CRÍTICA | CONVENÇÃO DAS BRUXAS (2020)

Lançado há 30 anos atrás, a versão original de Convenção das Bruxas, com Angelica Houston, ficou marcado na memória das crianças dos anos 90 porque, apesar do tom infantil e fantasioso, assustou uma geração inteira, especialmente na famosa cena da reunião das bruxas. Baseado no conto de Roald Dahl, o filme tinha um tom mais assustador, com crianças se transformando em ratos. Agora, chegou a vez da nova geração de crianças conhecer essa fantástica história sobre bruxas que querem exterminar todas as crianças do mundo. Dirigido por Robert Zemeckis, ao invés de Angelica Houston como a bruxa principal, agora é a premiada Anne Hathaway que encarna o papel; e a também oscarizada Octavia Spencer, entra no lugar de Mai Zetterling como a avó que luta contra as bruxas, ao lado do seu neto, interpretado pelo jovem Jahzir Bruno.

A estrutura narrativa, e os acontecimentos desse novo Convenção das Bruxas, são os mesmos da versão original, porém, o tom aqui é bem o oposto, e isso poderá criar um estranhamento para quem já conhece a história. O grande mérito da produção de 1990 era o tom mais sombrio, mesmo em um filme infantil, que, junto com a concepção das bruxas, assustou muitas crianças na época. Agora, o tom mais assustador muda - mais leve e engraçado -, não assusta, e não tem o mesmo impacto que o primeiro filme teve nos anos 90.

É difícil não comparar as duas versões, ainda mais pelo fato de o remake ser bem inferior ao original. A forma das bruxas nessa nova versão é bizarra, fato que gerou muitas críticas quando o primeiro trailer foi lançado, e está longe de ter o estranhamento de como era a bruxa de Angelica Houston. Aqui, tudo é mais exagerado, mais teatral, e a transformação em um rato, por exemplo, que antes assustava bastante, agora chega a ser engraçado. Os eventos se desenrolam muito rápidos, não cria nenhum suspense, porém consegue desenvolver os personagens e suas histórias muito bem. O sotaque de Anne Hathaway é estranho, além da personagem ser muito exagerada em todos os sentidos. Mesmo assim, a atriz tem uma excelente atuação, convencendo como a rainha das bruxas, debochada e amedrontadora na medida certa. Octavia Spencer também brilha como a avó do garotinho, entregando momentos inesquecíveis, e construindo uma personagem muito interessante. Jahzir Bruno também se destaca em alguns momentos, mas seu personagem se sai melhor quando ele é transformado em um rato fofinho, mas está longe de ter o carisma que Jasen Fisher teve. Zemeckis poderia ter abordado mais a questão racial, dando a entender que, em alguns momentos, o garotinho e sua avó sofrem alguns questionamentos, mas não leva adiante o tema.

A excelente maquiagem do original é trocada por efeitos em CGI, tanto na concepção das bruxas quanto nas sequencias de ação, que se assemelham muito com Rattatoule e Stuart Little, dando o tom mais infantil na produção. A grandiosa cena final, no salão de jantar do hotel, é simples e sem a emoção que o original teve, e termina de uma outra forma, bem interessante até. No fim, esse novo Convenção das Bruxas não irá agradar quem já conhece o filme original, já que o toque mais sombrio não existe, e quem conhece a obra de Roald Dahl, ficará feliz em saber que o remake é mais fiel. É um filme mais caricato, colorido, beirando ao teatral, e não causa o mesmo impacto que Angelica Houston e seu filme de 1990 teve. Esperava mais de um filme dirigido por Robert Zemeckis, e que tem Guilhermo Del Toro na produção.