CRÍTICA | CROCODILOS - A MORTE TE ESPERA

Hollywood sempre mostrou que se aventurar em uma caverna inexplorada nunca dá certo, e alguém sempre acaba morrendo. Abismo do Medo (2005), e a continuação, em 2009, A Caverna (2005), Viagem Maldita 2 (2009), entre outros, estão aí para provar isso, e mesmo assim, as pessoas continuam entrando em cavernas. Piadinhas de lado, em 2007, um filme bastante elogiado, mas ignorado pelo grande público, estreava nos cinemas, Medo Profundo (Black Water), sobre um grupo de amigos que enfrentam crocodilos em um rio no norte da Austrália. A produção acabou sendo lançada direto para DVD aqui no Brasil, em parte culpa de um outro filme que ficou mais popular na época, Morte Súbita (Rogue), que tinha um elenco mais conhecido, como Radha Mitchel (de Terror em Silent Hill) e Sam Worthington (que dois anos depois, estrelaria Avatar), além de trazer o mesmo tipo de ameaça, crocodilos. Quinze anos depois, estreia nos cinemas a continuação de Medo Profundo, sem nenhuma ligação com esse – somente a região é a mesma, chamado de Crocodilos – A Morte Te Espera (Black Water – Abyss), dirigido pelo australiano Andrew Traucki, que também dirigiu o original de 2007 junto com David Nerlich.

Na trama, cinco amigos decidem explorar uma caverna que ninguém entrou, em uma floresta na Austrália. Após uma forte chuva, o nível da água do rio sobe, fazendo com que eles fiquem presos no lugar, precisando correr contra o tempo para não ficarem submersos. Porém, eles acabam descobrindo que há um crocodilo faminto que não vai deixá-los escapar com vida.

Após a típica primeira cena mostrando personagens aleatórios morrendo, apesar de não serem tão aleatórios assim, e a introdução dos protagonistas, o diretor Andrew Traucki consegue criar momentos de suspense e tensão quando os protagonistas estão na caverna, se mantendo assim durante as suas 1h35min de duração. Aliados a isso, tem os cenários escuros do local, até demais por sinal, o que acaba atrapalhando um pouco a visão do espectador. Porém, as vezes funciona, já que não sabemos de onde o crocodilo vem para puxar um deles para baixo da água, e também, tem o fato de o diretor deixar o animal submerso quase que todo o tempo, técnica muito usada em filmes do gênero, e que funciona; o clássico Tubarão (1979) que inspirou.

Um dos problemas é o ritmo da produção, com longas pausas entre um ataque e outro, bem menos do que o esperado para o gênero, fazendo com que aquele clima de tensão seja interrompido. Além disso, quando os personagens precisam andar devagar na água para não chamar a atenção do crocodilo, essas situações se repetem várias vezes, a maioria vindo com os típicos sustos fáceis. O roteiro não explora muito a caverna, o que poderia deixar o filme mais dinâmico, e ágil, possibilitando mais cenas claustrofóbicas, e mais ação, mas tudo bem.

Os personagens, pelo menos, são bem desenvolvidos, onde o roteiro cria um conflito entre eles, bem clichê na verdade, e com uma carga dramática razoavelmente boa, mas não o suficiente para sensibilizar o público. As atuações são "maravilhosas" (contém ironia), e não convencem, o que atrapalha quando eles começam a serem devorados. Os destaques vão para as atrizes Jessica McNamee, que estrelou o remake Mortal Kombat, interpretando Sonya Blade, e Amali Ward, de Amor e Monstros, com Dylan O’Brien, e que também é cantora. Elas interpretam melhores amigas, pivô do arco dramático que envolve os personagens.

Em geral, Crocodilos – A Morte Te Espera é um filme interessante de se assistir, com bons momentos de suspense, tensão, e algumas mortes gráficas, mas para um filme de animais assassinos, ficou muito fraco. É um terror muito parado, falta mais ação, e o final acaba sendo um divisor de águas: é uma das cenas mais legais do filme, mas a forma como acontece é bastante duvidosa. O trabalho de fotografia e direção de arte são ótimos – tirando a escuridão chata -, criando belos, e claustrofóbicos, cenários dentro da caverna, e os efeitos em CGI são um pouco exagerados; se tivessem usado mais animatrônicos, como o filme de 2007, ficaria melhor. No mais, vale a diversão de ver um crocodilo faminto matando jovens que insistem em explorar cavernas desconhecidas. E um aviso: o título brasileiro é uma enganação, porque só tem um crocodilo o filme todo.