A maioria dos filmes de terror da atualidade são ruins e nada originais, e a prova disso são os últimos que foram lançados: A Mulher de Preto 2, Renascida do Inferno, Annabelle, entre outros. Mas as vezes, nos surpreendemos com alguns lançamentos, que é o caso de Corrente do Mal, um ótimo terror indie com toques de superprodução, que foi curiosamente apresentado no Festival de Cannes. Com uma história bem estranha, mas tensa, a produção é, com certeza, um diferencial entre os filmes de terror da atualidade. O filme é dirigido por David Robert Mitchel e estrelado por Maika Monroe, Keir Gilchrist (mais conhecido em séries e no filme Se Enlouquecer Não se Apaixone) e Jake Weary (que também é cantor).
A história se passa em Detroit, e mostra uma garota chamada Jay (Maika Monroe) que está conhecendo um rapaz, Hugh (Jake Weary) e acabam transando. Na verdade, Hugh passou uma maldição para ela, onde um espírito irá persegui-la e tentará matá-la, e só vai conseguir se livrar quando transar com outra pessoa, passando a maldição adiante. Sem entender o que está acontecendo, ela começa a procurar respostas e entender a situação, enquanto o espírito, que toma forma de várias pessoas, a persegue.
Corrente do Mal é um dos melhores filmes do ano, e tem muitos pontos positivos. A começar pela ótima fotografia do filme, apresentando cenários interessantes que passam tensão e mistério para o espectador. Junto a isso, estão as tomadas amplas das filmagens, mostrando todo o ambiente, nos indicando que a qualquer momento, o espírito poderá aparecer, além dos planos longos e sem cortes para que o espectador fique observando de onde a força maligna surgirá. A trilha sonora do filme é uma mistura muito interessante de sons eletrônicos bem diferentes, deixando o filme ainda mais apavorante e angustiante, além de dar um toque mais estiloso de filme indie.
Mas não é só a parte técnica que o filme funciona: a história e o enredo prendem a atenção do espectador, que varia entre um ritmo parado e acelerado, com bastante suspense e mistério, nos fazendo entrar na paranoia da personagem amaldiçoada; e também, todos os atores tem atuações convincentes. Os mais desavisados poderão levar alguns sustos por causa das aparições repentinas do espírito, que aliás, são ótimas, assustadoras e uma mais impressionante do que a outra. Os únicos defeitos do filme são as situações clichês de filmes de terror, que não atrapalham em nada, e também, porque é um pouco confuso em algumas partes, principalmente nas cenas finais, onde, provavelmente, demorará para entender o final.
A Corrente do Mal ainda tem o trunfo de apresentar algumas críticas sociais. A história, por exemplo, pode remeter ao uso de preservativos para quando você for transar com algum desconhecido, fazendo gancho com DST, incluindo principalmente a AIDS. Além disso, tem a questão da virgindade, algo bastante relevante entre os americanos, fazendo os jovens transarem antes do "momento certo", que no caso do filme, serve para passar a maldição. Após essas alegações, o diretor disse que não se referiu a nenhum desses casos, mas depois que falaram, percebeu que tudo faz sentido. E ainda que não seja uma crítica direta, a história mostra uma Detroit deserta, com poucas pessoas, se referindo a crise econômica que a cidade passou alguns anos atrás.
No final, A Corrente do Mal é um dos melhores e mais curiosos filmes de suspense e terror que surgiu nos últimos anos, com uma premissa bem estranha, mas que chama a atenção. Tem uma história envolvente, e um ritmo frenético e tenso, que renderá bons sustos com as ótimas aparições do espírito. Mas tenha em mente que você vai assistir a um filme fora do comum, e o final poderá ser satisfatório, ou não. A Corrente do Mal é um filme estiloso, estranho e imperdível.
CORRENTE DO MAL (IT FOLLOWS)
Ano: 2015
Direção: David Robert Mitchell
Elenco: Maika Monroe, Keir Gilchrist e Jake Weary
NOTA: 9,0
Disponível na NETFLIX.
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