazer isso direito, exagerando em vários aspectos, sendo os efeitos e o humor excessivo os mais "marcantes". Alex Proyas tenta fazer um épico interessante e ambicioso, mas acaba nos entregando um filme fraco. Mas Deuses do Egito poderá entreter muitos pelas cenas de ação, belos cenários, com os Deuses bem representados e por seguirem fielmente as lendas do antigo Egito, mas não é suficiente para se tornar um clássico do gênero.
DEUSES DO EGITO (GODS OF EGYPT)
Ano: 2016
Direção: Alex Proyas
Elenco: Gerard Butler, Nikolaj Coster Waldau, Courteney Eaton, Brenton Thwaites, Chadwick Boseman, Élodie Yung, Geoffrey Rush e Rufus Sewell
NOTA: 5,0
Disponível na NETFLIX.
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