CRÍTICA | COM AMOR, SIMON

Atualizado: 7 de out. de 2021

Os filmes LGBTQIA+ ainda não são tão relevantes no mundo do cinema, e se limitam a filmes denominados cults, ou aqueles que são lançados discretamente, sem muito alarde, e muito menos, nos cinemas. Mas há filmes premiados, como Me Chame Pelo Seu Nome, Moonlight, o clássico O Segredo de Brokeback Mountain e A Garota Dinamarquesa, por exemplo. Outros, passaram despercebidos, como Imagine Eu e Você, e A Garota dos Meus Sonhos, e temos até filmes brasileiros, como o fofíssimo Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, e o polêmico, mas lindo, Do Começo Ao Fim.

Eis que chega, Com Amor Simon, com temática mais adolescente, mostrando a fase mais importante do jovem homossexual, quando se “descobre” gay; ainda que não é regra sair do armário na adolescência. O filme é dirigido por Greg Berlanti, que já tem no seu currículo séries adolescentes, como a ótima Everwood, lançada entre 2002 e 2006, e a recente Riverdale, e é esse um dos pontos fortes do filme: uma história adolescente como outra qualquer, com a maior naturalidade. No elenco estão Nick Robinson, Katherine Langford, Josh Duhamell, e Jeniffer Garner.

Simon (Nick Robinson) é um adolescente como outro qualquer, mas esconde um segredo de todos: ele é gay. Simon acaba descobrindo através de um site que alguém de sua escola também é gay, um garoto que se chamou de Blue, e começa a trocar e-mails com ele. Durante sua busca de aceitação, ele é chantageado por seu colega, Martin (Logan Miller), ameaçando revelar sua opção, causando vários conflitos na sua relação com seus melhores amigos.

Um dos grandes méritos de Com Amor Simon, é tratar a produção como um filme qualquer, é uma comédia romântica como as outras, sobre a descoberta do amor na adolescência, porém, o protagonista é homossexual. Baseado no livro “Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens”, tem todos os elementos de um filme adolescente: romance, dramas, descobertas, conflitos, amizade, tudo mostrado naturalmente, em uma produção repleta de carisma e sensibilidade. A história de Com Amor Simon é simples, não tem nada de inovador ou diferente, mas envolve o espectador com seus personagens e suas histórias bem desenvolvidas, situações embaraçosas, e claro, pelo drama do protagonista e as confusões que ele se mete. Tem ainda, um jogo de adivinha, onde ele tenta descobrir quem é o misterioso Blue, o jovem que também esconde a sua identidade e por quem Simon se apaixona.

A forma que a produção aborda a descoberta da homossexualidade, é natural e muito divertida, ainda que fuja um pouco da realidade de muitos jovens gays, como a aceitação dos pais, que no filme tudo ocorre bem, e nem sempre é assim; mas claro, o foco não é esse. Há muitos méritos para o filme de Greg Berlanti, e só pelo fato de a produção ter um lançamento mais comercial, já é um importante passo para a comunidade LGBTQI+, já que muitas pessoas conhecerão o filme.

Com Amor Simon não cria personagens perfeitos, todos tem defeitos e medos, incluindo o protagonista, e seus atos podem afetar todos presentes ao seu redor, e não seria um sucesso se não fosse pelos seus personagens cativantes. Começando por Nick Robinson, que interpreta Simon. Conhecido por ser o “garoto de Jurassic World”, o ator faz o papel com a maior facilidade possível, convencendo espectador a abraçar o seu drama. Em entrevistas, o ator disse que o filme o ajudou a se aproximar de seu irmão, que se assumiu gay na mesma época do lançamento. A amizade e os problemas presentes no grupo de amigos de Simon, Leah (Katherine Langford, da série 13 Reasons Why), Abby (Alexandra Shipp) e Nick (Jorge Lendeborg Jr.) se desenvolve de forma sincera, com uma ótima sintonia entre os atores, deixando a gente com vontade de estar entre eles. Entre os jovens protagonistas, ainda tem Logan Miller, que faz um antagonista que, apesar do que ele fez, é possível não o odiar por completo, além de Miles Heizer, também da série 13 Reasons Why e Keiynan Lonsdale. Na parte dos adultos, tem os pais amorosos de Simon, Jack (Josh Duhamell) e Emily (Jennifer Garner), em papeis carismáticos e divertidos.

No desfecho da produção, é revelado quem é misterioso Blue, em uma cena fofíssima e divertida, terminando de uma forma incrível e nostálgica, sendo quase que impossível não se emocionar. Com Amor Simon trata a descoberta da homossexualidade de uma forma simples e honesta, se tornando uma produção comovente e envolvente, com sua trama divertida, simpática, e lembrando muitos os filmes adolescentes dos anos 80. Muitos podem não entender, mas a importância de um filme assim é extremamente relevante para o mundo atual. Com Amor Simon é um filme maravilhoso e cativante.