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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | DEADPOOL & WOLVERINE



É fato que a Marvel tem passado por sérios problemas com suas produções desde “Vingadores: Ultimato” (com algumas raríssimas exceções). Seria porque o público cansou da “fórmula Marvel”? Seria culpa dos streamings? Ou as produções do estúdio apenas estão ruins mesmos e sem muitas ideias criativas? E ainda questiono: será que o público se importa com a baixa qualidade dos filmes do estúdio (não o CGI, lógico), desde que o “fanservice” supere as expectativas? Outro fato é que nem todo mundo que assiste as produções do MCU são necessariamente “Marvetes” – os fãs assíduos do MCU -, muitos são apenas espectadores que simplesmente gostam de filmes de super-heróis. E para assistir a um novo filme do estúdio (e entender 100% do filme), o espectador precisa, pelo menos, ter assistido as produções anteriores, além das inúmeras séries nos streamings. Claro, o público-alvo são os fãs e eles tem que ser priorizados, e isso não está errado, mas será que o restante do público teria paciência para assistir a uma série inteira?


Dito isso, temos “Deadpool & Wolverine”, terceiro filme do mercenário boca-suja que traz junto o retorno do mutante Wolverine, dos X-Men, introduzindo os dois personagens no Universo Cinematográfico da Marvel (ambos eram da FOX), prometendo ser a “salvação” do estúdio, resgatando a paixão do público em ir ao cinema assistir a um filme de super-herói, e quem sabe trazer um bom retorno financeiro. Se apoiando nas referências, muito “fanservice”, multiversos, e variantes de personagens, mas sem abandonar o humor inapropriado do personagem e a metalinguagem típica dos seus filmes, a trama acompanha Deadpool (Ryan Reynolds) sendo convocado pela AVT (Autoridade de Variância Temporal, que apareceu na série do Loki) para salvar a sua própria realidade. Para isso, o herói desbocado precisa da ajuda do Wolverine (Hugh Jackman), ou pelo menos uma de suas variantes, onde juntos precisam enfrentar Cassandra Nova (Emma Corrin), a irmã gêmea de Charles Xavier.



Entre referências, sátiras, e muita violência, Deadpool e Wolverine nada mais é que um “buddy movie”, onde duas pessoas com personalidades bem diferentes precisam trabalhar juntas para combater criminosos. E é essa dinâmica divertida que o filme abraça com gosto. A química entre Ryan Reynolds e Hugh Jackman – que são amigos fora das telas -, é incrível graças as personalidades totalmente diferentes de seus personagens, e esse é o principal fator de a produção funcionar. Ambos têm seus problemas pessoais, e precisam saber lidar um com o outro, e até conseguirem se acertar espere por muitos embates violentos entre a dupla, com direito a deboches e ironias a todo instante. Risadas são garantidas. E talvez seja clichê falar isso, mas o Deadpool do terceiro filme está melhor do que antes, já que Reynolds está bem mais à vontade no personagem, ainda mais desbocado e satírico do que nunca, e que ainda tem o sonho de se tornar um integrante do time dos Vingadores. E se você acha que ele ia cuidar do palavreado porque agora o herói está na Disney, se enganou. Ainda que ele seja irônico ao dizer que deve se "autopoliciar" nas palavras, Deadpool continua afiado e com a boca suja de sempre, zombando de todo mundo. Já o retorno de Wolverine é curioso, uma vez que o personagem tinha sido morto em Logan (2017), mas o roteiro dá um motivo bem legal para o seu retorno. Hugh Jackman faz um mutante mais irritado, sempre de mau humor, desgostado com o rumo que sua vida levou, sendo odiado por todos na realidade dele. E sim, Wolverine está usando o seu traje original dos quadrinhos, para a alegria de todos.


Podemos dizer que Deadpool & Wolverine é o “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” da vez, cheio de referências e participações especiais que vão levar os fãs a loucura. Mas claro, com o estilo narrativo do universo de Deadpool. O filme dá umas cutucadas satíricas e ácidas nos rumos da própria Marvel e seu Universo Cinematográfico, inclusive “pega no pé” da FOX, principalmente sobre a venda do estúdio para a Disney, sobrando até para Kevin Feige, e tudo isso com um humor inapropriado para menores de idade. E as referências passam do MCU, remetendo a produções como Mad Max, e até filmes estrelados pelo próprio Ryan Reynolds, referencias essas que provavelmente poucos vão lembrar. E ainda tem a violência típica dos filmes do herói – agora bem mais violento, inclusive -, um dos fatores que fez a produção receber a classificação máxima. As sequências são realmente brutais, sangue e pedaços de corpos voando para tudo que é lado, tudo isso com muitos palavrões e embates coreografados ao som de uma trilha sonora que vai desde NSYNC até Madonna.



Claro que nem tudo é perfeito no mundo de Deadpool & Wolverine, e só porque o filme é bom, não quer dizer que não tenha seus problemas. O roteiro não é lá muito criativo, utilizando o multiverso como alternativa para movimentar os acontecimentos – isso não tem nada de errado, inclusive deixa tudo mais interessante -, mas fica um questionamento: será que não existe uma outra alternativa? Além disso, alguns rumos na história já foram vistos em outras produções do estúdio, e a vilã Cassandra Nova é pouco desenvolvida e não é tão ameaçadora assim. E sobre as participações especiais? Sem spoiler, são personagens que você provavelmente nunca imaginaria que fossem aparecer, e apesar de terem uma importância significativa na trama, fica a sensação de que não foram bem aproveitados; obviamente mais uma autocritica da produção. As cenas de luta também ficaram um pouco confusas e rápidas demais, sendo as de Deadpool 2 melhores. Motivo? Provavelmente por que diretor do segundo filme, David Leitch, já trabalhou como coordenador de dublês. E qual a saída para amenizar esses problemas? O diretor Shawn Levi se apoia no “fanservice”, nas referências, na nostalgia, e nas participações especiais, e sinceramente? Todos esses problemas não atrapalham nada a diversão e a empolgação em assistir ao filme do momento.



O fato é que Deadpool & Wolverine é um filme genérico, como a maioria das produções mais recentes da Marvel, e até da DC, que preferem focar no “fanservice” do que em algo mais original – originalidade é o que está faltando para os filmes de super-heróis atualmente -. Mas isso não torna um filme da MCU, ou esse terceiro Deadpool, ruim, até porque, com o perdão do vocabulário, “foda-se” a originalidade, quero referências e nostalgia. É um filme da Marvel, “caralho”, o que vale é o “fanservice”, a diversão e o entretenimento. No fim, Deadpool & Wolverine é mais uma ponte para introduzir os dois heróis no Universo Cinematográfico do estúdio do que a introdução definitiva deles, e as cenas pós-créditos mostram exatamente isso. Mesmo com seus problemas, o filme de Shawn Levi diverte, tem ótimas sequencias de ação, muitas referências incríveis, participações especiais daquelas de vibrar no cinema, desenvolve bem os seus protagonistas, e tem bastante violência – fazendo jus à alta classificação que recebeu -. A perfeita sintonia entre Ryan Reynolds e Hugh Jackman é o ponto forte da produção, rendendo momentos divertidos, com direito a muitos palavrões, deboches e ironias. Deadpool & Wolverine é o filme do momento.




DEADPOOL & WOLVERINE


Ano: 2024

Direção: Shawn Levi

Distribuidora: Disney/ Marvel

Duração: 127 min

Elenco: Ryan Reynolds, Hugh Jackman, Emma Corrin, Rob Delaney



NOTA: 9,0
























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Guest
Aug 01
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