CRÍTICA | CINQUENTA TONS DE CINZA

Atualizado: 3 de nov. de 2021

Um dos filmes mais esperados do ano, Cinquenta Tons de Cinza é também um dos mais polêmicos dos últimos tempos, e está causando o maior alvoroço no mundo todo. Também não é para menos, o filme é uma adaptação do livro de mesmo nome, que conta a história de uma jovem que conhece um milionário com uma fantasia sexual envolvendo sadomasoquismo, que é contada nos mínimos detalhes pela personagem. O grande problema aqui é a expectativa que todos tinham, e por isso que o filme está sendo muito criticado na mídia. Dirigido por Sam-Taylor Johnson, o filme tem no elenco Jamie Dornan, Dakota Johnson, Luke Grimes, Rita Ora e Marcia Gay Harden.

Anastasia Steele (Dakota) é uma tímida e inocente jovem estudante de literatura que vai entrevistar o milionário Christian Grey (Jamie), onde eles acabam se apaixonando um pelo outro, e entram em uma intensa relação. Porém, a diferença aqui é que Christian tem um gosto bem diferente: ele é adepto do BDSM (bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo), e isso pode atrapalhar a relação dos dois, já que Anastasia é mais romântica, tímida, e claro, virgem.

A produção começa como um típico romance, mas bem mais interessante do que muitos outros filmes do gênero. Aos poucos, eles vão se conhecendo, e mesmo sendo bem diferentes, acabam se entregando a atração que sentem um pelo outro, e na segunda parte, aparece o sexo explícito e a fantasia sexual de Christian. Um dos pontos mais criticados são as poucas, e curtas, cenas de sexo que o filme mostrou, situação muito diferente do livro. As cenas são bem elaboradas e bem eróticas, mas românticas, que contradiz com toda a polemica que falavam; no livro, o erotismo é maior. O sexo explícito e o sadomasoquismo estão presentes, assim como a sensualidade e o erotismo, e mesmo mostrando poucas cenas de sexo, elas funcionam bem com o tom mais romântico que o filme acaba tendo.

Jamie Dornan é o misterioso e sexy Christian Grey, que acaba se revelando um sadomasoquista, e ele consegue passar toda a sensualidade e mistério, mesmo não tendo muita expressão facial, causando suspiros nas pessoas e gritos no cinema quando ele tira a camisa. Diferente da falta de expressão de Kristen Stewart na saga Crepúsculo, aqui é necessária essa falta, já que o personagem precisa ser mais sensual para convencer, e realmente consegue; Jamie se sente à vontade nas cenas de nudez. Dakota Johnson é a tímida e inocente Anastasia, que não tem nada de sensual, mas tem um carisma enorme, e a atriz passa isso perfeitamente para o espectador; mas confesso que a inocência dela chega a irritar as vezes.

Um dos maiores desafios para adaptar um romance, é encontrar um casal de atores que tenham uma sintonia entre si, e por sorte, Jamie e Dakota conseguem ter uma química ótima em cena. O quarto vermelho de Christian é visualmente amedrontador, nos deixando curiosos com tudo, mas quando ele vai usar seus brinquedinhos, deixa a desejar bastante, se limitando a apenas amarrar Anastasia e bater nela com chicotes. Faltou chocar o público com as cenas picantes, da mesma forma como o livro fez. São cenas sensuais e eróticas, mas era esperado mais, com todo o falatório sobre isso.

A produção tem mais romance do que deveria, e talvez vai deixar os fãs um pouco decepcionados: para um filme romântico, tem bastante cenas de sexo explícito, mas o livro não foi vendido só como romance, e a expectativa era de um filme mais erótico. Instinto Selvagem, Os Sonhadores, Mata-me de Prazer, 9 1/2 Semanas de Amor, por exemplo, mostram muito mais e deram certo. A história é repleta de clichês, mas o contexto do filme pede isso: temos a jovem virgem, inocente e trabalhadora, que conhece um cara rico, se sentem atraído um pelo outro, e acabam se apaixonando e vivendo um romance de contos de fadas. Mas o cara tem um problema pessoal, o sadomasoquismo, e isso afetará a relação dos dois. Nada disso estraga em nada o filme, que conta até com uma dose de humor na medida certa.

A grande polêmica em torno do filme é o homem que domina a mulher e bate nela, retratando a violência. O BDSM não é um crime, e sim uma fantasia sexual onde a mulher é submissa ao homem, mas está ciente do que está fazendo, ou seja, ela gosta disso. No filme, o sr. Grey diz que ela pode desistir a qualquer momento, e ainda, que ela pode dizer se está doendo demais. Ela tem consciência do que está fazendo, e a partir daí, se torna uma fantasia sexual.

Cinquenta Tons de Cinza é um filme incompreendido e injustiçado por causa da expectativa que todos tinham, mas está longe de ser um filme ruim. Faltou mais ousadia no filme, o que deu a impressão de ser um romance hollywoodiano com cenas de sexo fofas do que um filme erótico, como havia sido anunciado, mas tem seu glamour e promete causar suspiros e divertir o público. Vale lembrar que o filme é adaptação do primeiro livro da série, então, não espere por um desfecho explicando muita coisa, e os créditos vão surgir na tela quando menos você esperar.