Léo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav De Waele), ambos de 13 anos de idade, são melhores amigos que estão sempre juntos, brincam juntos, dormem juntos, tem sonhos parecidos, apoiam um ao outro, riem e fazem coisas idiotas, tem uma grande cumplicidade; estão sempre grudados. Mas após o início das aulas, tudo começa a estremecer: seus colegas acham que eles são namorados – mesmo dizendo que são só melhores amigos -, mas esse preconceito ridículo é o suficiente para que a amizade deles comece a chegar ao fim. E isso pode trazer consequências graves. Essa é o drama central de Close, produção da Bélgica dirigida por Lukas Dhont que está indicada ao Oscar de Melhor Filme Internacional no Oscar desse ano. Close aborda o forte vinculo de amizade entre dois garotos de uma forma pura e inocente, falando sobre homofobia e problemas psicológicos, mas acima de tudo, os sentimentos de culpa e perda. Émilie Dequenne, Igor van Dessel, Léa Drucker, e Kevin Janssens estão no elenco.
Sincero e emocionante, Close foca mais nas imagens e nas reações dos personagens, do que nos diálogos em si; tanto é que em vários momentos eles chegam a ficar quase um minuto em completo silencio. A trama e o conflito são construídos de forma mais lenta, mostrando o vinculo que Leo e Rami tem um com outro, e essas cenas cativam o público de uma forma incrível. Em nenhum momento o filme confirma que os dois garotos são gays ou bissexuais, muitas vezes pode até parecer, mas é por causa da nossa malicia e próprio preconceito que achamos. Repare que na primeira parte os cenários são mais coloridos, mais ensolarados e alegres, e não é por acaso, já que esses são os momentos mais felizes da trama. Tudo é mais bonito, leve, e com muito amor, e no final de tudo, são esses os momentos que queremos estar presentes.
Sem muitos rodeios, a amizade deles começa a estremecer: seus colegas têm outro olhar em relação a amizade deles, mais maliciosa, e em tons de piadinhas e risadas todos acham que eles são namorados. Léo começa a se afastar de Remi para não acharem que estão juntos, entrando a questão da masculinidade e o que os seus colegas de aula podem achar dessa relação. A partir daí tudo fica mais angustiante e sem vida, os cenários começam a ficar mais frios, a trama começa a ficar mais pesada, e a tristeza toma conta do espectador ao presenciar esse lindo vínculo entre eles terminando aos poucos. Lukas Dhont pega o espectador de surpresa com algumas reviravoltas na trama, sem apelação e sem mostrar nada, mas o suficiente para fazer a gente se emocionar, e segue assim até o final, impossível de não derramar uma lágrima que seja.
Eden Dambrine e Gustav De Waele estão incríveis em seus papéis, entregando impressionantes atuações que fazem o espectador sentir tudo, desde a pura amizade e o vinculo entre eles até as tristes consequências das suas escolhas. Remi não dá importância para os comentários maliciosos de seus colegas, diferente de Léo que tem uma reação oposta e começa a se afastar de seu melhor amigo, e a falta de uma conversa sincera sobre esses sentimentos pode ser um caminho sem volta. O trágico fim dessa amizade acaba afetando também seus familiares, ainda que o roteiro não foque muito neles, e sim em Léo e Remi. Entre eles se destaca Sophie, mãe de Remi, mostrando a reação dela com Léo sobre esse término precoce; bem tocante.
Close é um filme simples e honesto sobre os vínculos da amizade na infância entre dois garotos, sobre escolhas, perdas, e de certa forma, sobre homofobia e preconceito, já que o sentimento que eles tinham um pelo outro é visto com olhares maldosos. O diretor Lukas Dhont, que também assinou o roteiro criou um poderoso e envolvente drama sobre o carinho entre dois amigos, e o triste resultado que o preconceito pode impactar na vida de quem sofre. Close é sensível e emocionante.
CLOSE
Ano: 2023
Direção: Lukas Dhont
Duração: 105 min
Elenco: Eden Dambrine, Gustav De Waele Émilie Dequenne, Igor van Dessel, Léa Drucker, e Kevin Janssens.
NOTA: 9,0
Disponível na MUBI
コメント